Esportes

Peso do ASA entra em campo com
São Caetano na derrota para Avaí

DANIEL LIMA - 23/05/2012

O São Caetano voltou a perder por 1 a 0, ontem à noite em Florianópolis contra o campeão catarinense Avaí, mas, ao contrário do jogo de estréia em casa, ante o ASA de Alagoas, fez apresentação mais que razoável. Só perdeu por conta de um erro individual -- uma bobagem de um zagueiro que ao invés de colocar a bola para fora proporcionou um lance fortuito transformado em pênalti. O peso da derrota para o ASA entrou em campo contra o Avaí. O São Caetano jogou  contra o relógio, em busca de um empate recuperador ou mesmo de um lance pontual que garantisse a vitória.
 
Talvez a melhor lição que o São Caetano deva assimilar nesse início de competição é que não é possível dissociar o jogo de anteontem do jogo de ontem e o jogo de amanhã tampouco do jogo de depois de amanhã. Campeonato de pontos corridos é uma maratona que precisa ser planejada com extremo cuidado. A velocidade média garante desempenho satisfatório. Quando se perde tempo com escorregadelas, é necessário recuperar o terreno em seguida. O percalço ante o ASA impôs condicionalidade de vitória ou empate a qualquer custo em Santa Catarina contra um adversário muito mais qualificado que o time alagoano e concorrente sério a uma das quatro primeiras colocações, que dará direito à Série A no ano que vem.
 
A pressão que virá agora por conta de novo tropeço impõe mais complicações ao rendimento do grupo. É nesse momento que os reparos técnicos e táticos devem ser intensificados. Está mais uma vez evidenciado que ao São Caetano não faltam valores individuais. O fosso profundo entre o futebol apresentado ante o ASA e o Avaí não é um acontecimento aleatório. É uma constante o desequilíbrio de qualidade aplicada ante equipes menos nobres e adversários mais badalados. Enfrentar o Bragantino na próxima rodada, no Estádio Anacleto Campanella, será um teste para os nervos. O adversário é extremamente competitivo, bem treinado e especialista em contragolpes.
 
Poucos
espaços
 
No jogo de ontem em Santa Catarina o São Caetano foi um time competitivo no sistema defensivo, mas ainda não tem o encaixe e a embocadura indispensáveis no sistema ofensivo. Diferentemente do jogo de estréia, quando o time alagoano teve todas as facilidades para construir contragolpes, desta vez o São Caetano não deu espaços ao adversário. A escalação de três volantes (Moradei, Augusto Recife e Anselmo) fechou a entrada da área e as laterais. O Avaí não tinha liberdade para atacar pelas extremas e os dois meias talentosos, Cleber Santana e Robinho, não respiravam sem sentir o hálito dos volantes. Restavam os cruzamentos bem aparados pela defesa e os chutes de longa distância, sem risco para Luiz.
 
O São Caetano defendia bem mas raramente encontrava brechas para atacar com contundência também porque o Avaí não se descuidava.  Marcelo Costa e Pedro Carmona davam boa movimentação ao meio de campo do São Caetano, mais à frente dos três volantes, marcavam a saída de bola de laterais e volantes do adversário, mas não conseguiam aproximação com o centroavante Somália, isolado à frente e também com a atribuição de fazer o papel de pivô ao aparar passes e lançamentos para quem vinha de trás. Com tantos cuidados de marcação, era natural que o jogo fosse econômico em emoções. O Avaí tinha a posse de bola mas o São Caetano, mesmo com limitações, chegava mais próximo da área. A melhor oportunidade foi desperdiçada por Marcelo Costa que, livre, chutou cruzado contra o corpo de um zagueiro.
 
Um erro fatal
 
O Avaí voltou com mais velocidade no segundo tempo, principalmente pela esquerda com Pirão, que vinha atuando de volante e foi deslocado à lateral/ala com a entrada de Diogo Orlando no meio de campo e a saída de Aelson. Em 22 minutos o campeão estadual organizou três jogadas fortes, duas das quais desperdiçadas em chutes mal executados e uma a exigir boa defesa de Luiz e um pé da trave salvador.
 
Mesmo com o Avaí mais ativo e mobilizado a ocupar espaços que o São Caetano cedia à medida que Pedro Carmona e Marcelo Costa afrouxavam a marcação no meio de campo, o empate parecia possível. E a vitória também, porque aos 19 minutos o mais agressivo Ailton substituiu o cansado Marcelo Costa na tentativa de Márcio Araújo aproximar um ponta de lança de Somália. Mas foi aí que o zagueiro estreante Wagner (que substituiu um sempre eficiente Eli Sabiá) rebateu mal uma bola que poderia jogar para a lateral, e a sobra acabou na pequena área, dividida pelo zagueiro Gabriel e o centroavante Ronaldo Capixaba. O deslocamento do corpo do atacante foi punido com pênalti que Cleber Santana chutou de forma praticamente indefensável: forte, rasante, no canto.
 
Gol sofrido, o técnico Márcio Araújo fez duas substituições esperadas e acertadas para levar o São Caetano ao ataque: saiu o cansado Somália para a entrada de Leandrão e saiu o terceiro volante Anselmo para a entrada de Geovane, um meia ofensivo. O jogo mudou de configuração, invertendo-se os papéis: o São Caetano no ataque e o Avaí no contragolpe. O resultado se manteve porque faltou um zagueiro do Avaí repetir a bobagem de Wagner, do São Caetano.


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