Demorou 13 rodadas para o São Caetano chegar ao G-4 da Série B do Campeonato Brasileiro, em seguida foi deslocado desse grupo de elite e na 15ª rodada, no final de semana, voltou a comemorar um lugar entre os melhores. Também por isso, ou seja, pelo G-
O que isso significa? Significa que é possível que a Série B deste ano tenha mais elementos de dramaticidade para quem quer chegar à Série A no próximo ano do que em todas as edições anteriores. Em apenas duas edições desde que o campeonato começou a ser disputado em dois turnos corridos o quarto colocado precisou alcançar 55% de produtividade. Como por enquanto o grupo dos 10 primeiros soma mais pontos do que anteriormente, o São Caetano passa apertado para garantir provisoriamente o quarto lugar mesmo com índice de aproveitamento elevado.
É a sexta vez que o São Caetano disputa a Série B desde que foi rebaixado em 2006. E a primeira vez que chega na reta final do primeiro turno acenando com possibilidades concretas de permanecer no pelotão da frente, ou seja, dos times que começam a se destacar com maiores possibilidades de acesso. Mas para isso, além de avanços dentro de campo, principalmente no sistema ofensivo ainda deficiente, terá de ter os nervos no lugar. O movimento de sobe e desce classificatório não é uma ilusão de ótica. É uma constatação matemática comparativa. O jogo do próximo sábado no Estádio Anacleto Campanella ante o líder Criciúma dá bem a medida do desafio ao time da região.
Talvez o melhor do jogo em que o São Caetano superou o Atlético Paranaense sábado à tarde tenha sido o reforço da constatação de que está no banco de reservas uma vantagem em relação à maioria dos adversários e, principalmente, a si mesmo, quando comparado a edições anteriores. Sempre é possível tirar da cartola de mudanças técnicas efeitos táticos que os adversários têm dificuldades de assimilar. Tanto que o Atlético foi surpreendido no segundo tempo, depois de um primeiro tempo em que controlou o jogo mas não criou oportunidades que justificassem eventual vantagem.
Mais dinamismo
O técnico Sérgio Guedes não esperou mais que 10 minutos da etapa final para trocar simultaneamente os dois meias-articuladores da equipe. Eder e Marcelo Costa erravam demais e se movimentavam de menos. Entraram um Geovane bem mais incisivo do que em outros jogos e um Pedro Carmona de visão de jogo e passes sempre surpreendentes. Foi aí que o São Caetano começou a equilibrar a posse de bola e a ganhar o jogo.
Não que o técnico do Atlético, Jorginho, campeão no ano passado em notável campanha da Portuguesa, tivesse, em seguida, se equivocado quanto decidiu jogar a equipe ainda mais no ataque ao substituir o lateral Gabriel Marques e o já cansado meia-armador Felipe pelos atacantes Marcelo e Tiago Adam. Para quem jogava em casa a vitória era definitivamente a única saída. O que fez a diferença é que o São Caetano começou a acertar os contragolpes, ganhou mais velocidade e densidade no meio de campo, sem perder a consistência defensiva.
Num jogo de poucas oportunidades contundentes de gol, a eficiência faria a diferença. O Atlético perdeu um gol praticamente feito no final do primeiro tempo, quando o centroavante Marcão apareceu livre na pequena área e recebeu açucarado um passe do volante João Paulo que, pela primeira vez, lançou-se ao ataque. O goleiro Luiz defendeu com enorme dificuldade e Augusto Recife aliviou. Aos 24 minutos do segundo tempo Geovane não repetiu Marcão: depois de cobrança de escanteio de Pedro Carmona na trave oposta, de cabeçada de Gabriel, de nova cabeçada, agora de Eli Sabiá, na pequena área, Geovane fechou quase rente à trave e, também de cabeça, colocou o São Caetano em vantagem.
Daí em diante o Atlético tentou fazer com mais intensidade o que mais executou no primeiro tempo, quando procurou mais o gol: buscou as laterais do campo para cruzamentos na área. O São Caetano continuou marcando bem pelas extremidades e também pelo meio. Apenas se descuidou um pouco do atacante Henrique, que, com a substituição do lateral-direito Gabriel, virou ala e passou a ter certa liberdade depois que Danielzinho cansou e já não o perseguia mais. Antes disso, o volante João Paulo começou a incomodar com avanços constantes, até que foi barrado por marcação mais cuidadosa.
Aperfeiçoando a defesa
Nem mesmo a contusão do lateral Diego abriu buracos na lateral-esquerda do São Caetano: o substituto Samuel Xavier, mesmo especialista pelo lado direito, soube se posicionar na marcação e na cobertura.
O São Caetano aperfeiçoa cada vez mais a movimentação coletiva para dar tranquilidade ao goleiro Luiz. Não é à toa que conta com a melhor defesa do campeonato. Já o ataque segue a precisar de reparos, entre outras razões porque falta mais movimentação aos titulares Marcelo Costa e Eder, Danielzinho é ótima na mobilidade que confunde a marcação adversária, mas segue errando demais nas finalizações. Somália jogou o tempo todo, caiu pelas laterais, recuou, dividiu, liderou, mas perdeu um gol certo depois que a vantagem de
Retornar do Paraná com três pontos ante uma das equipes mais tradicionais do Campeonato Brasileiro, com a qual, inclusive, o São Caetano decidiu o titulo da Série A em 2001, foi um resultado esplêndido. Muito melhor que o rendimento médio ao longo do jogo. O São Caetano parece ter aprendido a jogar com a pressão da tábua classificatória sempre estressante para quem está fora do G-4 e cheia de preocupações para quem consegue estar dentro.
Aos poucos, Sérgio Guedes transforma a equipe. Há um aguerrimento surpreendente para um grupo de jogadores até recentemente pouco solidário nas funções táticas, principalmente defensivas. Agora, só falta acertar o ataque. Uma tarefa sempre mais demorada. O embalo de 13 jogos sem derrota e a melhor campanha da equipe em todas as edições da Série B facilitarão o trabalho do treinador.
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