O empate de
Palavra de quem escreveu logo após a derrota na estréia na fase final ante o Noroeste, em Bauru, que o time chegaria à Série A do Campeonato Paulista. Convenhamos que é preciso ter coragem, ser louco de pedra ou então entender um mínimo de futebol para produzir aquela projeção. A fase final é curta, de apenas seis rodadas, e quem começa perdendo geralmente se dá mal. O São Bernardo só perdeu para o Noroeste porque era tão superior que estava insatisfeito com o empate. Descuidou-se e se deu mal.
Embora não tenha visto grande parte dos jogos da Série B Paulista (desprezada pela TV e muito mal cuidada pela mídia impressa e digital) não tive dúvidas em apontar o acesso do São Bernardo à Série A quando assisti ao jogo com o Noroeste. A diferença era marcante entre duas equipes finalistas. Mais que isso: como empreendera recuperação extraordinária na fase classificatória, depois de perder cinco jogos seguidos, a conclusão era simples e direta no sentido de que a equipe estava muito adiante dos demais concorrentes quando o campeonato se afunilou.
Superioridade evidente
O jogo de sábado
O técnico Luciano Dias chegou logo após cinco derrotas seguidas da equipe na primeira fase da competição e é uma promessa que poderia ser observada com mais atenção por clubes de divisões superiores. Não é fácil trabalhar num São Bernardo de dirigentes passionais como a maioria, com o agravante de que participam diretamente dos resultados financeiros de uma agremiação empresarial. Quando apenas a paixão diretiva entra em campo já é problema. Quando paixão e dinheiro se acumulam, a gestão de um grupo de jogadores vira desafio. Luciano Dias parece lidar bem com essa atmosfera potencialmente explosiva.
Como o calendário é escasso às equipes excluídas de competições nacionais, o segundo semestre torna-se quase inútil. O São Bernardo e tantas outras equipes estão fora das divisões nacionais e por isso não têm o que fazer nos próximos meses. A desmontagem do grupo de jogadores é um desastre anunciado. Luciano Dias teria possibilidades de melhorar o rendimento para o time entrar na Série A do Campeonato Paulista muito mais fortalecido.
Ao São Bernardo sobram empenho, determinação e tudo que se espera de um time combativo sem a bola e razoavelmente lúcido com a bola. Mas há buracos a corrigir. Como o ímpeto constante que poderia ser entremeado por um controle tático mais suave em determinados trechos de um jogo, evitando-se desgastes físicos exagerados. Desgastes físicos que provocam queda de rendimento coletivo, como mais uma vez se verificou no segundo tempo de sábado
Problemas ofensivos
As deficiências individuais do São Bernardo estão concentradas no sistema ofensivo. Danielzinho e Ricardinho foram mais uma vez escalados como pontos de convergência ofensiva de uma equipe que se utiliza de dois volantes e de dois articuladores do meio de campo com interessante poder de mobilidade. Sem contar os laterais/alas, sempre bem explorados em triangulações pelas beiradas do campo. Aliás, esse é o ponto forte do time de Luciano Dias. Quem deixar os laterais/alas do São Bernardo à vontade, organizando o jogo juntamente com os meio-campistas Leo Costa e Bady, tem tudo para se dar mal. O União Barbarense não se deu conta disso. Como o São Bernardo deixou o lado esquerdo da defesa exposto aos avanços do ala. Por ali saiu o gol do adversário, mesmo após o técnico Luciano Dias ter reforçado a marcação com a entrada de Zé Forte à frente da zaga e de um terceiro zagueiro, Max.
Já os atacantes Danielzinho e Ricardinho são almas gêmeas de improdutividades mascaradas por incessante participação individual que incomoda os zagueiros. Eles erram demais nas conclusões e nos passes. Tanto Danielzinho como Ricardinho rifam demais a bola em momentos que se exige mais reflexão que impetuosidade. Danielzinho provavelmente jamais vestirá a camisa de um time médio-grande por tempo razoável. Ricardinho parece menos perdulário com a bola nos pés mas tem dificuldades, como Danielzinho, para atuar no comando do ataque. Eles são atacantes a ser explorados em velocidade e, portanto, precisam de espaços para aparecer. A diferença entre eles é que Danielzinho é mais esperto e faz parte daquele agrupamento de atacantes que se lançam ao gramado à aproximação adversária.
Somente uma zebra
De qualquer modo, mesmo com o intervalo contraproducente do calendário nacional o São Bernardo provavelmente se dará bem no próximo Campeonato Paulista se reagrupar a quase totalidade do time base da Série B Paulista. O rebaixamento no ano passado foi uma lição a ser mantida na memória. A Série A Paulista exige pelo menos meia dúzia de novos jogadores com experiência na competição.
Salvo uma grande zebra, o São Bernardo vai festejar o título da Série B neste sábado com folga. O União Barbarense representa a média técnica do campeonato. O São Bernardo está bem acima disso. Provavelmente porque conta com um técnico dedicado e pronto a rever conceitos. Como, por exemplo, depois da derrota em Bauru, cuidou um pouco mais do sistema defensivo, não abrindo mão de dois volantes marcadores, e desbravou os caminhos do sucesso sempre com os laterais e dois articuladores prontos para contragolpes rápidos. Luciano Dias aprendeu, antes mesmo dos resultados inesperados na Liga dos Campeões da Europa, que nem sempre o melhor vence e que, portanto, cautela não é sinônimo de covardia. O Noroeste do primeiro jogo do São Bernardo na fase final da Série B foi o Bayern do Real Madri e o Chelsea do Barcelona.
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