Esportes

São Caetano esquece Chacrinha mas
mesmo assim joga terça por recorde

DANIEL LIMA - 13/08/2012

O São Caetano que joga na noite desta terça-feira em Varginha contra o Boa Esporte só precisa do empate para bater um recorde de eficiência na Série B do Campeonato Brasileiro: somar o maior número de pontos ao longo de 17 jogos do primeiro turno. O ponto aumentaria os 30 já acumulados na temporada, os quais colocam a equipe em igualdade de condições em relação a 2009. Mas um ponto pode ser pouco para retomar a posição no G-4, o grupo das quatro equipes que subirão para a Série A da próxima temporada. O 1 a 1 ante o líder Criciúma na tarde de sábado no Estádio Anacleto Campanella foi mais um teste de resistência emocional, porque a equipe do técnico Sérgio Guedes merecia amplamente a vitória até que aos 47 minutos do segundo tempo sofreu o empate num lance de pura desatenção.
 
Apesar do golpe de perder dois pontos praticamente assegurados e de ver escapar temporariamente uma vaga no G-4, porque o Joinville ganhou do Guaratinguetá no Vale do Paraíba e saltou à frente, o São Caetano não tem motivos para desespero. O Campeonato Brasileiro é uma maratona de 38 etapas complexas e exige nervos em sintonia com regularidade técnica e tática. Além disso, a equipe sacramenta recuperação do prestígio, abalado na última temporada com a ameaça de rebaixamento até última rodada. Além disso, agora já são 14 jogos de invencibilidade. Desde que Sérgio Guedes assumiu foram oito vitórias e seis empates. 


 


Números bem melhores
 
Para se ter ideia do quanto o São Caetano está superior neste ano, comparando à Série B do ano passado (e em igualdade de condições com a temporada de 2009) basta dizer que os 30 pontos conquistados em 16 jogos representam o que a equipe de 2011 somou depois de 26 rodadas – ou seja, 10 rodadas depois.
 
Em circunstâncias históricas normais da Série B, o São Caetano dos 30 pontos em 48 disputados (índice de aproveitamento de 62,50%) poderia estar entre os quatro primeiros folgadamente. Afinal, a média de acesso para o quarto colocado só ficou acima de 55% em uma única edição desde que o São Caetano foi rebaixado, em 2006. Mas neste ano, pelo menos por enquanto, está bem mais elevada. Tudo porque os quatro primeiros colocados ganharam pontos acima da média histórica. A permanecer essa dosagem de eficiência, possivelmente o quarto posicionado na tabela ao final do segundo turno teria de somar 65 pontos, ou 57% de aproveitamento.
 
Muito mais importante que lamentar o resultado ante o líder Criciúma é extrair lições do confronto. A boa lição é que o São Caetano fez a melhor apresentação desde a contratação de Sérgio Guedes, com uma soma de qualificações. A má lição talvez se resuma à parafrase de Chacrinha -- o jogo só acaba quando termina. Por isso, aquela falta batida praticamente do meio de campo em direção à pequena área não poderia ter encontrado o zagueiro Matheus Ferraz livre, leve e solto para cabecear de virada, no canto. Havia duas alternativas que eliminariam a dor: bastaria um zagueiro dividir o cabeceio com o zagueiro ou que o goleiro Luiz saísse debaixo da trave e esmurrasse uma bola que, devido à distância, chegou sem muita força no destino praticamente lotérico. 


 


Domínio quase total 
 
Não à toa o técnico Sérgio Guedes sussurrou desolado à beira de campo, assim que o Criciúma empatou o jogo, que o São Caetano foi castigado por não ter resolvido o placar antes. Oportunidades não faltaram. Principalmente no primeiro tempo. Foram pelo menos quatro, contra apenas um chute de fora da área do adversário.
 
O jogo estava tão controlado pelo São Caetano que o técnico Sérgio Guedes não teve dúvidas em substituir o lateral Diego, que sentiu contusão, pelo lateral/ala Fabinho, que veio do futebol gaúcho com a fama de melhor da posição no último campeonato regional. Fabinho é muito mais ala que lateral.


 


O que parecia um acerto, poderia ter sido um complicador porque logo aos dois minutos Danielzinho sofreu pênalti do lateral Ezequiel e Marcelo Costa converteu em gol. Com a vitória parcial era natural que o São Caetano cuidasse mais do sistema defensivo, até então perfeito. Tão perfeito que o centroavante do Criciúma, Zé Carlos, artilheiro disparado do campeonato, praticamente não pegou na bola.
 
O Criciúma não teve mais que 10 minutos de controle do jogo (principalmente às costas de Fabinho) quando se lançou ao ataque e o São Caetano, embalado pelo gol e sem se dar conta de que poderia ser mais contundente em rápidos contragolpes, deixou espaços à articulação adversária no meio de campo. O rápido atacante Lucca quase empatou justamente numa contraofensiva. Aos poucos o São Caetano reagiu mas voltou a ser importunado pelo adversário depois de duas substituições no meio de campo, quando o técnico da equipe de Santa Catarina tirou um marcador e um jogador de articulação e mandou a campo dois meias mais ofensivos. 


 


Mais talento em campo 
 
A melhor exibição do São Caetano no campeonato não pode ser esquecida. Pela primeira vez, graças à densidade técnica do lateral Samuel Xavier e ao talento do meia-armador Pedro Carmona, o time de Sérgio Guedes contou com posse de bola mais produtiva, mais insinuante, mais vertical e também, quando indispensável, mais comedida, organizada e estruturada. Ou seja, o São Caetano não foi um time de uma nota só, de ligações diretas, de avanços à base de velocidade pelas laterais. Reuniu força e técnica.
 
Pena que Danielzinho, incansável demolidor de marcação adversária, siga perdendo oportunidades de ouro. Pena também que Leandrão ainda não encontrou o melhor posicionamento entre os zagueiros e que Marcelo Costa não procure infiltrar-se mais e arrematar com mais assiduidade. Já Marcone, que substituiu o suspenso Moradei, provou que volante não é preocupação alguma para o São Caetano. Nem os dois zagueiros de área, Gabriel e Wagner. Tanto que Zé Carlos, o homem-gol da Série B, pretendido por várias equipes da Série A, possivelmente perguntou ao final dos 90 minutos se a bola é de fato redonda.


 


Talvez o único erro de Sérgio Guedes tenha sido optar por um Eder pouco móvel no meio de campo, substituindo ao cansado Pedro Carmona, em vez de um Geovane mais rápido e insinuante. A escolha, entretanto, não tem a menor relação com o empate. O São Caetano neutralizou de tal maneira o líder Criciúma que a melhor explicação para o tropeço no final tem suas próprias digitais: esqueceu o consagrado refrão da Discoteca do Chacrinha.  
 
Antes de sofrer o gol de empate o São Caetano perdeu dois gols feitos, aos 42 e 43 minutos, com Danielzinho e Eder. Uma falta desnecessária do centroavante Leandrão no meio de campo virou um chute comprido à pequena área. Foi aí que o castigo veio em forma de desvio e empate. Uma decepção completada com a notícia de que o Joinville vencera fora de casa.


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