Empatar de zero a zero hoje com o Paraná em Curitiba foi um resultado bem melhor que o desempenho do São Caetano na segunda rodada do primeiro turno da Série B do Campeonato Brasileiro. O time de Marcelo Veiga sofreu um bocado o tempo todo porque não encaixou a marcação, não acertou os contragolpes e também porque se excedeu em faltas que resultaram em sete cartões amarelos, vários dos quais exageradamente rigorosos.
Ainda bem que pelo menos três jogadores atuaram acima da média. Os zagueiros Douglas Grolli e Luiz Eduardo e o goleiro Rafael Santos corrigiram todas as falhas individuais e coletivas da equipe. O Paraná foi melhor o tempo todo, pressionou, perdeu pelo menos três ótimas oportunidades e sugeriu a cada minuto que atenderia ao desejo do narrador do Sportv de gritar o gol que tanto anunciava, mas não rompeu o lacre do adversário.
Alguns pontos precisam ser ressaltados para que não se perca a perspectiva de que em fase de reformulação o São Caetano deixaria de apontar para um horizonte de sucesso. Primeiro, o técnico Marcelo Veiga ainda está conhecendo os jogadores de que dispõe e por isso mesmo comete falhas. Segundo, porque o gramado extremamente escorregadio atrapalhou os planos de contragolpes como arma à esperada pressão do adversário. Terceiro, porque o árbitro atuou com rigor extremo e distribuiu cartões em excesso, além de tratar desigualmente jogadas semelhantes.
A boa notícia que sobrou do empate-vitória em Curitiba é que o próximo jogo do São Caetano será disputado em casa contra o Chapecoense e a perspectiva de somar mais que 50% dos pontos de produtividade – seriam cinco em nove – deverá mover a equipe rumo ao ataque. O plano do São Caetano é somar o máximo possível de pontos antes da parada técnica da competição por conta da Copa das Confederações. Serão cinco jogos ao todo até que 15 dias se passem à retomada do campeonato. Um intervalo providencial para Marcelo Veiga intensificar a preparação da equipe com base no rendimento individual e coletivo dos cinco primeiros jogos.
Dupla virgindade
Tudo indica que o treinador que dirigiu o Bragantino em cinco edições da Série B do Brasileiro terá muito trabalho porque o sistema ofensivo segue virgem no campeonato, depois de 180 minutos. Nada por acaso, porque há carência de finalizações de fora da área, baixa verticalização em bolas trabalhadas tanto pelas laterais quanto pelo meio e uma dificuldade fora do comum em manter a posse de bola. Já o sistema defensivo também virgem não pode depender tanto de individualidades como hoje.
Por mais que o goleiro Rafael Santos e os zagueiros Douglas Grolli e Luiz Eduardo façam sucesso, há questões a serem superadas. A principal é de ordem tática. Leandro Carvalho está sendo utilizado como híbrido de volante e terceiro zagueiro. Se na estreia contra o Ceará ele se posicionou com inteligência, sempre entre Grolli e Luiz Eduardo, em Curitiba parecia deslocado, sem saber se deveria priorizar a função de zagueiro ou de volante.
Estranha-se que Marcelo Veiga insista em ter Leandro Carvalho exercitando dupla função, de acordo com as circunstâncias do jogo, já que geralmente no Bragantino ele se definiu por um terceiro zagueiro fixo, liberando calibradamente os volantes e os laterais. No Anacleto Campanella a atuação de Leandro Carvalho como zagueiro de área até que um jogador do Ceará fosse expulso e Marcelo Veiga tenha decidido liberá-lo ao meio de campo foi uma boa surpresa. Com agilidade e senso de colocação ele contribuiu muito para evitar estragos nos rápidos contragolpes do tricampeão estadual. Já em Curitiba, Leandro Carvalho passou mais tempo dividindo as funções de volante com Dudu.
O retorno de Jael
O retorno de Jael ao ataque contra o Chapecoense é uma boa notícia. O atacante expulso ante o Ceará e que cumpriu suspensão automática hoje fez muita falta. Geovane, escolhido por Marcelo Veiga, não viu a cor da bola. Primeiro, porque não é centroavante. Segundo, porque sente falta de ritmo de jogo para atuar como segundo atacante. Como não conta com porte físico típico dos centroavantes que atuam como pivô, Geovane sofreu entre os zagueiros nas poucas vezes em que tentou ganhar divididas e nos recuos para tentar partir com a bola dominada esbarrou nos volantes adversários.
A simplificação tática do São Caetano nesse período em que Marcelo Veiga ainda esculpe o grupo é a melhor saída, e para tanto Jael ou um substituto assemelhado é a alternativa mais apropriada para o comando do ataque. O São Caetano do jogo em Curitiba mal reteve a bola no ataque e encontrou na forte marcação um obstáculo à redução da pressão adversária. Foram praticamente 90 minutos de controle do Paraná, mesmo que isso não significasse ritmo frenético.
Ante tantas complicações, ganhar um ponto fora de casa foi uma dádiva. Sobretudo porque a espada de uma arbitragem implacável nos cartões amarelos colocou a cabeça do São Caetano em situação de suspense. Já com 10 minutos o meia Danilo Bueno e o zagueiro Luiz Eduardo foram advertidos pelo árbitro. As reclamações dos jogadores do São Caetano nos vestiários, no intervalo do jogo, preocuparam tanto o técnico Marcelo Veiga que, entrevistado pela TV, revelou que pediu a todos que esquecessem a arbitragem. O agravante é que o São Caetano também continuou a esquecer de jogar.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André