Tomara que o São Caetano não se deixe levar pela frustração de não ter vencido o Vitória da Bahia ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella (o empate de
Mais relevante que o impacto imediato do empate é projetar as mudanças de que o São Caetano precisa para aumentar as possibilidades de voltar ao Clube de Elite do futebol brasileiro. Será uma jornada extenuante, porque a Série B desta temporada, 14 rodadas depois, coloca pelo menos 10 equipes em condições de acesso, duas das quais, o líder Criciúma (35 pontos) e o vice-líder Vitória (32) em avançada escalada. A ausência de um dos 12 times grandes do futebol brasileiro e a aparente consolidação de um grupo de equipes destinadas a lutar contra o rebaixamento tornam a Série B um jogo típico de maratonas -- de paciência e resistência.
Depois de ajustar o sistema defensivo da equipe, o menos vazado da competição (apenas 11 gols em 14 jogos), o técnico Sérgio Guedes precisa esculpir mais força ofensiva. O sistema ofensivo do São Caetano é apenas o 12º colocado, com 19 gols assinalados. Muito abaixo do nível de confiança de equipe que perseguirá o acesso de forma factível.
Fortaleza e fragilidade
O empate com o Vitória mostrou mais uma vez que há imperiosidade para contrabalançar a fortaleza defensiva com objetividade e alternativas ofensivas. As opções de gols de bola parada, em escanteios nos quais os grandalhões zagueiros Gabriel e Wagner aparecem com enorme perigo, ou as faltas sempre bem batidas por Eder, devem ser acessórios. O essencial está em falta.
O São Caetano ainda sofre com a baixa produção coletiva do meio de campo para frente. Dos laterais, Diego é quem mais se apresenta aos meio-campistas e atacantes. Os meias utilizados mais vezes como titulares (Marcelo Costa, Eder e Geovane) têm apresentado pouca mobilidade e tornam previsíveis as jogadas. E o centroavante, seja Leandrão, seja Somália, sente a ausência de companhias para incomodar os zagueiros. Por isso o São Caetano cria poucas oportunidades de gols. Como ontem à noite ante o vice-líder.
A expulsão do zagueiro Wagner aos 15 minutos do segundo tempo (ele teve de cometer uma falta para evitar o gol do adversário em contragolpe) acabou por criar uma situação que se confirma como importante alternativa ofensiva ao São Caetano, aplicada em vários jogos mas que pode ser aperfeiçoada: o contra-ataque em alta velocidade.
Menos um ajudou
Com um jogador a menos o São Caetano criou mais oportunidades de gol do que completo, porque o Vitória sentiu que poderia vencer o jogo e substituiu jogadores que o tornaram mais agressivo. O sistema defensivo do São Caetano suportou bem a pressão, praticamente fechando todos os espaços. Uma cobrança de escanteio que Gabriel cabeceou para fora e um contragolpe veloz aos 47 minutos, que o lateral Samuel Santos traduziu numa cabeça por cima depois de o chute de Pedro Carmona acertar o travessão de Deola, quase mantiveram a equipe entre as quatro primeiras.
O que o técnico Sérgio Guedes deve fazer para tentar dar mais agressividade ao São Caetano? É mais que provável que a resposta não está apenas nos treinamentos, mas na substituição de alguns jogadores. Pedro Carmona é um meia de articulação que dá mais qualidade e densidade ao meio de campo, com a vantagem de que finaliza bem e descobre espaços que outros companheiros têm dificuldades de enxergar. Torná-lo titular até para que ganhe ritmo de jogo parece ser medida indispensável. Somália também acrescenta mais alternativas ao ataque do que Leandrão, porque tem mais habilidade e movimentação contínua. O meia Allan, que entrou no jogo com o Ipatinga e fez o gol da vitória, é um reserva de luxo que pode dar nova configuração à equipe. Versátil, pode jogar até mesmo de segundo volante ante adversários mais defensivos e que precisam ser superados para que a contagem de pontos não sofra reveses em relação ao planejamento.
Certo mesmo é acompanhar os próximos passos do São Caetano para compreender o impacto do resultado de terça-feira no Anacleto Campanella. A invencibilidade de 12 jogos sob o comando de Sérgio Guedes e o posicionamento na tábua de classificação são razões de sobra para que a equipe não se frustre com as circunstâncias, porque o estrutural é que decide a sorte de quem quer subir.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André