O jogo da noite desta terça-feira do São Caetano contra o Paysandu em Belém do Pará pela oitava rodada do primeiro turno da Série B do Campeonato Brasileiro é uma boa oportunidade para a equipe melhorar o ritmo de jogo perdido com a parada técnica de três semanas por conta da Copa das Confederações. Ficou transparente no empate de sábado à tarde no Estádio Primeiro de Maio que a equipe perdeu o embalo ascendente das três rodadas anteriores à paralisação. Por isso o zero a zero não pode ser considerado ruim. Até porque enfrentou o campeão de Santa Catarina.
O técnico Marcelo Veiga deixou o Estádio Primeiro de Maio sem ilusões. Em rápidas declarações ao Sportv ele disse que o time apresentou falhas que precisam de correções. Insinuou que poderia haver buracos técnicos a justificar os erros coletivos. O treinador não se referiu à parada técnica, mas é provável que o faça nestes dias. Ao São Caetano faltou principalmente ritmo de competição. Por mais que os intensos treinamentos tenham auxiliado a dar mais robustez às linhas, o São Caetano não saiu de uma segunda marcha; ou seja, não deslanchou. Tanto quanto o Avaí, que trocou de treinador na pausa da competição.
Por isso o zero a zero foi modorrento, quase enfadonho para quem eleva à altura a porção emocional do futebol, mesmo que a origem sejam erros sucessivos das equipes. São Caetano e Avaí erraram pouco individualmente de modo a proporcionar raras oportunidades. Cada equipe foi melhor num tempo – o Avaí no primeiro, o São Caetano no segundo – e não somaram mais que três possibilidades para marcar.
Perspectivas positivas
É muito pouco provável que o São Caetano do jogo desta terça-feira em Belém do Pará volte a reproduzir o futebol excessivamente frio de sábado. Até porque terá adversário menos qualificado, embora apoiado por fanática torcida. Individualmente, apenas Renato Ribeiro, preso demais à esquerda e incapaz de converter em gol ao menos uma das duas ótimas oportunidades de que desfrutou, esteve abaixo do esperado. Coletivamente o São Caetano mostrou mais progressos no sistema defensivo, mas baixou o nível do sistema ofensivo.
A melhora do sistema defensivo se deve não só à manutenção da equipe por vários jogos seguidos como também porque os valores individuais ganham confiança. Mas mesmo assim apresentou dificuldades para encaixar a marcação num Avaí que, sem centroavante de referência, preferiu a mobilização espacial estruturada num 4-4-2 embaraçador para quem bota fé que é bobagem abdicar de um centroavante à moda antiga, como o São Caetano de Jael.
Um excesso de liberdade à criação do melhor jogador em campo (no caso o experiente Cleber Santana) e descuidos com os seguidos avanços do lateral/ala Aelson, inquietaram o técnico Marcelo Veiga. Os avanços de Aelson não foram neutralizados praticamente durante todo o jogo. Com isso, o lateral criou seis situações embaraçosas. Não fosse o fato de cansar até ser substituído, poderia ser mais complicado ainda. Já Cleber Santana só teve o brilho atenuado após a substituição de Renato Ribeiro pelo volante-meia Wagner Carioca. Com isso, Danilo Bueno foi liberado para encostar mais nos atacantes e também não precisou correr atrás do lateral Aelson quando se lembrava de que o corredor à direita da defesa do São Caetano estava descoberto.
Apenas dois titulares
Os problemas coletivos do São Caetano são próprios de um time em formação que teve a competitividade de campo interrompida por três semanas. A equipe que Marcelo Veiga está esculpindo dá sinais de progresso, mas ainda não tem a tessitura tática desejada para quem quer chegar entre os quatro primeiros colocados e alcançar a Série A. Falta velocidade nos contragolpes, a marcação é frouxa para impedir a saída de bola do adversário, o meio de campo demora para avançar a fim de não deixar buraco entre os atacantes e os zagueiros também recuam demais para obstruir os avanços adversários, Os laterais também precisam ser mais constantes. Ou seja: o São Caetano ainda não tem a compactação sonhada. Além disso, está cometendo faltas em excesso na entrada da área. É sempre um risco transformar jogadas isoladas em cruzamentos ou finalizações que contam com quase todos os jogadores prontos para cabecear na pequena área.
Exigir que o São Caetano queime etapas e deslumbre os críticos e a torcida é pedir demais, até porque não existe dúvida de que, mesmo com os defeitos, é um time de transpira organização tática. Uma façanha e tanto após passar por profunda reorganização. Para se ter ideia do quanto o São Caetano mudou nos últimos tempos, o empate de zero a zero com o Avaí ocorreu no mesmo campo em que a equipe foi derrotada cinco meses antes pelo São Bernardo por 4 a 1 na Série A do Campeonato Paulista. Do time que entrou em campo em três de fevereiro ante um adversário que só escapou do rebaixamento na última rodada sobraram apenas dois titulares que atuaram sábado: Samuel Xavier e Leandro Carvalho.
O ritmo de câmara lenta do jogo de sábado pode induzir os apressados a entender que o espetáculo não teve brilho, mas quem vê tática além de brilhos individuais ou mesmo de arranjos coletivos engrenadíssimos não despreza aqueles 90 minutos.
São Caetano e Avaí se respeitaram durante todo o tempo. Raramente saíram ao ataque sem tomar as devidas cautelas defensivas. O Avaí fluiu melhor a passagem pelos setores de defesa, meio de campo e ataque, até porque Cleber Santana foi um maestro, mas não pressionou o adversário. O São Caetano teve menos situações de intensidade no ataque, mas em números de oportunidades perdidas igualou-se ao rival.
Hora de vencer
Com aproveitamento de 42,85% dos pontos disputados até agora (nove em sete jogos) o São Caetano está quatro pontos abaixo do Figueirense, quarto melhor na classificação geral – ou 61,90% de aproveitamento. É muito cedo para projeções, mas, por enquanto, seriam necessários 70 pontos para garantir uma das vagas à Série A. Menos que os 72 pontos do ano passado.
Como a meta classificatória pode ser referenciada de forma precária, de acordo com a situação ao final de cada rodada, é possível que o São Caetano não esteja vendo a fada madrinha se contabilizar nos gramados até este final de semana uma vitória ante o Paysandu e outra sobre o Guaratinguetá, no Estádio Anacleto Campanella. Com isso, se aproximaria ou mesmo assumiria um dos quatro primeiros lugares.
Tudo parece viável, por enquanto, nesse campeonato surpreendentemente liderado pelo invicto Chapecoense, com 19 pontos em 21 possíveis. A Série B tem tanto a tradição de equipes que disparam na frente correrem para o abraço classificatório como de equipes que disparam e morrem na praia mais adiante, como autênticos cavalos paraguaios. A expectativa do São Caetano é que Chapecoense e Joinville, vice-líder com 15 pontos, sejam enquadrados na segunda categoria. Há a convicção geral de que apenas três vagas estão em disputa – o Palmeiras, também com15 pontos, deverá confirmar favoritismo ao título, como o tantos outros grandes que caíram.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André