Não é demasiadamente prematuro identificar um novo São Caetano naquele time que ontem à noite (e nos dois jogos anteriores sob o comando de Sérgio Guedes) enfrentou o líder América Mineiro pela Série B do Campeonato Brasileiro. O Azulão dominou completamente o vice-campeão mineiro no Estádio Anacleto Campanella. O resultado de
O intervalo de 10 dias entre o jogo de ontem à noite e o próximo compromisso do São Caetano (sexta-feira da semana que vem ante o América de Natal, também no Anacleto Campanella) deverá fortalecer ainda mais o grupo. Sérgio Guedes é desses profissionais incansáveis na preparação da equipe. E também na motivação.
O América sentiu o peso da reconstrução do São Caetano no Campeonato Brasileiro. Tanto que só teve o controle do jogo, mesmo sem grandes ameaças, durante os primeiros 15 minutos. Depois, só deu São Caetano. Quatro defesas espetaculares do goleiro Neneca e duas bolas na trave do centroavante Leandrão resumem o quase massacre a que foi submetido o time mineiro. Um massacre mais tático que espetaculoso. Um massacre de inteligência organizacional ante um adversário agudíssimo nos contragolpes que o São Caetano soube neutralizar.
Crescer muito mais
Ainda é muito cedo para projeções, mas a contar com a melhora constante do São Caetano desde a chegada de Sérgio Guedes e também levando-se em conta a disponibilidade de banco de reservas para manter e mesmo elevar o padrão técnico-individual e coletivo, não é exagero sugerir que o time pode disputar uma das quatro primeiras colocações na temporada.
Havia muito tempo não se via o São Caetano apresentar evolução em três jogos seguidos. Com Márcio Araújo e antecessores, a equipe ganhava a irregularidade previsível de uma montanha-russa, com picos e vales assustadores e constantes. As vitórias ante o Bragantino e o ABC de Natal e o empate de ontem à noite foram a cereja do bolo de um Azulão mais participativo, com maior volume de jogo, mais indigesto na marcação em todos os cantos do gramado e também mais insinuante no ataque.
A posição ainda discreta na classificação deverá contribuir para o São Caetano seguir em recuperação porque não despertará grandes cautelas dos adversários. Mas a dar continuidade aos resultados é possível que comece a despertar inquietação. Essa é uma etapa que deve ser preventivamente observada. As opções táticas devem pegar os adversários de surpresa, como ontem à noite. Multiplicidade de alternativas não faltaria ao São Caetano. O básico vem sendo instaurado pelo técnico Sérgio Guedes. Um time forte na marcação e razoavelmente criativo no ataque. É preciso apurar a bateria defensiva e o arsenal ofensivo. Tudo é uma questão de tempo.
O gol de Nei Paraíba aos 49 minutos do segundo tempo ao apanhar um desvio em cobrança de falta de Gabriel na entrada da área explicita uma das alternativas que o técnico Sérgio Guedes utilizou para mudar o resultado desfavorável. A derrota era iminente até que o treinador fez alterações que potencializaram o ataque. Guedes errou ao substituir Eder por Pedro Carmona, porque Marcelo Costa repetia erros de outros jogos e deveria ter sido sacado. Mas em seguida o treinador consertou tudo ao substituir o cansado Moradei pelo mais ofensivo Anselmo e o desgastado e pouco agressivo Marcelo Costa por Nei Paraíba. O centroavante Leandrão ganhou um companheiro especializado em fazer gols, o que obrigou o time mineiro a recuar ainda mais para sustentar o resultado. O gol de empate foi consequência da pressão maior a cada minuto.
Questão de tempo
O restabelecimento da força do São Caetano na Série B do Brasileiro é uma questão de tempo, mas nem tudo são flores, evidentemente. A evolução no jogo de ontem foi evidente na firmeza dos zagueiros de área (Gabriel e Wagner), praticamente imbatíveis (o gol do experiente Fábio Júnior, aos 12 minutos do segundo tempo, resultou de um rebote em jogada isolada), na determinação dos volantes Augusto Recife e Moradei, na melhor ocupação das laterais com as investidas ainda solitárias de Samuel Santos e na maior aproximação, pelo lado esquerdo, entre Diego e Eder, e nas penetrações com e sem bola do centroavante Leandrão. Geovane ainda não encaixou posicionamento como ponta de lança, recuando em excesso, mas sempre carrega letalidade, enquanto Marcelo Costa acabará mais dia menos dia perdendo a posição para o mais habilidoso e inventivo Pedro Carmona.
O resultado final ante o América Mineiro poderia ter sido muito melhor, mas dos males o menor, porque Neneca é desses goleiros que quando estão inspirados, geralmente saem de campo sem sofrer gol algum. O gol de Nei Paraíba, quase a saca-rolhas, foi comemorado tão intensamente que a última imagem do São Caetano exibida pela TV paga é de uma equipe com semblante dos vencedores. Estava na hora de o time médio mais vitorioso do futebol brasileiro neste século voltar a frequentar os 10 primeiros lugares na classificação da Série B para, em seguida, chegar lá.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André