Esportes

Fica Geninho, eis a melhor pedida
para o São Caetano no Paulista

DANIEL LIMA - 05/03/2013

Os dirigentes do São Caetano estão absolutamente certos: Geninho tem de continuar até o final do Campeonato Paulista e preparar o time para a Série B do Campeonato Brasileiro, porque foi contratado para isso, depois de anos de namoro.


 


O rebaixamento do São Caetano à Série B Paulista não estava nos planos, agora está e não é por isso que o projeto tem de ser desativado. Pode custar caro? É claro que pode, porque está faltando liga entre o treinador e o grupo de jogadores, mas quem disse que se trata de algo inexorável. Quem sabe as coisas mudam?


 


Fortíssimo candidato ao rebaixamento, o primeiro no futebol paulista desde que chegou ao topo da hierarquia, o São Caetano sabe que as dificuldades nas nove rodadas que faltam são portentosas.


 


O índice de produtividade para fugir da queda precisa alcançar 55,55% nos jogos que restam. Tudo para chegar a 20 pontos, o limite mais garantido a disputar a Série A mais uma vez, no ano que vem. Talvez com menos pontos seja possível escapar. Hoje a marca de corte é de 17 pontos, do Atlético Sorocaba, o primeiro fora do paredão. Mas o melhor mesmo é trabalhar com maior elasticidade.


 


O São Caetano é vítima do próprio sucesso e da ambição natural de pretender superar a campanha extraordinária na Série B do Brasileiro no ano passado. A equipe ganhou reforços de peso para esta temporada. Rivaldo, Jobson, Fabinho, Pirão, entre outros, não são jogadores quaisquer. A competição estadual foi projetada como um salto ao futuro, ao futuro do Campeonato Brasileiro. O rebaixamento jamais constou da lista de desafios. Agora consta e não tem saída, deve ser encarado com altivez. A Portuguesa está na Série A do Brasileiro e disputa a Série B do Paulista. Não é catástrofe alguma eventual queda do São Caetano.


 


Perdas e danos


 


Mas jogar a toalha jamais deve constar do dicionário de competitividade do São Caetano. As contusões associadas à chegada de reforços dilapidaram o patrimônio coletivo da equipe, que só não subiu à Série A do Brasileiro no ano passado por conta do saldo de gols, após campanha de 62% de aproveitamento, estouradamente a melhor da história da competição entre as equipes que não conseguiram o acesso. Mais que isso: acima da maioria das equipes que subiram.


 


Como na Série B do Brasileiro do ano passado, quando cada troca de treinador se comprovou solução indexada ao plano de chegar o mais próximo possível do topo classificatório, o São Caetano acerta de novo ao descartar a demissão de Geninho. A decisão pode se comprovar equivocada, mas não custa nada acreditar em uma saída que está longe de ser milagrosa.


 


Geninho é experiente, sabe lidar com situações de gravidade, aparentemente tem a calma de quem não vê incêndio em cada canto do porão de maus resultados e, portanto, goza de estrutura ambiental suficiente para costurar um time pelo menos metade diferente do que jogou no ano passado.


 


Pelo futebol que jogou até agora na competição o São Caetano combina perfeitamente com a tabela de classificação, lanterninha com apenas 17% de produtividade. Mas, mesmo assim está a apenas quatro pontos e a quatro adversários da margem escapatória do rebaixamento. E há outras quatro equipes um pouco acima mas não o suficiente para se sentirem livres do perigo. Ou seja: como na semana passada, há nove equipes potencialmente rebaixáveis, distantes no máximo seis pontos, caso de Mirassol e Oeste com 11 pontos e o São Caetano com cinco. Há, portanto, uma contabilidade a favorecer a reconquista da autoestima.


 


Tabela prejudicial


 


Não se pode esquecer que a tabela da competição levou o São Caetano ao estado de apoplexia emocional. Dos nove primeiros jogos, seis foram fora de casa. Dos três em casa, um foi contra o São Paulo. Tudo sob medida a complicações.  


 


O São Bernardo viveu situação análoga e também se afundou na competição. Francamente, a Federação Paulista de futebol utiliza-se de critérios inconcebíveis para distribuir a ordem de jogos. O mando de jogos em maior número desde a rodada do final de semana reúne potencial mitigador insofismável, porque o São Caetano está em frangalhos emocionais.


 


Havia uma atmosfera de indecisão, de medo, de cuidados extremos, em cada movimento individual e coletivo ante o Botafogo de Ribeirão Preto. A equipe de Geninho está traumatizada. Possivelmente não acredita quando observa a classificação e o clube aparece lá embaixo. Não há nada mais dilacerante.


 


O comportamento emocional de Geninho e as medidas técnicas e táticas que adotará definirão o futuro imediato do São Caetano. O time precisa jogar mais solto, mais ofensivo, sem se descuidar da defesa reforçada com a volta de Fabinho.


 


Estão a faltar ao São Caetano pelo menos duas alternativas de ataque que incomodem os adversários e que se traduzam em gols. O São Bernardo já encaixou Régis como libertador pela direita e os atacantes velozes Gil e Ricardinho como incômodos ao domínio adversário. Talvez Rivaldo seja a melhor resposta do São Caetano. E Jobson também.


 


Rivaldo mais avançado?


 


Rivaldo deveria jogar mais próximo da grande área (lembram-se do gol contra o Corinthians?) porque já não tem mobilidade e intensidade para atuar na meia-armação. Jobson também é mal explorado. A velocidade em diagonal pela direita, e uma réplica com Danielzinho pela esquerda, poderia manter os laterais adversários muito mais inquietos com os contragolpes. Pirão, um segundo volante com técnica para atacar, também pode ser um fator surpresa importante, como insinuou no primeiro tempo do jogo com o Botafogo.


 


Geninho não só não deve sair do São Caetano como deve ser desafiado a encontrar alternativas táticas para um time tão recheado de bons valores. A falta de entrosamento prejudica o grupo, mas quem disse que o pragmatismo não pode resolver muitas situações que parecem definitivas? Trocar a sofisticação tática pela letalidade não parece tão difícil.


 


O São Caetano não deve desistir do projeto de fazer da Série A Paulista o caminho de preparação à Série B do Campeonato Brasileiro, mas sem dúvida precisa apressar o passo de definição tática emergencial para superar os problemas imediatos. Mesmo que isso represente alguma mudança no cronograma de definições para o Campeonato Brasileiro. Talvez alguém tenha interpretado equivocamente a proposta de tornar o Campeonato Paulista um ensaio do Campeonato Brasileiro. Agora que o alerta foi acionado, não há mais tempo a perder.


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