Depois de 10 rodadas do primeiro turno, 18 pontos ganhos e a quinta colocação na classificação geral, o São Caetano chegou a um estágio desafiador na Série B do Campeonato Brasileiro: precisa começar a dar um salto de qualidade ofensiva para consolidar a possibilidade de chegar à Série A em 2013. Trata-se de um desafio e tanto, depois dos ajustes defensivos que colocam a equipe do técnico Sérgio Guedes como a melhor defesa da competição, com apenas oito gols sofridos.
Melhor defesa é expressão antiquada, porque futebol é resultado da associação de sistema defensivo e sistema ofensivo. O São Caetano tem sistema defensivo que longe de ser brilhante se fortalece na competição. Ainda há buracos a corrigir, mas o engajamento do grupo de jogadores na contração de espaços é patente, embora ainda exponha descuidos.
Há vazios em determinados períodos dos jogos que transformam os zagueiros de área, principalmente, em salvadores da pátria. Quando não o goleiro. Foi assim, por exemplo, na vitória de
Como será em Fortaleza?
O que será do São Caetano na noite desta terça-feira no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, ante um Ceará sempre motivado pela torcida? A expectativa é que o sistema defensivo siga a funcionar e o sistema ofensivo crie mais situações e seja mais letal porque os 12 gols marcados em 10 rodadas não são uma boa média. Todos os quatro times à frente na classificação marcaram muito mais vezes e os dois imediatamente abaixo também são mais efetivos. Até o ABC de Natal, na zona de rebaixamento, fez mais gols.
O técnico Sérgio Guedes está invicto desde que chegou ao São Caetano, na terceira rodada. Foram cinco vitórias e três empates. Há melhora sensível mas ainda abaixo do potencial de um time que sonha com o acesso. O sistema defensivo ainda acusa problemas de marcação e cobertura na lateral-direita, onde o titular Samuel Santos é mais ofensivo. Também há descuidos à esquerda, onde o lateral Diogo esbanja boa fase como apoiador por dentro ou pela extremidade, mas nem sempre conta com o apoio de um meio-campista ou atacante para socorrê-lo dos avanços do lateral adversário.
O que não tem faltado ao São Caetano é a dedicação plena e incansável dos volantes Moradei e Augusto Recife. Ambos são responsáveis principais pela combatividade no meio de campo e até arriscam infiltrações ofensivas. A dificuldade defensiva da equipe de Sérgio Guedes é que os adversários estão dentro de um figurino que vale em todas as divisões do futebol brasileiro: os laterais estão avançando cada vez mais e mesmo o segundo volante desgarra-se rumo ao campo adversário. Com isso, se atacantes e meia-articuladores não estiverem permanentemente ligados na saída de bola, as complicações se acentuam. E nem sempre os meias e os atacantes do São Caetano se dão conta disso. Já melhoraram bastante em relação aos tempos do técnico Márcio Araújo, mas ainda pecam. Principalmente nas costas do lateral Samuel Santos.
Também inquieta quem quer ver o São Caetano de volta à Série A a repetição de inconstância de produção. A equipe ainda não sustenta ritmo semelhante durante todo o jogo. O primeiro tempo ante o Joinville não foi brilhante, mas seguro. O São Caetano teve o controle do jogo, marcou o gol da vitória com Marcelo Costa batendo pênalti aos 21 minutos, mas se perdeu no segundo tempo.
A marcação adiantada da defesa, que assegurava maior compactação entre os setores, ruiu no segundo tempo quando o adversário reduziu os espaços no meio de campo. Sem liberdade e sem mobilidade, o São Caetano passou a viver das chamadas ligações diretas, da defesa diretamente ao ataque. Para complicar ainda mais, o técnico Sérgio Guedes substituiu equivocadamente o centroavante Leandrão mas, em seguida, corrigiu, introduzindo Somália no setor. Mesmo assim o São Caetano reagiu pouco. O sistema ofensivo entrou em convulsão com a forte marcação do Joinville e os zagueiros do São Caetano foram empurrados cada vez em direção à linha de fundo.
Uma nova postura?
A irregularidade defensiva dos dois meias de ligação (Éder e Marcelo Costa) e também dos meias-atacantes (Geovane e Leandrão) e de seus respectivos substitutos é um buraco a ser tapado com treinamentos. É verdade que Leandrão e Geovane movimentaram-se muito mais no primeiro tempo do jogo de sábado do que no jogo anterior no Anacleto Campanella, quando foram substituídos no intervalo. Uma prova de que o banco de reservas com Danielzinho e Somália para as funções é o melhor dos remédios contra eventual apatia.
Talvez o armador Pedro Carmona seja o reforço de que o meio de campo precise para ganhar mais ritmo, mais cadência, mais cérebro na organização geral da equipe. É pelo setor do meio de campo que passará a resolução do São Caetano rumo ao amadurecimento ofensivo, sem o qual o acesso será apenas um projeto.
A perspectiva de terminar o jogo desta terça-feira no G-4, o grupo dos times que subirão à Série A, revela o quanto o São Caetano tornou-se mais forte nesta temporada da Série B, depois de ameaça de rebaixamento na Série B do ano passado e na Série A do Campeonato Paulista deste ano. Quem sabe se inicie uma nova fase de competências ofensivas sem as quais o G-4 seria apenas um momento fugaz numa competição longa, cansativa e exigente.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André