Esportes

Batidas cardíacas de Leão quase não
se alteram no empate em Joinville

DANIEL LIMA - 10/10/2012

O pragmatismo do técnico Emerson Leão prevaleceu no empate sem gols ontem à noite em Joinville: o São Caetano garantiu mais uma semana entre os quatro primeiros colocados da Série B do Campeonato Brasileiro. Quem conhece o ambiente do futebol sabe o quanto representa estar entre os quatro primeiros e também o quanto significa escapar dos quatro últimos lugares. E também entende o estresse que toma conta das equipes que tentam, tentam mas não chegam com assiduidade entre os quatro melhores ou que não conseguem escapar da zona de rebaixamento.


 


Não foi à toa que Emerson Leão, ante um adversário direto na luta pelo acesso, montou forte esquema defensivo. O empate asseguraria pelo menos mais uma semana entre os primeiros. A derrota poderia provocar deslocamento do G-4, porque o Atlético Paranaense está na bica.


 


Pela primeira vez o São Caetano adotou o sistema 3-5-2, em substituição ao 4-2-2-2. Os catarinenses tiveram poucas oportunidades para marcar. Como ex-goleiro especialista em orientar o sistema defensivo, Leão praticamente imobilizou o adversário. O único equívoco da equipe foi a escalação do ala Fabinho. Ele atuou mais como lateral, sem projetar-se ao ataque com a frequência que o sistema permitiria. E ainda serviu de avenida por onde o melhor jogador do Joinville, o lateral/ala Eduardo, projetou-se sempre com competência.


 


Domínios divididos


 


O empate de 0 a 0 foi reflexo de um jogo em que os sistemas defensivos prevaleceram, embora as equipes utilizassem táticas diferentes. O Joinville foi melhor no primeiro tempo, exigiu duas grandes defesas do goleiro Luiz, mas aos poucos cedeu terreno a um São Caetano que, mesmo sem acertar a transposição do meio de campo ao ataque, incomodou os donos da casa.


 


Qualquer outro treinador senão um Leão reconhecidamente de muita personalidade evitaria mudança tão radical na forma de jogar do São Caetano. Em nenhum jogo desta temporada o São Caetano adotou o sistema 3-5-2, preferencial em outros campeonatos. Não faltam jogadores para tanto. Ontem jogaram os zagueiros Eli Sabiá, Gabriel e Wagner e estavam no banco dois outros zagueiros, o colombiano Jaime Bustamante e Adriano. O mesmo Adriano que acabou entrando no final do jogo no lugar do cansado lateral Samuel Xavier. Com a medida, o São Caetano fechou de vez os espaços, mas interditou avanços pela direita.


 


O sistema 3-5-2 já teve muitos defensores no passado, tanto no futebol brasileiro como no europeu. Mesmo antes da consagração do Barcelona, um modelo revolucionário de ocupação de espaços, o 3-5-2 perdeu adeptos entre os treinadores porque sacrifica a armação do meio de campo ao eliminar um dos articuladores.


 


Quem sobrou no São Caetano ontem à noite foi Eder, companheiro de Marcelo Costa à frente dos volantes Moradei e Augusto Recife. Como os laterais Samuel Xavier e Fabinho demoraram em entender a função ofensiva que teriam quando o São Caetano detinha a posse de bola, Marcelo Costa ficou isolado demais no setor de armação, já que os dois volantes permaneciam na marcação. Menos mal para o São Caetano que Geovane estava inspirado, movimentando-se intensamente e se oferecendo como opção de passe e lançamentos. Não fosse a inapetência de Leandrão, também sacrificado pela ausência de maior volume ofensivo, o São Caetano teria sido mais efetivo no ataque. 


 


O Joinville se aproveitou do entusiasmo da torcida e da natural insegurança tática inicial do São Caetano para imprimir completo domínio nos primeiros 15 minutos. Mas, gradualmente, foi perdendo o ímpeto. Os deslocamentos dos atacantes Lima e Adailton às costas dos laterais para atrair os zagueiros de área já não faziam efeito. Os meias atacantes e os volantes tentavam, tentavam, mas não havia espaços às penetrações centrais. Sobravam as opções pelas laterais. Eduardo foi um tormento o jogo inteiro, mas à esquerda Marcinho saiu contundido e Carlos Alberto, destro e sem a mesma mobilidade, foi facilmente neutralizado. Menos num chute da entrada da área no final do jogo, após combinação de passes dos atacantes.


 


Antes das alterações do técnico Leão (Danielzinho e Somália substituíram a Geovane e Leandrão, além da entrada de Adriano) o São Caetano foi melhor nos primeiros 20 minutos do segundo tempo porque valorizou mais a posse de bola e passou a contar com mais opções ofensivas, mesmo sem se expor. Depois o adversário retomou o controle mas sem a mesma intensidade primeiro tempo. 


 


Coração sem sobressaltos


 


Emerson Leão conseguiu o que planejara: calou a torcida que costuma fazer a diferença em Joinville ao aplicar um golpe certeiro de desaquecimento do jogo, com faltas seguidas, demorada reposição da bola, melhoria na troca de passes e distanciamento dos riscos de finalizações próximas à entrada da área. Contribuiu para tudo isso, no segundo tempo, a melhor distribuição dos jogadores em campo, compactando mais os setores. No primeiro tempo a defesa coalhada de jogadores de meio de campo recuou demais em direção à linha de fundo e ampliou o campo de atuação do adversário. Não fosse o desgarramento contínuo do lateral/ala Eduardo, sempre capaz de aprontar jogadas incisivas ante um Fabinho sem equilíbrio de tempo e espaço para uma marcação mais confiável, as batidas cardíacas de Leão não teriam se alterado durante todo o jogo. 


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