Esportes

São Caetano e mais quatro fazem
as contas para comemorar acesso

DANIEL LIMA - 24/09/2012

A partir de agora, mais que nunca, a matemática entra em campo na Série B do Campeonato Brasileiro. Tudo por conta da existência prática e clarividente do estreitamento de cinco concorrentes a três das quatro vagas à Série A na próxima temporada. O Vitória é considerado carta dentro do baralho. São Caetano, Criciúma, Goiás, Atlético Paranaense e Joinville jogam pelas três vagas restantes. Outras equipes (Ceará, América Mineiro, Avaí e América de Natal) não podem ser inteiramente descartadas, mas têm bem possibilidades bem menores.


 


Por essas e por outras a matemática entra definitivamente em campo e de forma paralela. Rodadas de até 15 pontos serão uma constante. Desta forma, o que é melhor na próxima rodada, no final de semana: que o São Caetano ganhe apenas três pontos ou que some até 15? Depende, depende e depende -- eis a melhor resposta.


 


Três pontos são suficientes se o São Caetano conquistá-los diretamente no confronto com o Paraná, em Curitiba. O resultado manteria a equipe no G-4, o grupo das quatro equipes que subirão à Série A. Os outros pontos – os 12 restantes – vão ser disputados pelas quatro equipes que concorrem diretamente às três vagas: o Joinville joga em casa com o Boa Esporte, o Criciúma em Alagoas com o CRB, o Goiás no Interior de São Paulo com o Guaratinguetá e o Atlético Paranaense também no Interior do Estado com o Bragantino. Exceto o confronto entre Joinville e Boa, todos os principais concorrentes do São Caetano enfrentam fora de casa equipes que lutam para não serem rebaixadas à Série C.


 


Ou seja: a tabela de jogos de interesse específico do São Caetano (e também de seus concorrentes) pode dar uma elasticidade de pontos na rodada do final de semana. O São Caetano pode seguir entre os quatro primeiros colocados com um empate no Paraná. Até mesmo uma derrota poderá sustentar a equipe no grupo privilegiado. É aí que entra em campo a elasticidade do conceito matemático de pontos obtidos na rodada.


 


Senha de emoções


 


O céu se abriria para o São Caetano em caso de vitória no Paraná e de derrota ou empate de todos os concorrentes, inclusive do Joinville. Mas aí seria pedir demais. Ou não? Certo mesmo é que é impossível acompanhar os jogos da Série B sem estar de olhos grudados na telinha. A qualquer momento a senha da movimentação do placar, em forma de bola estilizada, anunciará que a bola balançou a rede. Quem será?


 


Sábado à tarde, por exemplo, os torcedores do São Caetano que preferiram ficar em casa para acompanhar a vitória de 3 a 2 sobre o CRB, depois de folgados 3 a 0, viram uma torrente de bolas estilizadas saltar à televisão. E quase todas com más notícias. Apenas o Vitória, praticamente na Série A, salvou a lavoura de jogos cruzados ao vencer o Goiás por 3 a 1, em Salvador. Um resultado festejado, evidentemente. Pena que tenha sido o único. O Criciúma foi a Minas Gerais e venceu o Ipatinga por 3 a 2 (os minutos finais foram dramáticos, depois de forte reação do time da casa que chegou a estar em desvantagem de 3 a 0). Um pouco antes de começar o segundo tempo do São Caetano, o Atlético Paranaense derrotara o Ceará por 2 a 1, quando pelo menos o empate seria o ideal para o Azulão. E na sexta-feira Joinville venceu o Paraná por 3 a 1.


 


Não se conhece um exemplar sequer de torcedor que tenha multiplicidade de monitores em casa, como Abílio Diniz, ex-comandante do Grupo Pão de Açúcar, são-paulino fanático. Ele distribui quase uma dezena de aparelhos para acompanhar intimamente os jogos de seu time de coração e de concorrentes na Série A. Essa experiência foi revelada nos tempos em que o São Paulo dominava a competição e chegou ao tricampeonato seguido. É possível que mantenha o hábito porque o Tricolor quer ir à Libertadores e está dependendo de terceiros. O Sportv oferece a opção de multijogos. A tela é subdividida em quatro partes iguais e as imagens de quatro jogos disputados simultaneamente abrir os caminhos da diversidade de emoções. É uma jornada tecnológica que desafia a precisão, o detalhismo e em muitos casos até o bom senso. Quem pretende fixar-se nos quatro jogos, acaba não entendendo bulhufas de nenhum. Quem concentrar-se em apenas um, não tem por que seguir com a opção múltipla em tamanho reduzido.


