Esportes

Uma goleada até desnecessária
para acionar mecanismos de alerta

DANIEL LIMA - 29/08/2012

O São Caetano não precisaria ter sido goleado por 4 a 1 ontem à noite pelo ASA em Arapiraca para acionar mecanismos de alerta na Série B do Campeonato Brasileiro. O resultado extravagante apenas agravou um quadro que parece explícito: a queda de produção da equipe nas últimas rodadas, mesmo em jogos vitoriosos, causa preocupação porque o segundo turno começou, equipes tradicionais encetam recuperação e a disputa por uma das quatro vagas à Série A do ano que vem ameaça tornar-se encardidíssima.


 


Qualquer resultado, mesmo eventual manutenção do 1 a 1 do primeiro tempo, não permitiria ilusões. O São Caetano exagerou na dose de errar individual e coletivamente em Alagoas e, para completar o quadro de horrores, demonstrou desequilíbrio emocional incompreensível. Principalmente do treinador Sérgio Guedes, que viu fantasmas ao final do primeiro tempo quando, entrevistado, disse cobras e lagartos sobre a arbitragem. Guedes viu outro jogo, porque o árbitro pernambucano Gilberto Rodrigues Castro Júnior até ajudou o São Caetano ao não assinalar um pênalti claro (puxou a camisa) do zagueiro Wagner no atacante Lúcio Maranhão, um dos melhores do jogo.


 


A derrota para o ASA retirou o São Caetano do G-4, onde se mantinha havia três rodadas consecutivas. O quinto lugar na classificação geral será colocado em xeque neste sábado contra o Avaí no Estádio Anacleto Campanella. Trata-se de compromisso importante porque qualquer resultado que não seja a vitória poderá distanciar o São Caetano do G-4 e quem sabe agravar o estado emocional do grupo. Ganhar poderá significar a possível retomada do quarto lugar.


 


Exorcismo coletivo


 


Talvez o melhor para o São Caetano na preparação para enfrentar o Avaí seja fazer da goleada em Arapiraca espécie de exorcismo coletivo. É impossível esquecer e pior ainda desdenhar daqueles 90 minutos. Lições precisam ser tiradas, até porque apenas aprofundaram e escancararam problemas antigos, além de fabricarem novos. Se ao longo do campeonato o Azulão está a dever eficiência ofensiva, ante o ASA desmontou-se a qualificação defensiva. O time foi apático, estático e nervoso em todos os setores. Não seria a defesa a ficar imune. Até porque o sistema defensivo, uma integração de todas as peças da equipe, sustentava até então baixa vulnerabilidade defensiva. 


 


É claro que o São Caetano não teria sido o que foi e que não pode ser de novo neste sábado se o ASA não estivesse comprometido com o resultado. Comprometido e bem preparado. A equipe da casa jogou com seriedade, explorou as laterais constantemente porque atuava no 3-5-2, impedia a saída de bola dos volantes do São Caetano, apertava os meias de articulação e isolava o centroavante Leandrão. O ASA parecia ter enjaulado o adversário. Mesmo em alguns períodos do jogo em que o equilíbrio parecia prevalecer não havia a correspondente melhora do São Caetano, mas uma queda natural da dinâmica do ASA.


 


Quando Didira fez 1 a 0 aos 15 minutos não houve surpresa alguma. Surpresa sim houve logo em seguida, quando uma falta batida por Pedro Carmona foi às redes após bate-rebate que o zagueiro Wagner completou. Até então o São Caetano não havia construído uma boa jogada sequer, apesar de alguma dificuldade de preenchimento de espaços da última linha de defesa do ASA, em fase experimental do sistema com três zagueiros.


 


Apatia preocupante


 


O empate de 1 a 1 no primeiro tempo prenunciava complicações no segundo porque o ASA voltaria mais ofensivo ainda e o São Caetano com os nervos à flor da pele, expressos nas declarações de Sérgio Guedes. Samuel Xavier marcou contra logo aos 13 minutos, ao tentar desviar um cruzamento da direita do incansável centroavante Lúcio Maranhão. Sérgio Guedes tentou mudar o jogo com Vandinho e Geovane no ataque, substituindo os apáticos Leandrão e Éder, mas em seguida, aos 18 minutos, foi atingido duramente pelo terceiro gol do ASA, numa penetração rápida pela esquerda que Didira traduziu em chute cruzado que Luiz só espiou.


 


O pênalti perdido por Pedro Carmona aos 30 minutos, defendido pelo goleiro Gilson, poderia ter dado algum ânimo ao São Caetano. Nem a entrada de Allan no lugar do lateral Samuel Xavier representou esperança. O conjunto do São Caetano estava desbaratado. Sobraram espaços para o ASA atacar, criar e reduzir a pó as tentativas de contragolpes. Quando Lucio Maranhão fez o quarto gol aos 46 minutos, após ganhar uma dividida de Moradei na lateral, avançar livre, esperar o goleiro Luiz e aplicar-lhe um drible de craque, o São Caetano já abandonara a luta. Um time que até então constava do G-4 não pode submeter-se a tamanho descaso com a competitividade.


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