Melhor defesa da fase classificatória da Série A do Campeonato Paulista e sexto colocado na classificação geral, o São Bernardo corre sérios riscos de não alcançar uma vaga à Série D do Campeonato Brasileiro, que será disputada no segundo semestre, e, com isso, sair mesmo que provisoriamente do encalacramento do calendário. Um paradoxo atinge a equipe que empatou no final de semana em Ribeirão Preto com o Comercial de zero a zero: o sistema defensivo sustenta campanha que provavelmente passará distante de qualquer ameaça de rebaixamento, mas é o calcanhar de Aquiles rumo à Série D, porque limita o sistema de ataque. O São Bernardo precisa marcar mais gols que os sete já anotados, o que o torna melhor que apenas três dos 20 concorrentes da Série A.
Os sete gols marcados e os quatro gols sofridos nos primeiros oito jogos do campeonato mostram que o São Bernardo da estreia contra o Botafogo de Ribeirão Preto no Estádio Primeiro de Maio não se alterou: é um time de guerreiros que correm o tempo todo para encurtar os espaços aos adversários, mas tem restrições ofensivas demais. E é esse o grande problema porque talvez a condição de melhor ou uma das melhores defesas do campeonato não seja suficiente à Série D do Brasileiro.
Para tentar disputar aquela competição o São Bernardo precisa chegar pelo menos em segundo lugar no Grupo C, onde o Santos é líder com 19 pontos. O segundo lugar é disputado pela equipe da região e a Ponte Preta. O São Bernardo tem 14 pontos e a Ponte Preta 12. A Portuguesa, com oito, dificilmente se recuperará a tempo de ameaçar.
Mas não seria simplesmente o segundo lugar na classificação do Grupo C que asseguraria um lugar ao São Bernardo na Série D do Brasileiro. Mesmo que consiga disputar as quartas-de-final do Campeonato Paulista, quando enfrentaria o Santos em jogo único, o São Bernardo poderá ficar fora da Série D caso duas equipes que estão fora de qualquer uma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro cheguem à frente na classificação até o limite de disputas de jogos de cada uma. A situação após oito rodadas não é confortável. O Penapolense (líder do Grupo A com 15 pontos) e o Botafogo (líder do Grupo B com 16 pontos) estão tomando a vaga nacional do São Bernardo. Sem contar o Ituano, vice do Grupo B com 15 pontos.
Segundo lugar não basta
É por essas e outras que não basta o São Bernardo comemorar o segundo lugar no agrupamento. É preciso estar ligado nos demais grupos. E exatamente nesse ponto a equipe causa preocupação. Explorar os contragolpes de forma tão eficiente quanto agora é uma ótima saída para quem pretendia não passar sustos com a ameaça de rebaixamento, mas pode ser insuficiente à proposta mais ambiciosa. E marcar gols torna-se, portanto, questão de vida e morte. Marcar gols de forma bem distribuída. Pouco interessará uma oscilação de aumente a média baixíssima de menos de um gol por jogo até agora.
Botafogo de Ribeirão Preto e Penapolense, os maiores adversários do São Bernardo na luta pela Série D do Brasileiro (além evidentemente da Ponte Preta na disputa pelo provável segundo lugar no Grupo C do Paulista) são muito mais efetivos no ataque. O time de Ribeirão Preto marcou 15 gols até agora e o Penapolense 10. A diferença é que o Botafogo tem fragilidades defensivas: sofreu 12 gols em oito jogos. Já o Penapolense é mais harmonioso, com sete gols contra.
A rodada deste meio de semana é tormentosa para o São Bernardo tanto na perspectiva de grupo, da disputa direta com a Ponte Preta pelo direito de chegar as quartas-de-final, quanto de Série D do Brasileiro: enquanto o time da região enfrenta o São Paulo no Estádio Primeiro de Maio, a Ponte Preta joga em Campinas com o Linense e o Penapolense também em casa com a Portuguesa. Apenas o Botafogo viaja para enfrentar o Rio Claro. Na rodada do final de semana o Penapolense volta a jogar em casa com a Ponte Preta, quando qualquer resultado favorável a uma das equipes será prejudicial ao São Bernardo, enquanto o time do técnico Edson Boaro vai a Lins para enfrentar o Linense. O Botafogo joga com o Palmeiras no Interior.
O que faria o técnico Edson Boaro para dotar o São Bernardo de uma característica de equilíbrio com viés ofensivo se a formação do elenco priorizou a destruição de espaços aos adversários e os contragolpes como arma letal? Conseguirá o São Bernardo jogar com mais ofensividade ante a imperiosidade ditada pelo próprio sucesso na competição, um sucesso que parte da premissa de que não frequentar a zona de rebaixamento é o bem mais valioso às equipes recém-saídas com histórico de Série B Paulista?
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André