A rodada de Páscoa da Série A do Campeonato Paulista foi boa para o São Bernardo e ruim para o São Caetano. Poderia ter sido complicada para o São Bernardo que empatou em Santa Bárbara Do Oeste de 0 a 0 com o União e péssima para o São Caetano que perdeu em casa, no Estádio Anacleto Campanella, para o forte Mogi Mirim por 2 a 0. Menos mal que apenas o Atlético Sorocaba, entre os agora nove times ameaçados de rebaixamento, conseguiu vencer (3 a 0 em Campinas ante o Guarani). Com isso, a equipe do interior fugiu da zona de descenso, agora ocupada por Guarani, São Caetano, União Barbarense e Ituano.
Atlético Sorocaba, Mirassol, XV de Piracicaba, São Bernardo e Paulista de Jundiaí completam a lista de rebaixáveis. Mas o São Bernardo e o Paulista, com 17 pontos, estão apenas residualmente sujeitos à queda. No máximo precisam de mais três pontos, levando-se em conta que a margem de segurança é de 20. Com menos é possível escapar. A três rodadas do final a perspectiva é de que seriam necessários 18 pontos, mas o melhor é confiar na estatística histórica: quem faz 20 pontos raramente cai.
As possibilidades de queda continuam a ser expostas nesta revista digital como espécie de bússola à compreensão da gravidade ou não de cada equipe. Mesmo com a derrota em casa o São Caetano segue com os mesmos 70% de potencialidade de rebaixamento da rodada anterior, quando empatou também em casa com o XV de Piracicaba. Não houve alteração por conta dos demais resultados. Já o empate do São Bernardo com o União reduziu de 20% para 5% o risco de rebaixamento.
Quem deu um grande salto para fugir da Série B do Campeonato Paulista do ano que vem foi o Atlético Sorocaba, após empatar com o São Bernardo no meio da semana e vencer o Guarani em Campinas. A equipe que chegou a contabilizar 90% de risco reduziu a carga para 30%, entre outras razões porque tem dois dos três próximos jogos em casa contra adversários do mesmo nível. Tem de resolver tudo nesses jogos, porque vai encerrar o campeonato fora de casa com o Corinthians.
Salvo surpresas, o São Caetano disputa principalmente com o Ituano, com 55% de potencial de queda, e o Mirassol, com 50%, a permanência na Série A. A equipe da região precisa superá-las e contar com a confirmação de queda do Guarani e do União Barbarense. É uma situação dramática que poderia ser amenizada ante um resultado improvável: vencer o Santos nesta quinta-feira no Pacaembu.
Veja as condições classificatórias de cada uma das equipes e o risco de rebaixamento:
1. Guarani tem 10 pontos ganhos, duas vitórias e saldo negativo de 13 gols. Vai jogar com o Penapolense (f), Palmeiras (f) e União Barbarense (c). Possibilidades de queda: 90%.
2. São Caetano tem 11 pontos ganhos, duas vitórias e saldo negativo de 14 gols. Vai jogar com o Santos (f), Penapolense (f) e Paulista (c). Possibilidades de queda: 70%.
3. União Barbarense tem 12 pontos ganhos, duas vitórias e saldo negativo de 11 gols. Vai jogar com o Ituano (f) Santos (c), Guarani (f) e São Paulo (c). Possibilidades de queda: 70%.
4. Atlético Sorocaba tem 13 pontos ganhos, três vitórias e saldo negativo de quatro gols. Vai enfrentar o Mirassol (c), Oeste (c) e Corinthians (f). Possibilidades de queda: 30%.
5. Ituano tem 13 pontos ganhos, três vitórias e 11 gols de saldo negativo. Vai jogar com o União Barbarense (c), Paulista (f) e Palmeiras (c). Possibilidades de queda: 55%.
6. XV de Piracicaba tem 15 pontos ganhos, três vitórias e seis gols de saldo negativo. Vai jogar com o Bragantino (c), São Paulo (f) e Botafogo (c). Possibilidades de queda: 25%.
7. Mirassol tem 15 pontos ganhos, quatro vitórias e saldo negativo de dois gols. Jogará com o Atlético Sorocaba (f), Ponte Preta (f) e Linense (c). Possibilidade de queda: 50%.
8. São Bernardo tem 17 pontos ganhos, quatro vitórias e saldo negativo de sete gols. Vai jogar com Corinthians (f), Mogi Mirim (c) e Oeste (f). Possibilidades de queda: 5%.
9. Paulista tem 17 pontos, quatro vitorias e cinco gols de saldo negativo. Vai jogar com o Mogi Mirim (f), Ituano (c) e São Caetano (f). Possibilidades de queda: 5%.
