Esportes

Novo desafio do São Caetano é
seguir no G-4 diante de vice-líder

DANIEL LIMA - 30/07/2012

Depois de vencer o lanterninha Ipatinga sábado à noite na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o São Caetano tem na noite desta terça-feira no Estádio Anacleto Campanella o maior desafio até agora na Série B do Campeonato Brasileiro: manter-se no G-4, o grupo dos quatro primeiros colocados que vão subir para a Série A. Qualquer resultado que não seja a vitória colocará em risco o posicionamento, porque o time de Sérgio Guedes poderá ser ultrapassado por pelo menos uma das duas equipes que o perseguem mais diretamente, o Goiás e o América de Natal. Vencer o vice-líder Vitória da Bahia é, portanto, uma questão que supera a matemática. É a própria consolidação da autoestima da equipe -- que saiu da última colocação após as duas primeiras rodadas e engatou 11 jogos sem derrota -- que está em jogo.


 


Para superar o time baiano que é um dos maiores favoritos à disputa da Série A na próxima temporada o São Caetano vai ter de jogar muito mais que o pobre futebol de sábado em Minas Gerais. Foi a pior apresentação da equipe da região desde que Sérgio Guedes assumiu na terceira rodada. O resultado valeu pelo ingresso no G-4 e pela conquista da maior série de invencibilidade do São Caetano na Série B, mas os 90 minutos foram tormentosos. Dois gols iniciados em bolas paradas salvaram a lavoura.


 


Ganhar do Vitória é muito importante não só porque manteria o São Caetano no G-4 além das 72 horas que separam o jogo de sábado e o desta terça-feira. Está em xeque o equilíbrio psicológico do grupo, bem como a capacidade de reagir após oscilar para baixo ante o lanterninha da competição. Aquele futebol contra os mineiros foi uma exceção à regra do São Caetano de Sérgio Guedes, fruto principalmente da indolência de acreditar que a classificação no campeonato seria suficiente para garantir os três pontos. Pois o lanterninha Ipatinga, em crise técnica e financeira, com três meses de salários atrasados, resistiu mais que o imaginado. E faltou pouco para acabar com a série invicta do São Caetano.


 


Baixa concentração


 


O melhor para o São Caetano talvez seja esquecer os 90 minutos em Minas Gerais. Praticamente tudo não funcionou, exceto algumas individualidades. Como o zagueiro Gabriel que, além de dar conta do recado na defesa, ainda participou dos dois gols, o primeiro diretamente, completando quase debaixo da trave um escanteio de Diego que o goleiro não aliviou porque Nei Paraíba, que acabara de entrar, antecipou e tocou de cabeça. No segundo gol, aos 43 minutos do segundo tempo, Gabriel saltou na pequena área para aparar uma falta batida quase na risca do meio de campo por Augusto Recife; a bola, depois de parcialmente defendida pelo goleiro, sobrou para Allan completar às redes.


 


Tanto Nei Paraíba quanto Allan, que entraram aos 28 minutos do segundo tempo, e Geovane, de volta no começo do segundo tempo, não alteraram significativamente o rendimento do São Caetano. A gênese da baixa produtividade técnica e do desconforto tático tem explicação simples: excesso de confiança associado à baixa concentração. O mundo da bola cansa de provar que equipes que subestimam o adversário teoricamente batido dificilmente se organizam quando sentem em campo situações adversas. Com o São Caetano não foi diferente. Tanto que no intervalo do jogo o sempre comedido e experiente Augusto Recife lamentava a baixa combatividade da equipe. Menos mal que Gabriel não constava da lista de autossuficiência, além do próprio Augusto Recife, o jogador mais regular da equipe juntamente com Moradei ao longo das duas últimas temporadas.


 


O jogo com o Vitória da Bahia nesta terça-feira poderá dar uma dimensão mais confiável dos avanços do São Caetano desde a chegada de Sérgio Guedes, algo que transcende os resultados já alcançados porque significa a fixação de estacas com vistas ao futuro na competição. O passado já provou, embora com outros jogadores, que resultados nem sempre são sinônimos de sucesso sustentável. Com Márcio Araújo o time chegou a ficar 10 jogos invictos na Série B do ano passado, desempenho que o livrou do rebaixamento, mas o dia seguinte não foi dos melhores: no Campeonato Paulista deste ano, com o mesmo treinador, o São Caetano correu risco de rebaixamento até a penúltima rodada.


 


Tão importante quanto vencer nesta terça-feira é o São Caetano afastar o fantasma de que retomaria a rotina de sinuosidade de outros tempos, algo que parecia completamente afastado do figurino com que foi moldado por Sérgio Guedes até o jogo de sábado em Ipatinga. A barafunda coletiva de defesa mal-arrumada e a propiciar contragolpes verticalizados do adversário, um meio de campo dividido entre dois marcadores combativos, mas com baixo poder de infiltração, três articuladores demasiadamente estáticos e um centroavante isolado seria fatal ante um Vitória que faz da velocidade nos contra-ataques e da marcação forte os melhores atributos. Um time superior ao Criciúma, líder da competição, porque não depende demais de um único atacante. Como é o caso do time catarinense, refém de Zé Carlos, artilheiro com 16 gols e em estado de graça.


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