O São Caetano confirmou na vitória de 3 a 0 ontem à noite em Itápolis, ante o Oeste, a evolução dos dois jogos anteriores e vai passar três semanas de descanso por conta da Copa das Confederações livre do trauma do rebaixamento à Série B do Campeonato Paulista. O resultado garantiu à equipe de Marcelo Veiga um lugar (nono) entre os 10 primeiros da Série B do Campeonato Brasileiro, mas isso é apenas relativamente importante, porque ainda faltam ser disputados 85% dos pontos de uma competição longa, desgastante e repleta de contratempos. De qualquer maneira é um embalo, até porque a equipe está a quatro pontos da linha de corte do grupo de elite à Série A do Campeonato Brasileiro. Nada mal para quem integrava a zona de rebaixamento após as primeiras três rodadas.
Importante mesmo foi o São Caetano vencer ontem à noite jogando quase todo o primeiro tempo com um brilho pouco visto mesmo na excelente campanha da Série B do ano passado, quando chegou em quinto lugar e só não subiu por conta de critérios do regulamento. Quem só enxergou deficiências no Oeste no jogo de ontem são os mesmos que só observam um time em campo, geralmente o time de sua preferência. O Oeste foi superado por um adversário muito mais forte. O São Caetano bloqueou praticamente todas as combinações ofensivas do Oeste e ainda foi contundente no ataque.
Se mesmo na derrota para o Bragantino sábado à noite por 1 a 0 no Interior do Estado o São Caetano já demonstrara ganhar forma e conteúdo, na vitória de ontem à noite, então, foi a consumação das virtudes. Com um sistema defensivo que deixa poucos espaços aos adversários, um meio de campo que agride pelas laterais e também pelo centro e um atacante, Jael, pronto para ganhar a maioria das bolas disputadas com os zagueiros, o São Caetano não poderia mesmo deixar de vencer.
Mudança tática
O sistema 4-2-3-1 dos dois últimos jogos se repetiu até os 37 minutos do primeiro tempo, quando o São Caetano já vencia por 2 a 0 (gols de Renato Ribeiro logo aos cinco minutos e Danilo Bueno aos 23). Marcelo Veiga teve de alterar o desenho tático para 3-5-2 porque Renato Ribeiro sofreu contusão logo após chutar por cima da trave uma das quatro oportunidades de ouro que o São Caetano desperdiçou naquela etapa.
Sem contar no banco com um substituto de características semelhantes, Marcelo Veiga optou por reforçar a marcação ao recuar o volante Leandro Carvalho à função quase fixa de terceiro zagueiro e promover a entrada do volante Moradei. Uma escolha infeliz. O São Caetano perdeu a iniciativa de jogo e a posse de bola porque se desorganizou no meio de campo. Quando o primeiro tempo terminou, o Oeste já dava mostras de que poderia incomodar muito mais no tempo final.
E foi o que se deu. Embora não conseguisse criar oportunidades contundentes de gol, o Oeste voltou mais ofensivo, ocupou os espaços de forma mais bem organizada, marcou o São Caetano por pressão e sugeriu a possibilidade de reduzir o placar a qualquer instante. Um risco e tanto, porque na rodada anterior, mesmo jogando em Minas Gerais, saiu de uma derrota de 3 a 0 no primeiro tempo para o América, reagiu no segundo e só não retornou com empate de 3 a 3 porque sofreu o quarto gol no último minuto.
A contusão de Renato Ribeiro desestruturou o meio de campo do São Caetano que, durante todo o segundo tempo, resistia com o talento de Danilo Bueno e a marcação sólida dos volantes Moradei e Pirão. Quando Marcelo Veiga, aos 22 minutos, decidiu pelo fim da improvisação de Leandro Carvalho como terceiro zagueiro, retomando à função de volante, tudo ficou mais simples. Afinal, Wagner entrou no lugar de Pirão para atuar ao lado de Fred e de Douglas Grolli como terceiro zagueiro. Um minuto depois, Jael recebeu quase próxima à linha de meio de campo, carregou entre três zagueiros e já no interior da grande área fuzilou o goleiro. Era o terceiro gol do São Caetano.
Grandes transformações para os ingênuos ou românticos. O Oeste tentou de tudo antes e depois do terceiro gol para amenizar o estrago, mas não conseguiu. Até o grandalhão centroavante Magrão foi substituído pelo veloz Mirandinha na tentativa de trocar bolas altas por penetrações por aproximação e em velocidade, mas o São Caetano estava bem posicionado.
Ganhar oito dos 18 pontos da primeira fase da Série B pode não ter sido uma marca ideal, mas também está longe de decepcionar. Principalmente para uma equipe que entrou na competição sob o peso da desconfiança gerada pelo rebaixamento estadual e que passou por profunda cirurgia técnica e tática. Do time que começou o jogo de ontem, apenas Samuel Xavier, Diego e Jael foram titulares para valer no campeonato estadual.
A chegada de Marcelo Veiga para comandar o grupo já promove efeitos evidentes: o São Caetano está mesmo ganhando cara, corpo e alma de um time suficientemente competitivo para lutar pelo acesso. A parada técnica deve apurar as linhas e confirmar a expectativa de que o São Caetano conseguirá conciliar força e talento, fórmula ideal de sucesso nestes tempos em que futebol só é arte para os ingênuos ou românticos.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André