Esportes

Chile é nosso penúltimo adversário
ou Andrew Jennings está certo?

DANIEL LIMA - 24/06/2014

Está difícil segurar a onda, mas vou resistir até quanto puder: não escreverei uma linha sequer sobre a Seleção Brasileiro que já está nas oitavas de final da Copa do Mundo feita para os ricos e a classe média de verdade, todos branquinhos, não a classe média anedótica inventada pelos marqueteiros do PT.


 


A Copa do Mundo é o maior espetáculo da terra, mas os interesses em torno da escrete nacional muitas vezes me enojam. Há um predomínio publicitário que suplanta largamente o senso crítico.


 


Galvão Bueno, principalmente, nos trata como acéfalos. Não bastasse ter de suportá-lo nas transmissões, deu de invadir o Jornal Nacional. É demais, mesmo se reconhecendo, como reconheço, o melhor (e também o pior) profissional de esportes da TV brasileira. Melhor porque ninguém é tão convincente, tão eloquente e tão preparado para transformar qualquer joguinho em jogão. Pior porque ninguém subestima tanto os telespectadores.


 


Não é o fato de ter decidido não escrever nada sobre a Seleção Brasileira que me impede análise sobre a Copa do Mundo. A torcida nacional aos poucos sai da toca. Aumenta o número de bandeiras, bandeirinhas e bandeirolas nos veículos, nas fachadas de prédios e de residências. Mas ainda está muito aquém de outras Copas. Nos bairros de classe média de verdade a mobilização é muito menor que na periferia. Qualquer relação com as tendências eleitorais dos candidatos presidenciais talvez não seja estupidez, por mais que se devam separar alhos de bugalhos (alhos, claro, são futebol, e bugalhos, os políticos).


 


Nem dirigindo perco a mania de exercitar jornalismo. O hábito faz o monge, como se sabe. Ando até contando veículos que trafegam com escancarados símbolos nacionais e os motoristas que continuam a desprezar nossas cores porque por alguma razão não elevam o futebol a gênero de primeira necessidade cidadã – ou o elevam e simbolizam descontentamento não se alinhando ao verde-amarelismo? Os embandeirados estão a perder de goleada, é verdade, mas avançam.


 


Na medida em que a Seleção Brasileira der novos passos na competição, creio que a densidade será expressiva. Brasileiro em geral é um cara de opinião formada. Formada pelo oportunismo do politicamente correto, é claro. O verde-amarelo móvel ou imóvel é o refúgio de muito ladrão social.


 


Todas as cores


 


Torço por todas as seleções finalistas da Copa do Mundo porque coloco em primeiro plano a paixão pelos hinos nacionais. Nada me emociona mais nos jogos, e tenho assistido a todos, ou quase todos, que a execução dos hinos nacionais. A moda de entoar os cânticos à capela, então, dinamita a alma. Nada é comparável, à capela ou não, ao grito de guerra em sinfonia perfeita da Marselhesa. Mas o hino brasileiro, o argentino, o norte-americano, também são de emocionar, entre outros.


 


Estamos vivendo a melhor Copa do Mundo de todos os tempos dentro de campo. Fora dos estádios a paz reina porque as forças de segurança agem preventivamente com mais de 100 mil homens de diferentes patentes. Mas o que interessa mesmo nesse momento é o que está ocorrendo nas quatro linhas. São jogos de intensidade que o Campeonato Brasileiro está a dever faz tempo. Não interessa a média de gols decantada como suposto medidor de qualidade, algo que não é como se sabe. O que vale mesmo é o futebol convertido à verticalidade em direção ao gol adversário.


 


A tendência é de redução da média de gols nas próximas etapas, porque as diferenças entre as equipes serão reduzidas drasticamente. Os mentecaptos são capazes de dizer que o futebol das próximas rodadas sofreu duro revés. Tudo porque a média de gols passará por dieta. A maioria confunde competição com romantismo. As primeiras edições da Copa do Mundo têm médias de gols recordes, acima de cinco por partida. Era o futebol melhor ou o futebol daqueles tempos era outro? Basta um mínimo de conhecimento sobre a pecinha mais importante do esporte, o jogador, comparar o que era um atleta dos anos 1930, 1940 e 1950 com o que a televisão exibe de músculos para entender que vivíamos naqueles tempos a pré-história do esporte. 


 


Pronto, consegui produzir um texto sem entrar em detalhes técnicos e táticos da Seleção Brasileira e de suas principais concorrentes. Promessa cumprida, mas pelo andar da carruagem (não me peçam explicações, embora as tenha de sobra) acho que o jogo com o Chile será nosso penúltimo na competição. Não sei se os brasileiros estão preparados para a ducha fria da eliminação no quinto jogo.


 


Mas, como prova de que não sou tão pessimista assim, não me esqueço da denúncia do jornalista britânico Andrews Jennings, até outro dia amado e beijado pela fina flor do jornalismo esportivo independente do Brasil como exemplo de profissional de comunicação. Ele escreveu no Estadão que vamos ganhar a Copa do Mundo porque assim está decidido pelos corruptos que dirigem a Fifa. Acho que não seremos tão incompetentes a ponto de desmoralizar o denunciante. Mas que somos hipócritas (basta ver o silêncio da crônica independente nacional que se seguiu àquela denúncia), não tenham dúvidas. 


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