Esportes

São Caetano precisa assimilar o
empate para manter regularidade

DANIEL LIMA - 01/08/2012

Tomara que o São Caetano não se deixe levar pela frustração de não ter vencido o Vitória da Bahia ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella (o empate de 0 a 0 foi o resultado mais justo) e tampouco com o deslocamento do G-4, o grupo de quatro equipes que se classificarão à Série A do Campeonato Brasileiro da próxima temporada. A essência do campeonato, em forma de maratona de 38 rodadas que costumam premiar quem tem mais regularidade, quem se organiza estrategicamente melhor para não tratar determinados percursos como síntese da longa jornada, é o que deve prevalecer. Dificilmente o técnico Sérgio Guedes transmitirá outra mensagem ao elenco. Ele sabe que cair para o quinto lugar, depois de fugazes 72 horas entre os quatro primeiros colocados, não pode traduzir-se em desânimo.


 


Mais relevante que o impacto imediato do empate é projetar as mudanças de que o São Caetano precisa para aumentar as possibilidades de voltar ao Clube de Elite do futebol brasileiro. Será uma jornada extenuante, porque a Série B desta temporada, 14 rodadas depois, coloca pelo menos 10 equipes em condições de acesso, duas das quais, o líder Criciúma (35 pontos) e o vice-líder Vitória (32) em avançada escalada. A ausência de um dos 12 times grandes do futebol brasileiro e a aparente consolidação de um grupo de equipes destinadas a lutar contra o rebaixamento tornam a Série B um jogo típico de maratonas -- de paciência e resistência.


 


Depois de ajustar o sistema defensivo da equipe, o menos vazado da competição (apenas 11 gols em 14 jogos), o técnico Sérgio Guedes precisa esculpir mais força ofensiva. O sistema ofensivo do São Caetano é apenas o 12º colocado, com 19 gols assinalados. Muito abaixo do nível de confiança de equipe que perseguirá o acesso de forma factível.


 


Fortaleza e fragilidade


 


O empate com o Vitória mostrou mais uma vez que há imperiosidade para contrabalançar a fortaleza defensiva com objetividade e alternativas ofensivas. As opções de gols de bola parada, em escanteios nos quais os grandalhões zagueiros Gabriel e Wagner aparecem com enorme perigo, ou as faltas sempre bem batidas por Eder, devem ser acessórios. O essencial está em falta.


 


O São Caetano ainda sofre com a baixa produção coletiva do meio de campo para frente.  Dos laterais, Diego é quem mais se apresenta aos meio-campistas e atacantes. Os meias utilizados mais vezes como titulares (Marcelo Costa, Eder e Geovane) têm apresentado pouca mobilidade e tornam previsíveis as jogadas. E o centroavante, seja Leandrão, seja Somália, sente a ausência de companhias para incomodar os zagueiros. Por isso o São Caetano cria poucas oportunidades de gols. Como ontem à noite ante o vice-líder.


 


A expulsão do zagueiro Wagner aos 15 minutos do segundo tempo (ele teve de cometer uma falta para evitar o gol do adversário em contragolpe) acabou por criar uma situação que se confirma como importante alternativa ofensiva ao São Caetano, aplicada em vários jogos mas que pode ser aperfeiçoada: o contra-ataque em alta velocidade.


 


Menos um ajudou


 


Com um jogador a menos o São Caetano criou mais oportunidades de gol do que completo, porque o Vitória sentiu que poderia vencer o jogo e substituiu jogadores que o tornaram mais agressivo. O sistema defensivo do São Caetano suportou bem a pressão, praticamente fechando todos os espaços. Uma cobrança de escanteio que Gabriel cabeceou para fora e um contragolpe veloz aos 47 minutos, que o lateral Samuel Santos traduziu numa cabeça por cima depois de o chute de Pedro Carmona acertar o travessão de Deola, quase mantiveram a equipe entre as quatro primeiras.


 


O que o técnico Sérgio Guedes deve fazer para tentar dar mais agressividade ao São Caetano? É mais que provável que a resposta não está apenas nos treinamentos, mas na substituição de alguns jogadores. Pedro Carmona é um meia de articulação que dá mais qualidade e densidade ao meio de campo, com a vantagem de que finaliza bem e descobre espaços que outros companheiros têm dificuldades de enxergar. Torná-lo titular até para que ganhe ritmo de jogo parece ser medida indispensável. Somália também acrescenta mais alternativas ao ataque do que Leandrão, porque tem mais habilidade e movimentação contínua. O meia Allan, que entrou no jogo com o Ipatinga e fez o gol da vitória, é um reserva de luxo que pode dar nova configuração à equipe. Versátil, pode jogar até mesmo de segundo volante ante adversários mais defensivos e que precisam ser superados para que a contagem de pontos não sofra reveses em relação ao planejamento.


 


Certo mesmo é acompanhar os próximos passos do São Caetano para compreender o impacto do resultado de terça-feira no Anacleto Campanella. A invencibilidade de 12 jogos sob o comando de Sérgio Guedes e o posicionamento na tábua de classificação são razões de sobra para que a equipe não se frustre com as circunstâncias, porque o estrutural é que decide a sorte de quem quer subir. 


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