Salvo traquinagens do destino e com base na classificação após a nona rodada, nove das 20 equipes que disputam a Série A do Campeonato Paulista têm de se acautelarem para não cair. São Caetano e São Bernardo estão na relação, assim como Mirassol, Ituano, XV de Piracicaba, Guarani, Oeste, Atlético Sorocaba e União Barbarense.
Como acho muito pouco provável que escapem União Barbarense e Atlético Sorocaba, e torço para os dois times da região se safarem, vou apostar as fichas com torcida organizada jogo por jogo para que Oeste e Guarani confirmem minhas impressões e se deixem levar pelas águas do descenso.
Acho improvável que Ituano, XV de Piracicaba e Mirassol caiam nas teias da desilusão. Ou que qualquer uma das outras 12 equipes fora da relação não consiga fazer pelo menos sete pontos em 30 a disputar.
O relativo equilíbrio de forças das equipes em seus respectivos agrupamentos – grandes médios e pequenos – praticamente inviabiliza série mais extensa de resultados positivos. Façanhas na Série A do Campeonato Paulista são menos prováveis que, por exemplo, na Série A ou na Série B do Campeonato Brasileiro. Quando ocorrem, estão reservadas às grandes equipes.
Não me venham com cálculos matemáticos estrambólicos que contemplem o pacote de 10 rodadas porque não os atenderei. Apenas quando faltarem cinco rodadas, margem de erro mais compatível com algo que seja minimamente exequível, não a alquimia de agora, ousarei traçar um diagnóstico numérico, com metodologia própria.
Não esnobarei como o pessoal de sites especializados que chegam a detalhismos invejáveis. Tenho horror à sofisticação métrica dos números. Aliás, sobre isso, estou lendo um livro impagável de um autor norte-americano. “Os números (não) mentem” -- eis a obra-prima que desmonta não só o altar, mas toda a catedral dos fazedores de ilusões respaldados por numerologias mais que abomináveis. Recorro ao Google para não deixar informação pela metade. É de Ivan Weisz Kuck o brilho intelectual do livro ao qual recorro sempre que posso para avivar a desconfiança ante a apresentação de prestidigitadores que ocupam a mídia sem a menor cerimônia. Há mais vendedores de ilusão no mercado da notícia do que imaginam os mais céticos leitores.
Para as duas equipes da região fugirem do rebaixamento vai ser preciso que melhorem muito e façam prevalecer os fatores campo e torcida, mesmo que a torcida não seja lá uma Brastemp no caso do São Caetano.
Os 15 pontos de que necessita o São Caetano equivalem à campanha realizada até agora pelo Botafogo de Ribeirão Preto, exatamente o adversário de sábado que vem. Foram quatro vitórias, três empates e duas derrotas. Já o São Bernardo precisa de novos 14 pontos, algo como a campanha do Corinthians até agora, com três vitórias, cinco empates e uma derrota.
A vantagem das duas equipes da região é que as campanhas de Botafogo e Corinthians, referenciadas como metas numéricas, desenvolveram-se em nove rodadas, contra 10 que as esperam. Ou seja, há uma rodada a mais para a obtenção dos resultados necessários. Nesse caso, o São Bernardo pode perder até dois jogos dos que lhe restam, e o São Caetano até três. Ou seja, o São Caetano terá de vencer quatro vezes, empatar três e perder três. E o São Bernardo vencer três, empatar cinco e perder duas. Viram que para escapar não é tão difícil assim?
Fiz uma rápida incursão nos 10 jogos que restam ao São Caetano e ao São Bernardo para chegar à seguinte conclusão: embora o São Bernardo tenha um ponto a mais na classificação, as possibilidades são rigorosamente semelhantes. Um ponto a mais é sempre uma vantagem, se o confronto se circunscrever entre as duas equipes para ver quem escapa da degola. Mas a vantagem do São Bernardo se desfaz porque dos oito jogos contra adversários de pequeno e médio porte, disputa quatro em casa e quatro fora, enquanto o São Caetano disputará cinco em casa e três fora. Os outros dois jogos de cada uma das equipes serão com os chamados grandes. O São Caetano pega o Palmeiras no Anacleto Campanella e o Santos na Vila Belmiro. O São Bernardo enfrenta o Corinthians no Pacaembu e o São Paulo no Primeiro de Maio. Recomenda-se que não se contabilize ponto algum nas projeções para fugir do rebaixamento no caso desses enfrentamentos. O que vier é lucro.
A preferência por Guarani e Oeste de Itápolis como salvadores da pátria das equipes da região (além de União Barbarense e Atlético Sorocaba) se deve, além de fatores técnicos, de acompanhamento do rendimento das duas equipes, também aos jogos que restam, evidentemente.
O Oeste tem três pontos acima do São Caetano e dois acima do São Bernardo e vai jogar cinco vezes em casa e três fora, além de enfrentar dois grandes, São Paulo (fora) e Santos (em casa).
A situação do Guarani é mais de desconfortável na tabela, com os mesmos oito pontos ganhos do Oeste: dos 10 jogos que lhe restam, três dos quais contra os chamados grandes (Santos e Palmeiras fora, e Corinthians no Brinco de Ouro) completará a jornada com outros quatro jogos em casa, contra Mogi Mirim, Paulista, Atlético Sorocaba e União Barbarense, e outros três fora, contra Mirassol, Oeste e Penapolense.
A sugestão aos torcedores do São Caetano e do São Bernardo é que fiquem de olhos bem abertos nos jogos das demais equipes a cada rodada. Ou seja: os 90 minutos imaginados de torcida são de fato 810, ou um pouco menos quando concorrentes diretos se enfrentarem.
Essa torcida múltipla causa estresse, dores de cabeça, intolerância, tudo isso e muito mais. Cada vez que aparece na TV paga aquela bola estilizada a anunciar um gol na rodada, o coração de quem quer fugir do rebaixamento bate mais forte. Já estamos escolados com esse ritual, mas jamais nos acostumados. Só sossegamos quando a vaca vai definitivamente para o brejo ou a ameaça desapareceu de vez.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André