Nove jogos depois, não há risco em afirmar que o técnico Sérgio Guedes mudou a cara e o espírito do São Caetano. O estilo guevariano enterrou o viés gandhiano legado pelo antecessor Márcio Araújo. Ou seja: o São Caetano é um time ainda a se completar taticamente mas com empenho guerreiro que ajuda a garantir a quinta posição na classificação geral depois de 11 rodadas.
O empate de
Esperar que o São Caetano seja rapidamente um time estruturalmente completo na principal competição de acesso do País talvez seja exigir demais porque a mecânica do entrosamento é demorada. Por isso, ainda os resultados são mais importantes nessa altura do campeonato. A dedicação plena dos jogadores tem peso prevalecente. Suportar a pressão do Ceará ante um público sempre participativo é para poucos.
O São Caetano segurou bem a pressão durante todo o primeiro tempo, sem deixar-se engolfar pela iniciativa ofensiva do adversário. E mesmo no segundo tempo, com 10 jogadores, após a expulsão de Moradei aos dois minutos, o time de Sérgio Guedes não se dobrou à vantagem ocupacional do adversário a ponto de o gol tornar-se iminente.
Poderia ter terminado o jogo com empate de
Tempos distintos
O segundo tempo foi muito mais movimentado que o primeiro por conta da expulsão de Moradei e da obrigatoriedade moral do Ceará lançar-se ao ataque, inclusive com mudanças individuais com influência coletiva. No primeiro tempo o jogo foi mais cauteloso e estudado. Mas enganoso, porque com dois minutos já se contabilizavam um chute perigoso de Eder e um arremate igualmente forte do lateral Eusébio. Parecia que o jogo correria em ritmo frenético, mas o que se viu foi muita marcação em todos os setores, poucos espaços para infiltrações, passes cuidados e muitas infrações.
Não se esperava, portanto, outro resultado no primeiro tempo senão a ausência de gols quando, aos 36 minutos, num rápido contragolpe, a defesa do São Caetano estava adiantada e Leandro Santos foi lançado
A entrega dos jogadores do São Caetano no segundo tempo é um ponto forte que não pode ser minimizado já que a Série B do Campeonato Brasileiro é uma competição em que o peso relativo da dedicação em forma de empenho físico está acima do que se vê na Série A. A bola geralmente rola com mais intensidade e menos intimidade.
O erro do São Caetano em outros tempos de Série B é que imaginava-se imune à correria depois de tornar-se o clube médio mais poderoso da primeira década deste século no futebol brasileiro. A síndrome de Série A parece congelada por Sérgio Guedes, mas precisa ser recuperada pelo menos num aspecto: o sistema ofensivo continua a dever melhor qualidade coletiva. Menos mal que finalmente a equipe encontrou uma solução para momentos delicados: o meia Eder é um exímio batedor de faltas e aparece quando mais a equipe precisa. Os dois gols em Fortaleza são prova disso.
Após 11 rodadas e 57,57% de pontos ganhos, um pouco acima da média histórica (55%) que assegura um lugar na Série A da próxima temporada, o São Caetano segue na expectativa de, finalmente, na próxima rodada, penetrar no clube provisório do G-4, dos quatro primeiros colocados do campeonato. Os jogos desta sexta-feira em casa contra o Barueri e de sábado da próxima semana em Minas com o Ipatinga, equipes frequentadoras da zona de rebaixamento, são ótimas oportunidades a uma arrancada importante, deixando-se o quinto lugar. Até porque não é possível desprezar a realidade dos números classificatórios: há pelo menos 10 equipes semelhantemente preparadas para o acesso.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André