Esportes

Empates demais com Sérgio Guedes
tiram São Caetano da festa do Acesso

DANIEL LIMA - 26/11/2012

O São Caetano empatou demais durante o período de 18 jogos sob o comando do técnico Sérgio Guedes, por isso perdeu no critério de desempate uma vaga à Série A do Campeonato Brasileiro do próximo ano. O Azulão fez a melhor campanha de seis temporadas na Série B, somou o mesmo número de pontos do Atlético Paranaense e do Vitória da Bahia (71) que, entretanto, festejaram o acesso no último sábado. Tudo porque superaram o São Caetano no primeiro critério de desempate (número de vitórias): foram 20 do São Caetano (que venceu o Guarani em Campinas na rodada final por 2 a 1) ante 21 do Vitória (empatou em casa de 1 a 1 com o Ceará) e também 21 do Atlético (empatou o clássico com o Paraná por 1 a 1).


 


Somente duas entre as 20 equipes da Série B empataram mais vezes que o São Caetano: o América de Natal (nono classificado) e o ABC (12º) contaram com apenas um ponto em 12 jogos diferentes. Os 11 empates registrados pelo São Caetano se igualaram aos obtidos pelo Ceará (11º colocado), e aos do Boa Esporte (15º colocado). Dos times que comemoram o acesso à Série A, quem mais empatou foi o Goiás (nove vezes). O Criciúma empatou sete vezes, o Atlético Paranaense e o Vitória oito.


 


O consolo para o São Caetano que jamais chegou tão perto do retorno à Primeira Divisão do futebol brasileiro é que o legado da temporada pode embalar o sonho de voltar a protagonizar a Série A do Campeonato Paulista e também dar grande impulso na Série B do Campeonato Brasileiro de2013. Para isso bastam alguns reparos no elenco, porque mostrou, mesmo com oscilações, que é sério concorrente àquelas próximas competições. Quanto mais jogadores importantes segurar e com reforços principalmente no sistema ofensivo, mais os projetos para o ano que vem serão viáveis.


 


O São Caetano fez campanha de acesso à Série A. Finalizou a temporada com 71 pontos ganhos. O índice de aproveitamento de 62,28% foi alcançado por poucas equipes desde que a Série B começou a ser disputada em turno e returno com 20 equipes. A pontuação elevada levou o São Caetano e as demais equipes que concorreram diretamente ao acesso (Goiás e Criciúma só se classificaram na penúltima rodada) a reformularem projeções. Quando a temporada começou, dava-se como certo que com aproveitamento de 55% o acesso estaria garantido. Foi com esse teto que algumas equipes chegaram à Série A nas temporadas passadas.  Outras não precisaram de tanto.


 


Sete empates em 18 jogos


 


Os números do aproveitamento do técnico Sérgio Guedes mostram que a direção do São Caetano estava repleta de razão quando o demitiu, depois de 18 jogos, praticamente a metade da competição. Guedes chegou ao São Caetano após as duas primeiras partidas (e derrotas) sob o comando de Márcio Araújo, que dirigiu a equipe no segundo turno da Série B do ano passado e durante toda a Série A do Campeonato Paulista. Márcio Araújo deixou um time malemolente, sem competitividade.


 


Sérgio Guedes, que está tentando tirar o Sport Recife do rebaixamento à Série B, trabalhou intensamente o grupo. Deu personalidade defensiva e investiu nos contragolpes. Mas foi perdendo fôlego aos poucos, deixando escapulir a disciplina no elenco enquanto exagerava na dose defensiva. Quando foi demitido, o São Caetano ganhara 34 pontos em 18 jogos -- aproveitamento de 62,96%. Não faltou quem criticasse a direção do clube. Esqueceram de prestar atenção ao excesso de empates --foram sete no total, ou em 38,8% dos jogos. Embora o rendimento numérico da equipe fosse suficiente para realizar o sonho do acesso, a perspectiva com a manutenção de Sérgio Guedes parecia comprometedora. Nas últimas rodadas, até ser demitido, o São Caetano dava sinais de esgotamento técnico-tático ao passar a ser mais observado pelos adversários.


 


A queda de Sérgio Guedes foi seguida da contratação do disciplinador Emerson Leão. O elenco precisava de uma sacudida, de um pouco mais de ordem interna, e também de uma dose maior de ofensividade. O que se viu foi uma sucessão de bons resultados. Até que as deficiências de Leão afloraram. Intolerante, indispôs-se com alguns importantes jogadores do elenco e perdeu também o prumo tático com critérios de preparação defasados.


