Esportes

São Caetano do ziguezague em
campo e da estabilidade produtiva

DANIEL LIMA - 04/07/2012

Se o pragmatismo dos resultados for colocado em primeiro plano, o São Caetano não tem do que reclamar depois de passadas nove rodadas da Série B do Campeonato Brasileiro: soma 55,55% dos pontos disputados, produtividade que estatísticas garantem lugar entre os quatro primeiros colocados, com direito ao acesso à Série A. Por enquanto, essa margem não coloca o time do técnico Sérgio Guedes entre os quatro primeiros (está em quinto) mas sinaliza uma estabilidade numérica que ainda não reproduz em campo. O São Caetano mostrou mais uma vez, apesar da vitória de 1 a 0 ante o Guaratinguetá, ontem à noite, que é capaz de sair do inferno e dirigir-se aos céus em pouco tempo.
 
O ziguezague de rendimento no Vale do Paraíba, réplica da maioria dos jogos até agora, colocou o São Caetano à beira de uma derrota fulminante nos primeiros 15 minutos do primeiro tempo, e o alçou à condição de definir o placar antes que se completassem 15 minutos do segundo tempo. No final, o resultado manteve o risco de um eventual gol do adversário, mas não deixou de ser justo: o São Caetano tem mais talentos, preparação física e determinação que o adversário, entregue à zona de rebaixamento.
 
O que preocupa o São Caetano é a persistente vocação a negligenciar a competitividade nos primeiros 15 minutos de cada jogo. Em Guaratinguetá não foi diferente, com agravante: em apenas um terço da primeira etapa a equipe de Sérgio Guedes impediu que o adversário controlasse o jogo. Por isso, quando do balaço parcial da etapa, o Guaratinguetá consumara seis oportunidades de gols, metade das quais de alto risco, e o São Caetano viveu de um ou outro contragolpe sem contundência.
 
Nada surpreendente esse retrospecto do primeiro tempo, porque o São Caetano se perdia num 4-2-3-1 inoperante. Os volantes Augusto Recife e Moradei encontravam dificuldades para cobrir as laterais, espaço preferencial do adversário. Os meias Eder e Marcelo Costa não conseguiam se livrar da marcação e distanciavam-se de um Geovane estático pela direita e um Leandrão mais avançado e isolado entre os zagueiros. O Guaratinguetá mobilizava-se pelas laterais, principalmente por contar com deslocamentos frequentes de Leandrinho, seu melhor e mais contundente atacante.
 
Um novo tempo
 
Sérgio Guedes não esperou demais para mudar o São Caetano, o que é praxe da maioria dos treinadores brasileiros. Já no intervalo substituiu Geovane e Leandrão por Danielzinho e Somália. Poderia ter optado pelas trocas de Eder e Marcelo Costa, porque têm reservas à altura. Qualquer mudança que fizesse representaria melhora porque seria praticamente impossível repetir os erros e o anestesiamento ofensivo do primeiro tempo.
 
Bastaram a Danielzinho e a Somália vontade e inteligência para se enfiarem entre zagueiros, volantes e laterais, para o Guaratinguetá sofrer reviravolta no andamento do jogo. Somália recuava com sabedoria e se posicionava entre os zagueiros e os volantes. Danielzinho procurava todos os espaços livres e os fabricava também com intensa movimentação. A mobilização alterou o comportamento dos meias Eder e Marcelo Costa, mais ativos e participativos. E os laterais passaram a ultrapassar com mais frequência a metade do campo ofensivo.
 
Aos poucos o São Caetano imobilizava o Guaratinguetá. Não demorou mais que oito minutos para uma falta na entrada da área em Somália transformar-se em chute certeiro na cobrança de falta de Eder. Estava garantida a abertura do placar. Três minutos depois, Danielzinho penetrou para dominar um lançamento comprido e foi derrubado por um goleiro em pânico. Somália bateu o pênalti como quem recua uma bola para a defesa de uma criança. O goleiro não teve dificuldade alguma para apanhá-la.
 
Sorte do São Caetano que, mesmo com todas as alterações, o Guaratinguetá do técnico Pintado não encaixava nem marcação e muito menos penetração. O São Caetano sobrava fisicamente e não perdia o ímpeto ofensivo. Mesmo que isso representasse a exposição de deficiências que ainda podem ser minimizadas para o restante do campeonato: os laterais devem ser mais bem explorados em combinações coletivas, Danielzinho insiste em desencantar na medida em que se aproxima da área, perdendo oportunidades demais para arremates, e os meias Marcelo Costa e Eder podem revezar-se mais nas infiltrações centrais e laterais em vez de permanecerem quase todo o tempo preocupados com articulações.
 
Com novos 10 dias de preparação até o próximo compromisso (é o terceiro período de intervalo desde a chegada de Márcio Guedes) o São Caetano tem obrigação de reduzir a distância que separa a competitividade numérica rumo ao acesso, expressa nos 55,55% de aproveitamento (15 pontos em 27 disputados) da regularidade técnico-tática asseguradora dessa viabilidade no decorrer da competição.


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