Esportes

Rodada sem mudanças mantém
São Caetano no limite à Série A

DANIEL LIMA - 17/10/2012

A rodada de ontem à noite da Série B do Campeonato Brasileiro manteve o São Caetano no limite do G-4, um ponto apenas à frente do Atlético Paranaense, equipe com a qual deverá mesmo decidir quem ocupará a última vaga à Série A da próxima temporada. As cinco primeiras colocadas venceram e consolidaram posições. Criciúma, Vitória da Bahia e Goiás dificilmente deixarão de comemorar o acesso, enquanto São Caetano e Atlético Paranaense deverão disputar as oito últimas rodadas mutuamente preocupados. O Joinville perdeu e se distanciou do bloco dos favoritos, mas ainda não é carta fora do baralho à ultima vaga.


 


Considerando-se que Criciúma, Vitória e Goiás praticamente já carimbaram passagem à elite do futebol brasileiro, resta ao São Caetano cuidar da vantagem de um ponto sobre o Atlético Paranaense. Qualquer descuido poderá ser fatal. Já há entre as duas equipes uma disputa acirrada. O nervosismo do São Caetano na vitória ante o Ceará ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella por 2 a 0 tem relação direta com a vitória do Atlético algumas horas antes em casa contra o Avaí. Aqueles 3 a 1 colocaram o time paranaense provisoriamente no G-4. Um empate e o São Caetano cairia na classificação.


 


Se o São Caetano tem a vantagem teórica de enfrentar o Atlético no Estádio Anacleto Campanella, numa das oito rodadas que faltam, o time paranaense conta com jogos dentro e fora de casa levemente menos complicados. Além de enfrentar o Atlético, o São Caetano jogará com o terceiro colocado Goiás e com Ipatinga e Boa Esporte, times sem pretensões na competição. O Ipatinga está virtualmente rebaixado à Série C. Fora de casa o São Caetano enfrentará os dois primeiros colocados, Criciúma e Vitória, e dois adversários já descartados na competição, Barueri (praticamente rebaixado) e Guarani de Campinas.


 


O Atlético jogará em casa com duas equipes sem aspirações (Guarani e América de Natal), uma equipe (Guaratinguetá) que luta pra fugir do rebaixamento e terá o clássico com o Paraná. Fora de Curitiba jogará com Vitória, ASA e Criciúma, além do São Caetano.


 


Efeito mala branca


 


Como futebol não é ciência exata e há mais segredos entre os vestiários e o gramado do que imagina a maioria dos torcedores, a perspectiva de alguns desvios estatísticos nas oito rodadas restantes não pode ser desprezada. Se os jogos que restam limitam as emoções a meia dúzia de equipes que disputam uma vaga à Série A (Criciúma, Vitória e Goiás praticamente na Série A) e a outra meia dúzia que procura fugir da Série C, duas das quais (Barueri e Ipatinga) praticamente sem escapatória, sobra espaço suficiente para algumas alquimias de bastidores.


 


Informações de que a mala branca já está a incentivar equipes vem de duas rodadas já efetivadas. Mala branca é a expressão do mundo do futebol que significa o pagamento de incentivo de uma terceira equipe (ou mesmo de mais de uma) para motivar um time praticamente sem esperança classificatória a derrotar um adversário que quer subir ou fugir do rebaixamento. Trata-se de prática legal que não pode ser confundida com a chamada mala preta, que consiste em oferecer dinheiro para perder.


 


O Ceará que enfrentou o São Caetano ontem à noite certamente não estava movido à mala branca, porque os três pontos interessavam como último suspiro classificatório. Até poderia ter conseguido melhor sorte, mas os primeiros 20 minutos de domínio completo do São Caetano e um chute lotérico do volante Marcone, quando o adversário mais pressionava, definiram o resultado. O Ceará dominou praticamente dois terços do jogo, ao realizar tudo que o técnico Emerson Leão certamente desejava ver no São Caetano. Entretanto, nada resiste aos três pontos como argumento de competência mesmo que circunstancial.


 


Qualidades trocadas


 


O que o Ceará realizou em campo que o São Caetano poderia ter feito para transmitir maior grau de segurança de que as rodadas que faltam serão a coroação do Acesso? Exceto a aridez de transformar oportunidades em gols, o time do Nordeste fez tudo que se espera de quem procura a vitória: avançou os laterais, soltou os volantes, movimentou-se no ataque tanto em jogadas de profundidade como de lateralidade e forçou o adversário a trocar um meia de ligação (Éder) por um terceiro volante (Marcone). Defensivamente o time visitante também foi forte, bloqueando a maioria dos contragolpes.


 


Contrariamente ao Ceará, o São Caetano se limitou a maior parte do tempo à marcação. Depois dos primeiros 20 minutos, quando fez 1 a 0 com Marcelo Costa, o time se retraiu demais e ao poucos foi engolfado pelo adversário. Danielzinho se converteu, mais uma vez, na melhor opção ofensiva, mas mesmo assim sempre muito bem marcado. O Ceará construiu pelo menos quatro grandes oportunidades de gols – até que Marcone, aos 36 minutos do segundo tempo, acertasse o ângulo num chute enviesado de fora da área.


 


O corredor ofensivo à direita com o ala Apodi, previamente alertado por Emerson Leão, jamais encontrou barreiras. O São Caetano negligenciou aquele espaço e poderia ter-se dado mal. Tamanho descuido é preocupante. Num futebol em que todos se espionam e procuram anular ou mitigar as forças individuais e táticas dos adversários, permitir aquelas insistentes estocadas é por demais inexplicável.


 


Talvez a melhor lição que o São Caetano tenha extraído da rodada de ontem é que a sustentação no G-4 será cada vez mais um exercício de disciplina tática, técnica e emocional, à parte as dificuldades específicas que cada adversário imporá.  O estreitamento de vagas anaboliza o estado de tensão do grupo, mas não vale a pena ter pesadelos com o Atlético Paranaense nem quando o confronto direto se aproximar. Os 45 minutos finais ante o Ceará foram uma catástrofe coletiva, porque o São Caetano assistiu perplexo o controle do jogo pelo adversário sem esboçar maior poder de reação. Uma paralisia de fundo provavelmente emocional. 


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