 


Depois da goleada de 4 a 1 para o ASA, em Arapiraca, não havia alternativa senão demitir o técnico. Manter Leão seria um grande risco. A equipe estava fadada a cair pela tabela e a perder a corrida pelo acesso. Leão deixou estatística mais favorável que a de Sérgio Guedes: foram 12 jogos, 66,66% de aproveitamento (24 pontos conquistados em 36 possíveis) e apenas três empates (25% dos jogos). Com os números de Emerson Leão o São Caetano não teria tido sobressaltos para subir.


 


Mas não foi a troca do experiente treinador por Ailton Silva que impediu a festa do São Caetano. O profissional que o São Caetano contava no grupo como espécie de assessor técnico conseguiu muito mais nos seis jogos de comando: foram 13 pontos ganhos em 18 disputados (aproveitamento de 72,20%) e apenas um empate no período (16,66%). Números que, projetados para o todo do campeonato, assegurariam a Série A do Brasileiro.


 


Tempo demais para Araújo


 


Provavelmente o grande erro do São Caetano, que acertou em todas as vezes que decidiu trocar de treinador, tenha sido manter por toda a fase de preparação e nos dois jogos iniciais o técnico Márcio Araújo, após seguidas provas de deficiências na Série A do Campeonato Paulista. Márcio Araújo é cultivador de paz e amor que não cabem no figurino de competitividade do esporte. Com ele o São Caetano quase foi rebaixado. Livrou-se do descenso na penúltima rodada, após uma improvável vitória sobre o Santos no Anacleto Campanella. Com ele o São Caetano perdeu para o ASA em casa e para o Avaí em Santa Catarina nos dois primeiros jogos da Série B, quando então foi demitido.


 


Se é verdade que a longevidade de Márcio Araújo não oferece contestação, porque não é apenas com bom ambiente do grupo de atletas que se conseguem bons resultados, o legado de Sérgio Guedes só agora aparece com mais sustentabilidade crítica. A série de sete empates em 18 jogos custou caro. E foi reflexo do temperamento do treinador, excelente na preparação defensiva mas tímido demais na organização ofensiva. O São Caetano do período de Sérgio Guedes poderia ter vencido pelo menos um dos jogos que empatou no Estádio Anacleto Campanella – com o América de Minas, com o Paraná, com o Vitória da Bahia, com o Criciúma, ou mesmo ter superado o Guarani, quando perdeu de 2 a 1.


 


Foram pontos desperdiçados entre outros motivos porque Sérgio Guedes não soube utilizar o banco de reservas como alternativa para tentar mudar um resultado ou, principalmente, assegurar uma vantagem. Um zagueiro ou um volante a mais, quando se está com vantagem no placar, é prática comum entre treinadores consagrados que captam o movimento adversário de potencialização ofensiva. Ailton Silva, um técnico que tinha tudo para ser interino mas que pode ser mantido para o Campeonato Paulista, utilizou da medida em vários jogos. E se deu bem.


 


De qualquer forma, o São Caetano que terminou entre os primeiros da Série B do Campeonato Brasileiro tornou-se uma das melhores notícias da região nesta temporada.  A visibilidade positiva que voltou a esparramar pelo País mereceria muito mais apoio dos torcedores, elemento que ajuda a conquistar resultados que fazem a diferença.


 


Quem afirma que torcida não ganha jogo é doente da cabeça ou não entende nada de futebol. Estatísticas estão aí para provar o contrário. Um time de qualidade e torcida forte formam associação que possivelmente teria forçado Sérgio Guedes a comandar pelo menos uma vitória a mais no Estádio Anacleto Campanella, em vez de tantos empates.


 


A vitória ante o Guarani em Campinas por 2 a 1 mostrou um São Caetano suficientemente maduro para saber explorar o desespero de um adversário que, ante a combinação de resultados, foi rebaixado à Série C. Danielzinho fez os dois gols em jogadas semelhantes, lançado por um Ailton que entrou aceso no jogo. Bem diferente do jogo anterior, no empate com o Goiás, quando desperdiçou um pênalti aos 42 minutos do segundo tempo. Um doloridíssimo empate – o único do período do técnico Ailton Silva.


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