Depois do empate-derrota de 2 a 2 ontem no lotadíssimo Estádio da Rua Curuzu, em Belém do Pará, ante o Paysandu, o São Caetano tem 10 dias de preparação ao próximo jogo pela Série B do Campeonato Brasileiro, sexta-feira que vem no Estádio Anacleto Campanella contra o Guaratinguetá. Um período providencial para o técnico Marcelo Veiga reavaliar o encaixe de marcação e de contragolpes que as três semanas de folga da Copa das Confederações interromperam.
O resultado de ontem à noite foi ruim porque o São Caetano vencia por 2 a 0 até 24 minutos do segundo tempo. Mas foi justo porque o adversário foi melhor durante a maior parte do tempo. Faltou ao São Caetano a inteligência tática de jogar com o resultado parcial de 2 a 0. O técnico Marcelo Veiga demorou a reforçar o sistema de marcação e preferiu deixar de lado a escalação de um terceiro zagueiro a partir de uma ação mortal do técnico Givanildo Oliveira, que introduziu um segundo centroavante, Marcelo Nicácio, autor dos dois gols dos paraenses.
É verdade que o São Caetano de ontem à noite foi melhor que o São Caetano do empate em São Bernardo ante o Avaí por zero a zero, sábado passado. Houve melhores momentos de marcação à saída de bola do adversário e também de transição ao ataque, mas no conjunto da obra faltou muito. A pressão exercida por um time que lotou o estádio com 16 mil fanáticos torcedores foi intensa desde o primeiro minuto e só parou quando, aos 19, o sistema de iluminação de uma das torres entrou em pane.
A retomada 24 minutos depois colheu um São Caetano mais paciente na troca de passes e nas tentativas de infiltração. Já o Paysandu dava a impressão de que não tinha mais tanto fôlego. Mas quando o primeiro tempo terminou, o zero a zero era uma dádiva ao São Caetano porque o adversário perdeu pelo menos duas ótimas oportunidades e exerceu forte pressão nos instantes finais.
Faltou um zagueiro
Um gol de Jael logo a um minuto e outro de Samuel Santos aos 11, em jogadas isoladas, levaram o São Caetano a uma vitória parcial mais que surpreendente. A letalidade dos dois ataques atordoou o Paysandu e calou a torcida. Mas estava na cara que o time do Pará voltaria à ofensiva. Estava na hora do São Caetano reforçar a marcação. Dudu, substituto do suspenso Leandro Carvalho, já não se antecipava como antes porque sentia o peso do cartão amarelo. A ausência do titular atrapalhava a harmonia. Leandro Carvalho é desses volantes que sabem se posicionar como terceiro zagueiro circunstancial em jogadas de infiltração em diagonal dos adversários, e também nas bolas alçadas na área.
Sem Leandro Carvalho, com Dudu pendurado, mas com dois a zero no placar, esperava-se que o São Caetano recorreria a um terceiro zagueiro de ofício. Wagner estava no banco de reservas, Dudu estava inibido e Renato Ribeiro disperso demais.
O São Caetano deu espaços e forças para o Paysandu reagir: o técnico Givanildo retirou Diego Barboza, meia de baixa infiltração, e dobrou a dose ofensiva no meio do ataque com o centroavante Marcelo Nicácio, que passou a dividir a atenção dos zagueiros com Careca, artilheiro do futebol brasileiro nesta temporada. No primeiro cruzamento em diagonal na área – do veterano e sempre inquietante Iarley – aos 24 minutos, Marcelo Nicácio sobrou livre e testou no canto.
Geovane poderia ter matado o jogo logo em seguida e elevado o índice de positividades que apresentou no jogo, mas terminou um contragolpe rápido com chute para fora. Logo em seguida, aos 29 minutos, Marcelo Veiga finalmente fez a primeira substituição: Renato Ribeiro deu lugar a Moradei. Reforçou-se a marcação à frente da zaga, mas o miolo de defesa seguia sobrecarregado. Givanildo Oliveira voltou a carga: retirou o cansado lateral Janilson, enfiou o meia-atacante Djalma para penetrar por dentro e deslocou Alex Gaibú à ala esquerda. De novo, agora aos 36 minutos, Marcelo Veiga interveio com a substituição de Danilo Bueno pelo mais defensivo Wagner Carioca.
A pressão do Paysandu movido pela torcida chegou à explosão aos 38 minutos: como nos jogos anteriores, o São Caetano abusou das infrações nas imediações da grande área e pagou caro porque Marcelo Nicácio acertou no ângulo e empatou o jogo.
Leandro de volta
Quando o jogo terminou após três oportunidades de gols desperdiçadas, duas do time da casa, o São Caetano pode respirar aliviado. De uma vitória iminente, teve de engolir um empate que seria satisfatório em outras circunstâncias. A volta do volante Leandro Carvalho é certa no próximo jogo, mas o lateral Samuel Xavier, que também cumpriu suspensão de três cartões amarelos, corre o risco de perder a titularidade. Samuel Santos não só marcou um gol como fez da lateral-direita uma das funções mais bem executadas individualmente pela equipe de Marcelo Veiga.
Quando a oitava rodada da Série B do Campeonato Brasileiro encerrar-se neste final de semana é provável que o São Caetano cairá algumas posições na classificação, mas nada que deva preocupar. A meta de alcançar pelo menos 50% de produtividade até o final do primeiro turno (agora são 41,66%) não parece do outro mundo.
A lição de Belém do Pará talvez seja pedagógica ao restante da competição: os melhores times do mundo, em circunstâncias semelhantes, não têm pudores em entrincheirarem-se na defesa, com as melhores armas disponíveis, para sustentar uma vitória que parecia impossível, tornou-se compulsória e que, à falta de medidas cautelares mais rígidas, virou quase derrota.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André