Esportes

São Caetano sinaliza nova Série B
torturante se não modificar postura

DANIEL LIMA - 21/05/2012

O São Caetano estreou sábado à noite no Estádio Anacleto Campanella de forma decepcionante na Série B do Campeonato Brasileiro ante uma equipe (ASA de Alagoas) potencialmente do bloco de rebaixáveis. Com três estréias em relação ao time que terminou a Série A do Campeonato Paulista ameaçado de rebaixamento até a penúltima rodada, o São Caetano perdeu de 1 a 0 e deixou um rastro de desconfiança de que seria novamente ameaçado pelo descenso à Série C do Brasileiro, como o foi no ano passado, ao livrar-se apenas na rodada final.
 
Mas, afinal, o que se passa com o São Caetano? Trata-se da imagem fiel do treinador, Márcio Araújo. É um time facilitador das tarefas do adversário porque marca à distância, não tem a competitividade recomendada para uma competição tão difícil e não mantém ritmo de jogo por muito tempo. A instabilidade é a marca registrada. E agravou-se na estréia na Série B porque ficou 34 dias em preparativos. Os reforços Samuel Santos (lateral-direito), Pedro Carmona (meia-armador) e o centroavante Somália acrescentaram qualidade técnica, mas não fizeram muita diferença. O São Caetano foi atropelado pelo ASA, modesto individualmente mas com força de conjunto e determinação muito superiores.
 
É muito provável que a direção do São Caetano não terá outra saída senão trocar de treinador nas próximas rodadas. Ganhar ou empatar jogos que virão com o futebol medíocre de sábado é acumular complicações. Começar mal a Série B é o selo de garantia de que vai passar sufoco nas rodadas finais. O campeonato é um desastre a equipes que insistem em perder tempo. E o São Caetano de Márcio Araújo dificilmente conseguirá desvencilhar-se da desorganização que vem desde o ano passado, quando foi contratado para dirigir a equipe já durante o Campeonato Brasileiro. Nem os 34 dias reservados à preparação foram suficientes para se observar melhora coletiva.
 
A derrota de 1 a 0 para o ASA não foi por acaso. Os laterais alagoanos (principalmente Gabriel, à direita) tiveram ampla liberdade para apoiar o ataque. Sem que o São Caetano se mobilizasse para contê-los (os meias articuladores não participaram de funções defensivas e sobrecarregaram os volantes e os laterais) o ASA foi minando a resistência do adversário. O gol no começo do primeiro tempo foi uma associação de liberalidade demais e mal posicionamento dos zagueiros de área, Gabriel e Eli Sabiá.
 
Embaralhamento numérico
 
A escalação sugeria um São Caetano decididamente ofensivo, mas não é por jogar com laterais que apoiam, dois articuladores agressivos e dois atacantes sempre prontos para incomodar os zagueiros que se tem a segurança de que o jogo será um festival de oportunidades convertidas. Sem mobilidade, sem compactação entre os setores, exagerando nos lançamentos e em uma porção de inconformidades, o São Caetano sucumbiu diante de um adversário mais decidido a reduzir espaços e a contragolpear em velocidade.
 
O
4-2-2-2 preparado por Márcio Araújo converteu-se, de fato, em anacrônico 4-2-4, um desenho obsoleto no mundo do futebol. Possivelmente se tivesse optado por algo como 4-3-2-1 (com três volantes, dois articuladores e um centroavante) a equipe poderia ter um nível de rendimento mais elevado até ganhar confiança e estabilidade durante o próprio jogo, eliminando riscos de contragolpes. Com a vulnerabilidade do 4-2-4 estático de sábado, o jogo desta terça-feira em Florianópolis contra o Avaí poderá ser um desastre. Resta saber se Márcio Araújo não tomará providências para reduzir o potencial estrago.
 
Toda essa numerologia tática, entretanto, não resiste a uma situação mais inquietante: o São Caetano não transmite a menor ideia de que esteja doutrinado a disputar cada jogo como se os três pontos fossem questão importante para ingressar na lista de possíveis demandantes de uma das quatro vagas à Série A do Campeonato Brasileiro. Se existe a idealização de uma campanha vitoriosa, tudo não passa de retórica. A prática é de um time passivo no conjunto e, por isso mesmo, comprometedor ao sucesso de individualidades.
 
O São Caetano de Márcio Araújo provavelmente repetirá o título de campeão da disciplina da Série A do Campeonato Paulista recém-encerrado. Mas isso nada vale na competição, decidida em pontos ganhos como todos os campeonatos de que se tem notícia no mundo esportivo.


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