Esportes

Conseguirá o São Caetano voltar à
Série A do Campeonato Brasileiro?

DANIEL LIMA - 13/06/2012

Prestes a completar 200 jogos na Série B do Campeonato Brasileiro (o confronto com o América de Natal nesta sexta-feira no Estádio Anacleto Campanella será de número 196) o São Caetano desperta interrogação mais incisiva nesta temporada de números ainda discretos: conseguirá o time médio mais vitorioso da primeira década deste século voltar à Série A do Campeonato Brasileiro?
 
Está aí uma pergunta que me remete ao topo do muro. Prefiro esperar. A diferença em relação a edições anteriores é que o time preparado para a competição de acesso mais importante do País me tira da desconfiança de que teremos mais um ano de experiência na Série B. Desta feita, até por força da própria maturidade de cinco edições completas, o "em cima do muro" pode ter significado de esperança.
 
Pode parecer bobagem, mas ganhar do América de Natal seria emblemático a uma arremetida importantíssima: o São Caetano engataria uma marcha forte em direção a algo que jamais atingiu na Série B, que é chegar ao registro de 60 pontos ou mais numa temporada. Preferencialmente um pouco mais, que é a marca de corte de quem chega à Série A.



Em todas as edições anteriores, a partir de 2007, o São Caetano flutuou na casa dos 50 pontos. Foram 53 em 2007, 54 em 2008, novamente 54 em 2009, 52 em 2010 e 51 em 2011. Como a competição é levada pelo dinamismo numérico, pontuações semelhantes não asseguram posicionamentos semelhantes. De 10° colocado ao estrear na Série B em 2007 o São Caetano subiu para o nono no ano seguinte, subiu de novo para o sétimo em 2009, caiu para o 10° em 2010 e sentiu o frio na barriga da ameaça de rebaixamento na temporada passada com o 15° lugar.
 
Aprendizado longo


 


O São Caetano já tem um aprendizado de Série B que não lhe permite experimentos. Sem chegar a um pouco mais de 60 pontos na classificação final dificilmente comemorará o acesso à Série A. Por isso, a trajetória traçada pelo técnico Sérgio Guedes, que bate incessantemente na tecla da regularidade, não pode sofrer variações comprometedoras.
 
Está nas estatísticas que apenas um dos últimos quartos colocados que subiram à Série A desde que se implementou o regime de pontos corridos na competição somou menos que 60 pontos. Foi o Vitória da Bahia em 2007, com 59 pontos (aproveitamento de 51,76%). Todos os demais que subiram como quartos colocados romperam a barreira dos 60 pontos: o América de Natal fez 61 pontos (53,51% de aproveitamento) em 2006, o Grêmio Barueri fez 63 pontos (55,26% de aproveitamento em 2008), o Atlético Goianiense fez 65 pontos (57,02% de aproveitamento) em 2009, o América de Minas fez 63 pontos (55,26% de aproveitamento) em 2010 e o Sport Recife fez 61 pontos (53,51% de aproveitamento) no ano passado.
 
É claro que ao final da sexta rodada do primeiro turno deste ano os 55,55% de aproveitamento que o São Caetano somaria caso vença o América de Natal não assegurariam nada em termos de competição, mas sinalizariam importante medidor de acesso: com essa marca, ou seja, com 55,55% de pontos conquistados, a equipe atingiria marca que lhe serviria de bússola para o restante do campeonato. Afinal, é praticamente impossível deixar de subir com esse índice de produtividade. Está comprovado estatisticamente. Se é por falta de um indexador para orientar o grupo, o técnico Sérgio Guedes teria, ao final do jogo com o América, uma solução explicativa simples. Seria uma espécie de farol a iluminar o terreno que todos terão a trilhar.


 


Marca de corte
 
O São Caetano não subiu nas cinco tentativas anteriores (no ano passado jogou a última rodada para não cair) porque ficou relativamente longe da marca de corte de acesso. Na média geral das cinco edições já completadas pelo Azulão, somando-se também os cinco jogos desta temporada, o índice de aproveitamento chegou a 46,32%. Uma melhora de 20% sobre a média histórica seria suficiente para o acesso. E parece que desta feita, com um elenco mais numeroso, mais homogêneo, mais determinado e mais ambicioso, o São Caetano construiu a plataforma técnica, individual e coletiva para disputar os primeiros lugares.
 
A contratação de Sérgio Guedes, que já passou pelo clube, foi uma decisão acertadíssima. Não só porque tem a marca registrada de entusiasmo motivador como também ocupa um vácuo de certa indolência da comissão técnica comandada por Márcio Araújo. Nos 10 dias que separam o empate em casa com o líder América Mineiro (numa partida em que o São Caetano dominou completamente o adversário) e o confronto com o co-líder América de Natal (que só perde a posição para o homônimo mineiro no detalhismo de saldo de gols), Sérgio Guedes provavelmente acrescentou ao grupo um arranjo coletivo e motivacional providencial, após ter assumido e dirigido a equipe sem tempo para grandes reparos.
 
A expectativa de que Sérgio Guedes dê muito mais que um polimento na equipe deixada por Márcio Araújo, já que havia necessidades de intervenções cirúrgicas dentro e fora de campo, embala a projeção de que o São Caetano seguirá na competição sem oscilações das temporadas anteriores, quando disputou, contando também os cinco jogos deste ano, um total de 195 partidas na Série B, com 70 vitórias, 61 empates e 64 derrotas, marcando 269 gols e sofrendo 238. Convenhamos que os números gerais não animam. É esse ritual discreto que precisa ser rompido entre outras razões porque sugeririam que o São Caetano não estaria conseguindo somar aprendizado. Já houve tempo de sobra para a equipe ganhar mais musculatura. É o que parece que finalmente está ocorrendo.
 
O futebol mudou muito nos últimos anos. Fortaleceram-se em receitas os grandes clubes de capitais, em detrimento dos demais. Mas não é por isso que o São Caetano deve desistir de retomar os bons tempos. Mesmo que os bons tempos não sejam necessariamente semelhantes.


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