 


Perdendo o foco


 


É possível que o São Caetano da vitória sobre o CRB, sábado no Estádio Anacleto Campanella tenha se deixado levar pela opção multijogos, dispersando-se completamente no segundo tempo, a partir do terceiro gol, em falta batida por Éder logo no primeiro minuto. A perda do foco por conta da certeza de que os três pontos já estavam assegurados levou o adversário a ter o controle do jogo. Nada extraordinário, até que, nos minutos finais, aos 41 e aos 47 minutos, Ronaldo e Ricardinho diminuíram o placar. Melhor que não tenha havido mais alguns minutos para o encerramento, porque o São Caetano entrou em pane. Algo muito semelhante ao Criciúma, naqueles mesmos instantes, ante o Ipatinga.


 


Mesmo no primeiro tempo, quando construiu a tranquilidade de 2 a 0 no placar, o São Caetano esteve longe dos melhores jogos sob o comando de Emerson Leão. Excessivamente dispersivo, sem volume de jogo no meio de campo, sem apoio de laterais, com dois meias atacantes burocráticos e apenas com Danielzinho inspirado e decidido a ocupar todos os espaços ofensivos, o São Caetano resolveu o placar em duas bolas paradas: duas infrações cobradas à direita da intermediária ofensiva, a primeira por Marcelo Costa e a segunda por Pedro Carmona, dois desvios de cabeça na pequena área, o primeiro de Somália e o segundo de Gabriel, e toda a arrumação defensiva do CRB foi para o ralo.


 


O time de Emerson Leão caiu no segundo tempo não só porque se acomodou com o terceiro gol de Éder, mas também porque a opção de retirar Pedro Carmona no intervalo interrompeu o único circuito de ligação inteligente entre o meio de campo e o ataque. Pedro Carmona tem mais mobilidade e qualidade de articulação que Éder, seu substituto.


 


As limitações ofensivas do São Caetano ante o CRB foram o desdobramento de um time surpreendentemente mais defensivo do que o adversário recomendava. A manutenção do volante Augusto Recife na lateral-direita revela que Emerson Leão parece não ter confiança em nenhum dos jogadores contratados à função – Samuel Xavier e Samuel Santos -- ou então está fazendo o que mais gosta: dá um chá de banco de reservas de modo a que reajam e sejam, para começar, bons marcadores. Talvez Leão esteja se excedendo, porque Samuel Xavier melhorava a cada jogo, até que fracassou ante o América, em Minas, nos dois gols do adversário, um dos quais irregular. Com Augusto Recife o setor direito de defesa ficou mais sólido, mas o São Caetano perdeu uma opção de saída de bola com mais velocidade e técnica. 


 


Como questionar as decisões de Emerson Leão se depois de seis jogos, 18 pontos disputados, o São Caetano somou novos 15 pontos, com aproveitamento de 83%? O pragmatismo das bolas paradas, uma das especialidades de Leão, parece mesmo o caminho mais curto rumo à Série A.


Leia mais matérias desta seção: Esportes

Total de 985 matérias | Página 1

05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André
26/07/2024 Futuro do Santo André entre o céu e o inferno
28/06/2024 Vinte anos depois, o que resta do Sansão regional?
11/03/2024 Santo André menos ruim que Santo André. Entenda
05/03/2024 Risco do Santo André cair é tudo isso mesmo?
01/03/2024 Só um milagre salva o Santo André da queda
29/02/2024 Santo André pode cair no submundo do futebol
23/02/2024 Santo André vai mesmo para a Segunda Divisão?
22/02/2024 Qual é o valor da torcida invisível de nossos times?
13/02/2024 O que o Santo André precisa para fugir do rebaixamento?
19/12/2023 Ano que vem do Santo André começou em 2004
15/12/2023 Santo André reage com “Esta é minha camisa”
01/12/2023 São Caetano perde o eixo após saída de Saul Klein
24/11/2023 Como é pedagógico ouvir os treinadores de futebol!
20/11/2023 Futebol da região na elite paulista é falso brilhante
16/10/2023 Crônica ataca Leila Pereira e tropeça na própria armadilha
13/10/2023 Por que Leila Pereira incomoda tanto os marmanjos do futebol?
10/10/2023 São Bernardo supera Santo André também no futebol
10/08/2023 Santo André prestes a liquidar R$ 10 mi de herança do Saged