Ainda faltam 14 rodadas para o encerramento da Série B do Campeonato Brasileiro e, pela primeira vez desde que chegou para substituir a Sérgio Guedes, Emerson Leão ganhou uma semana inteira para preparar o São Caetano que enfrentar o CRB sábado no Estádio Anacleto Campanella. Nada melhor, porque o único tropeço nos cinco jogos (quatro vitórias) sob o comando do treinador foi justamente em casa para o frágil ABC de Natal.
Leão sabe que o problema do São Caetano é multiplicar os espaços ofensivos quando joga em casa. Os adversários costumam se retrancar e jogar nos contragolpes. Fora de casa o São Caetano faz a melhor campanha entre as 20 equipes porque sabe explorar os contra-ataques. Essa dicotomia não interessa ao treinador porque pode afetar a proposta de alcançar a pontuação mínima necessária para voltar à Série A do Brasileiro.
Com uma semana inteira para treinar, é mais que provável que o São Caetano ganhe força suficiente para conquistar mais três pontos e prosseguir o desafio de alcançar o total de 70 que assegurariam um lugar na Série A do ano que vem. A conta para chegar ao Acesso tornou-se mais elástica nesta temporada. Os times que lutam para não ser rebaixados tiram poucos pontos dos demais, principalmente os intermediários, e os que estão no topo pontuam além da média histórica. Desde que a Série B é disputada em turno e returno, apenas em duas edições o quarto colocado precisou de 55% dos pontos (63) para subir. Nesta temporada, o São Caetano está em quarto lugar com 46 pontos em 75 disputados, com índice de aproveitamento de 61,33%. E não parece possível acreditar que poderá haver redução. O Atlético Paranaense tem 43 pontos (57,33%), em quinto lugar, enquanto Joinville e Ceará nas posições seguintes com 41 pontos (55%).
Vitória para deslanchar
Ganhar do CRB é questão essencial para o São Caetano deslanchar de vez, após vencer o América de Minas (5 a 2) e o América de Natal (2 a 0) na semana passada fora de casa. Foram resultados que superaram o planejamento de Emerson Leão. Antes das duas viagens se falava em retornar com novos quatro pontos.
A expectativa da direção do São Caetano está-se confirmando com a contratação de Emerson Leão. A proposta de dar um choque no elenco que parecia conformado em jogar defensivamente e criar pouco no ataque está dando certo. Com o novo técnico, o São Caetano mudou completamente. Agora é um time ofensivo sem deixar de cuidar-se na defesa. É verdade que ante o América de Natal o São Caetano não foi tão agressivo como em Minas. Tanto que o lateral-direito Samuel Xavier perdeu a posição para o volante Augusto Recife e Marcone ocupou a frente da zaga ao lado de Moradei. Uma medida preventiva para impedir a passagem do ala adversário pelo setor, como nos dois gols do América de Minas no jogo anterior.
O problema do São Caetano em Natal foi o lado esquerdo. Fabinho tem mesmo dificuldade para marcar e cobrir, porque é ala de ofício, e o América explorou bastante o lateral Thiaguinho, por onde se criaram as principais jogadas de ataque. Menos mal que Thiaguinho cansou no segundo tempo. O resultado final de 2 a 0 coroou o rendimento coletivo de um grupo que marcou o tempo todo e teve em Danielzinho uma válvula de escape aos contragolpes. O atacante emprestado pelo São Bernardo e que costuma temperar atuações brilhantes e opacas, jogou o tempo todo deslocado às costas de Thiaguinho e fez do lento zagueiro de área Cleber ponto de referência para levar pânico ao adversário. Danielzinho fez os dois gols da vitória: o primeiro em leve desvio de cabeça aos 40 minutos do primeiro tempo e o segundo aos 23 do segundo tempo, dominando e chutando com categoria.
Desfalques defensivos
O resultado em Natal se deve muito mesmo à desenvoltura defensiva do São Caetano. O empenho individual superou as dificuldades coletivas. A linha de defesa que jogou quase todo o tempo não contou com um titular sequer. O zagueiro de área Gabriel e o lateral-esquerdo Diego nem viajaram por causa de contusão, o volante Augusto Recife foi improvisado na lateral porque era preciso marcar com mais rigor e Wagner saiu contundido logo no início e foi substituído pelo colombiano Jaime Bustamante, zagueiro que o São Caetano buscou no futebol da Venezuela depois de acompanhá-lo na Taça Libertadores, quando atuou pelo Zamora.
Com tantas alterações e fora de casa ante um adversário que precisava da vitória para sonhar com o G-4, o São Caetano fez mais que o esperado, porque passou pouco aperto nos 90 minutos. É verdade que também incomodou relativamente pouco o adversário com lances contundentes, mas foi eficaz nas poucas oportunidades.
Provavelmente o técnico Emerson Leão vai trabalhar esta semana para melhorar a saída de bola da defesa ao meio de campo e do meio de campo ao ataque. Leão deve ter sentido que soltar os laterais e os volantes e dar ordens ofensivas aos dois articuladores, Éder e Marcelo Costa, não são suficientes para ter tranquilidade. O passe precisa de mais precisão, os lançamentos precisam ser menos frequentes, as infiltrações laterais e centrais devem ser intensificadas e em velocidade. É a esse estágio que o treinador pretende ver o São Caetano chegar às próximas rodadas, porque os principais concorrentes ao G-4 parecem mais organizados ofensivamente. Tanto que entre os 10 primeiros colocados o São Caetano só fez mais gols (37 ante 29) que o Avaí. Há a compensação, herdada do período de Sérgio Guedes, de contar com um dos melhores sistemas defensivos: os 24 gols sofridos em 25 jogos só perdem em eficiência para os 23 do Atlético Paranaense e do Guarani de Campinas entre as 20 equipes. Leão não pode fazer quase nada para dinamizar o ataque nos cinco primeiros jogos sem folgas. Agora os treinamentos podem ajudar a fazer a diferença de quem quer voltar ao principal campeonato do País.
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