O jogo do próximo sábado ante o Atlético Paranaense no Estádio Anacleto Campanella definirá a sorte do São Caetano na Série B do Campeonato Brasileiro. Se vencer, dará um passo importante, embora ainda não decisivo, rumo à Série A, porque faltariam apenas outros quatro jogos e somaria dois pontos a mais que o adversário na luta pela última vaga do G-4. Se empatar terá dificuldades para sustentar uma disputa acirrada até a última rodada. Se perder, dará praticamente adeus. Por isso, a repetição do desempenho no Barradão sexta-feira à noite na vitória de 1 a 0 diante do potencial líder Vitória deverá ser o ingrediente mais valorizado durante a semana de preparação. O São Caetano do técnico interino Ailton Silva fez a melhor exibição na temporada e é sobre essa montanha de confiança que deve se organizar para o possível jogo mais importante do ano.
O segredo do São Caetano que venceu o Vitória da Bahia é um pacote com vários ingredientes. Primeiro, o time foi bem escalado, sem invenções. Segundo, sobraram entusiasmo, confiança, dedicação e empenho. Terceiro, jamais perdeu a concentração, sustentando nível de rendimento homogêneo. Diferentemente da vitória de um ano antes lá mesmo no Barradão por 2 a 1, com gols nos últimos cinco minutos, o São Caetano jogou todo o tempo bem. Não foi um triunfo do acaso ou de apenas alguns bons minutos de futebol.
Ailton Silva tem uma semana inteira para preparar o grupo e é muito provável que o São Caetano saberá se comportar mais uma vez ante novo adversário que está entre os primeiros da competição. O Atlético Paranaense venceu no sábado o Guaratinguetá por 3 a 0 em Curitiba, mas o resultado é enganoso. Estava 1 a 0 até os minutos finais, sofreu pressão de uma equipe que está na zona de rebaixamento e somente após um gol irregular de Paulo Bayer, em posição de impedimento, seguido de um contragolpe já nos descontos, quando o adversário estava entregue às reclamações, o placar se tornou tranquilizador.
Estudando o adversário
É muito provável que o novo treinador do São Caetano já esteja a estudar o adversário. Ailton Silva está há dois anos no Azulão, conhece detalhadamente cada jogador da equipe, sabe o potencial individual e coletivo de cada um deles e jamais fará experimentos desastrosos como Emerson Leão. Samuel Xavier retomou a titularidade da lateral-direita, Diego está garantido na lateral-esquerda, Pedro Carmona ganhou confiança e simplesmente se tornou o melhor em campo na Bahia, enquanto Somália mostrou que tem mais mobilidade e posicionamento que Leandrão. Talvez ele comece com Geovane como companheiro de Somália, porque Danielzinho sofre quando rareiam os espaços a contra-ataques, realidade permanente dos adversários que atuam no Anacleto Campanella. Geovane sabe atuar melhor em pequenos espaços, sem contar que finaliza com mais precisão. Danielzinho é um tormento ao movimentar-se intensamente e a se oferecer como opção de passes e lançamentos. Não é uma escolha fácil.
Até mesmo nas substituições que promoveu durante o segundo tempo no Barradão o técnico Ailton Silva deu provas de que decodifica o elenco sem provocar traumas. Quando Pedro Carmona dava sinais de esgotamento físico, acabou substituído pelo volante Marcone, aos 26 minutos. O meio de campo ganhou mais poder de marcação para suportar a pressão do adversário. Oito minutos depois, aos 33, foi a vez de Geovane substituir o também cansado Danielzinho para dar mais poder de arranque aos contragolpes. Aos 40 minutos Jaime Bustamante entrou como terceiro zagueiro para o São Caetano fechar-se de vez. Eder saiu também esgotado. Tudo isso foi feito com sincronismo cronológico e tático, sem provocar instabilidade no rendimento coletivo. O técnico do Vitória também tentou de tudo, mas os antídotos de Ailton Silva foram eficazes. A cada movimento de peça para dar mais ofensividade à equipe, mais o São Caetano aprimorava o poder de marcação, sem, entretanto, abdicar de investidas em contra-ataques.
Um gol de premiação
O gol marcado por Pedro Carmona no final do primeiro tempo, em rápida transposição com Danielzinho pela esquerda, chutando cruzado no contrapé do goleiro, foi um prêmio à atuação do São Caetano no período. Ocupando todos os espaços, aplicando marcação implacável em todos os setores e valorizando a posse de bola, o São Caetano acorrentou o Vitória em seu próprio campo. Apenas pela direita, com Marquinhos e o lateral Nino Paraíba, e com pontadas pela esquerda com o lateral Mansur, o Vitória criava dificuldades. Nada mais natural, porque o time baiano é um dos fortes concorrentes ao título da competição, dois pontos abaixo do líder Criciúma. Só não é líder porque foi derrotado em casa.
No segundo tempo o Vitória voltou mais ofensivo, incomodou o São Caetano mas nada que possa ser catalogado como agressivamente desconfortável. Em nenhum instante o time da região se viu à beira do empate. Pois é esse rendimento que se espera ante um Atlético Paranaense sempre perigoso nos contragolpes, contando principalmente com os atacantes Marcão e Marcelo, um meia-atacante que finaliza com força, caso de Elias, um segundo volante (João Paulo) igualmente perigoso nos arremates de fora da área e dois laterais que avançam o tempo todo. Um Atlético Paranaense que tem dificuldades para recompor-se defensivamente e deixa as extremidades do campo com certa liberdade ao adversário.
Como se observa, não será uma façanha o São Caetano vencer o Atlético e ocupar a quarta posição com dois pontos de vantagem. O outro lado da moeda é que também não será uma moleza. Até porque moleza na Série B não se tem nem com quem ocupa a zona de rebaixamento. Basta lembrar que ante o Barueri e o Ipatinga o São Caetano só somou dois pontos nos jogos que antecederam aos três pontos conquistados em Salvador.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André