O sofrido empate de
As alegrias do São Caetano após o empate em Goiânia vão da manutenção de uma invencibilidade que se estende por 16 rodadas, passa pela sustentação no G-4 pela segunda rodada consecutiva (agora em terceiro lugar) e alcança um registro histórico a dar a ideia do quanto a equipe vai bem na temporada: os 34 pontos acumulados em 54 disputados (62,96% de aproveitamento) representam a melhor campanha nos seis anos em que disputa a competição, superando os 33 pontos do campeonato de 2010 após 18 rodadas.
Tudo isso é muito bom e positivo, mas o jogo em Goiânia deixou algumas inquietações. O sistema defensivo, melhor do campeonato com apenas 13 gols sofridos em 18 jogos, dependeu demais do goleiro Luiz durante todo o primeiro tempo, quando fez pelo menos quatro intervenções extraordinárias, e também de uma salvadora defesa de pênalti batido por Iarlei logo no começo da etapa final, quando o São Caetano ajustou-se, foi menos vulnerável mas não encontrou o caminho do contragolpe.
Abalos defensivos
Ponto forte da equipe, o sistema defensivo do São Caetano sofreu abalos com a ausência de Diego, o titular da lateral-esquerda. Já contra o Boa Esporte, em Varginha, no jogo anterior, houve complicações porque o substituto Fabinho não é exatamente um bom marcador. Destaque como ala no Campeonato Gaúcho deste ano, Fabinho tem dificuldades para marcar e cobrir. O lado esquerdo do São Caetano ficou o tempo todo exposto. O Goiás explorou bem o setor com o revezamento do experiente Iarlei e o incisivo Walter até que, no começo do segundo tempo, numa rápida passagem em velocidade, Peter foi deslocado com o braço por Fabinho. O pênalti batido no canto foi defendido por Luiz.
Como ficou no lucro, o técnico Sérgio Guedes correu para corrigir uma escalação temerária para uma equipe que joga fora de casa com dois zagueiros de área e dois volantes. Substituiu Fabinho pelo volante Marcone, deslocou o lateral Samuel Xavier, um bom marcador, para a lateral-esquerda, e manteve um revezamento entre os volantes Moradei, Augusto Recife e Marcone para fechar o espaço pela lateral-direita, além de proteger mais o setor esquerdo da defesa com marcação dupla, já que Ricardo Goulart passou a frequentar o setor.
Corrigida a deficiência de marcação, o São Caetano equilibrou o jogo e praticamente impediu que o Goiás tornasse a marcação do gol da vitória uma questão de tempo. Não fosse o brilho técnico do meia-articulador Ricardo Goulart, ex-Santo André, que inclusive ameaçou o gol de Luiz num chute no ângulo no final da partida, o São Caetano teria sofrido menos.
Se no segundo tempo o time de Sérgio Guedes recompôs-se defensivamente e voltou a dar prova de que não tem a melhor defesa por acaso, o ataque seguiu no marasmo do primeiro. O São Caetano praticamente não incomodou o goleiro Harlei durante os 90 minutos. A explicação não é tão sofisticada: os laterais e os volantes ficaram presos demais na marcação, os meia-articuladores Eder e Marcelo Costa praticamente não se infiltraram, Danielzinho voltou a correr muito mas a errar demais nos passes e nas tentativas de penetração e Leandrão ficou isolado entre os zagueiros e mesmo quando saia da área não tinha liberdade nem para dominar a bola. Some-se a tudo isso uma lentidão excessiva nas tentativas de construir jogadas, muitos erros de passe e pouca mobilidade, e se tem o quadro da inapetência.
Muita colaboração
Se meio-campistas e atacantes fracassaram como integrantes do sistema ofensivo, pelo menos se doaram com muito empenho na marcação. O Goiás praticamente não teve liberdade para criar jogadas com folga. Precisou dos próprios méritos individuais para envolver o sistema defensivo. Exceto nas liberalidades de marcação e posicionamento de Fabinho.
Embora o resultado tenha sido excelente, porque o Goiás é um dos concorrentes diretos ao G-4 e as circunstâncias conduziam a uma derrota iminente, o futuro do São Caetano na competição não pode ser observado apenas com lentes cor de rosa. É preciso que o sistema ofensivo seja mais confiável porque a tabela de jogos do segundo turno exigirá não só qualificação para ganhar jogos em casa como consequência da tomada de iniciativa de ataque como, fora de casa, ante uma maioria de equipes mais bem posicionadas na tabela do que os visitantes no Estádio Anacleto Campanella, terá de apurar principalmente os contragolpes. Ou seja: o São Caetano precisa atacar melhor quando os três pontos se tornarão quase obrigatórios no Anacleto Campanella e acertar nos contragolpes quando for visitante ante adversários que lutam diretamente para desalojá-lo do G-4, casos de Vitória, Criciúma, Joinville, América de Minas e América de Natal, que ocupam as nove primeiras colocações. São 15 pontos especiais em disputa fora da região, dos quais pelo menos 40% precisam ser alcançadas para reduzir a pressão já naturalmente elevada dos jogos em casa.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André