A derrota do São Caetano
Sem ser brilhante, mas também sem deixar-se enredar por erros, o São Caetano fez os melhores 30 primeiros minutos no Estádio Anacleto Campanella nesta temporada ante o Mogi Mirim, mas como desperdiçou pelo menos duas ótimas oportunidades para marcar, pagou preço caro: o cuidadoso adversário fez o gol na primeira oportunidade que criou e ficou à vontade no jogo porque o São Caetano entrou com três zagueiros para se proteger e tentar vencer numa bola parada, principalmente. E quem fez de bola parada foi o zagueiro Thiago Alves, que, no primeiro pau, desviou um escanteio e contou com o desvio de Wagner. Com 1 a O no placar, o São Caetano perdia a alternativa principal de ganhar o jogo numa jogada isolada.
No segundo tempo, mesmo teoricamente mais ofensivo, com a saída do contundido zagueiro Bruno Aguiar e a entrada do armador Pedro Carmona, o São Caetano foi menos enfático que o adversário. E ruiu de vez a partir dos 30 minutos quando Wagner foi expulso. Pouco antes, aos 24 minutos, na segunda tentativa de penetração ante um São Caetano que se abria para tentar chegar ao empate, o Mogi Mirim fez 2 a 0 num rápido contragolpe, com lançamento em diagonal e a penetração de Wagner, fechando como ponta.
A principal lição para o time do técnico interino Daniel Martine é que eficiência é fundamental quando se está com a corda no pescoço, caso do São Caetano, e também quando se está perto de chegar à nova etapa do campeonato, caso do Mogi Mirim.
O time do Interior está longe de ser brilhante, embora faça campanha excelente. A solidez na marcação é resultado de mobilização intensa de todos os jogadores na redução do espaço. O Mogi Mirim jogou numa espécie de 4-5-1, deixando adiantado apenas Henrique, mesmo sem fixar-se como centroavante. Com a bola nos pés o Mogi Mirim avançava em bloco, com trocas de passes longe de ser intensas, mas suficientemente envolventes.
Tudo isso sofreu fortes restrições no terço em que o São Caetano teve o controle tático e técnico do jogo, com laterais avançados, três zagueiros bem protegidos, Ailton aproximando-se do centroavante Jael e o segundo volante Pirão penetrando com a bola. Até a ausência de Danielzinho, contundido, não pesava. Ailton perdeu duas ótimas oportunidades aos 17 e 24 minutos, sempre em jogadas de aproximação. A eficiência que lhe faltou o zagueiro do Mogi Mirim teve após a cobrança de escanteio e traçou caminhos diferentes no jogo até o final.
Empate do São Bernardo
O São Bernardo só jogou de verdade nos últimos 15 minutos do segundo tempo em Santa Bárbara, depois de o adversário ficar com um jogador a menos (Camacho foi expulso aos 28) e quando o técnico Wagner Lopes, como no jogo do meio de semana ante o Atlético de Sorocaba, substituiu os reticentes meias de articulação Bady e Michel pelos atacantes Ricardinho e Judson. É verdade que o União já dava sinais de esgotamento físico, mas nada disso tira o mérito da transformação do São Bernardo. Foram quatro oportunidades de ouro desperdiçadas ou superadas pelo goleiro adversário.
Fora os 15 minutos finais, e principalmente no primeiro tempo, o São Bernardo foi um show de horrores. Defendeu mal, não articulou e muito menos atacou. Fernando Baiano permaneceu o tempo todo isolado, Gil contido, os meias Bady e Michel omissos, os volantes só na marcação e a defesa confusa. O União teve cinco possibilidades para marcar, contando com três zagueiros, laterais avançados e volantes a se movimentar com liberdade. Só pecava nas finalizações. Faltava eficiência.
No segundo tempo o São Bernardo adiantou a marcação, Michel acordou e passou a ocupar as costas dos volantes, Fernando Baiano procurou sair do enclausuramento dos zagueiros de área e Gil deu algumas escapadelas. Nada muito significativo até que Camacho fosse expulso 28 minutos.
O União, que já vinha perdendo força ofensiva, embora fosse mais competente com a bola nos pés, desabou com a expulsão porque não soube marcar nem atacar. Os gols que escaparam ao São Bernardo não devem fazer falta. O empate de zero a zero é bom resultado para quem está tão próximo da fuga do rebaixamento, mas agravou a situação de quem tenta uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro desta temporada.
Ao que tudo indica, o time seguirá na Quinta Divisão do Brasileiro, ou seja, sem calendário importante na sequência do Campeonato Paulista. Exceto a disputa da Copa Brasil, eliminatória e possivelmente breve.
O técnico Wagner Lopes talvez esteja a se perguntar o que fazer, agora que o São Bernardo tem praticamente todas as jogadas ofensivas marcadas pelos adversários e, sem alternativas, tornou-se óbvio. Sorte que o campeonato está acabando. Mas nada que deva ser lamentado. Piores situações vivem equipes que nem mesmo tiveram durante algum tempo um sistema tático a amealhar bons resultados. Caso do São Caetano, por exemplo.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André