Paulo Roberto dos Santos é um profissional de resultados. Nesta temporada, levou o São Bento de Sorocaba de volta à Série A do Campeonato Paulista. O que fará esse treinador. que muitos comparam a Vanderlei Luxemburgo agora à frente do São Caetano? Ele terá 12 jogos a partir deste sábado (16h no Anacleto Campanella) contra o Tupi de Juiz de Fora, Minas Gerais, para salvar o São Caetano da Série D do Campeonato Brasileiro. Seguir na Série C é o grande desafio.
Os 49 dias de interrupção da Série C por conta da Copa do Mundo e, principalmente, os 30 dias para preparar a equipe após substituir Vilson Tadei, são o combustível à esperança de que o São Caetano será bem diferente das seis primeiras rodadas do Grupo B, quando venceu um jogo e perdeu os cinco subsequentes. A equipe está na penúltima colocação com apenas três pontos ganhos, um a mais que o lanterninha Duque de Caxias, do Rio de Janeiro, e cinco abaixo do Guarani de Campinas, antepenúltimo classificado.
Como futebol e matemática não se desgrudam, o planejamento técnico e tático da equipe que Paulo Roberto dos Santos começou a dirigir não está descolado de projeção estatística. Muito pelo contrário: a pressão dos números tornou a fase de treinamento ainda mais intensa. O São Caetano corre contra o relógio da degola.
Estatística desafiadora
Para salvar-se do rebaixamento precisa ganhar 61% dos pontos em jogo a partir deste sábado. Trata-se de façanha numa competição tão equilibrada. Mas, paradoxalmente, por ser equilibrada pode, nas 12 rodadas que restam, reverter a projeção, amenizando jornada que se assemelha a uma maratona. A equipe reinicia a disputa com a meta de chegar a pelo menos 25 pontos e, com isso, superar a marca de corte do rebaixamento. Pode ser que haja redução da exigência. Pode ser, mas não é garantido.
Certo mesmo é que o técnico Paulo Roberto colocará um São Caetano mais combativo, mais veloz e mais participativo no jogo deste sábado contra o time mineiro que está entre os primeiros quatro colocados que terão direito de disputar a fase de mata-mata.
Os dois jogos-treinos que a equipe realizou não foram suficientes para deixar Paulo Roberto satisfeito, mas não sustentam discurso negativista. Problemas salariais causaram alguns danos nos preparativos, mas tudo foi superado. A carga de treinos sofreu perda de 15% em relação ao planejado. Nada que deverá interferir na competitividade prometida.
Um time reformulado
Quem conhece os métodos de Paulo Roberto dos Santos assegura que o São Caetano já será diferente neste sábado. Sobrará combatividade em todos os setores do campo, a segurança defensiva não será negligenciada, a velocidade dos atacantes e meias será persistente e a mobilização na ocupação de espaços será um mantra. Ou seja: oscilações de rendimento durante períodos de cada jogo não seriam mais uma marca de desconforto do time. Mesmo nessa retomada da competição.
Por isso a escalação do São Caetano no recomeço da Série C do Brasileiro é um ponto menos importante do que necessariamente se observa no futebol. Paulo Roberto dos Santos tem até três alternativas de combinações nominais para enfrentar o Tupi. Mas não passam de duas as probabilidades táticas: o time será mais ou será menos defensivo de acordo com as circunstâncias de cada jogo.
Até esta quinta-feira o técnico que também já dirigiu o Santo André não havia se definido nominalmente pela equipe titular. Pode jogar num 4-4-2 ou num 4-2-3-1. O comportamento da equipe será levemente diferente. Até porque, dificilmente o técnico abrirá mão de dois volantes à frente dos zagueiros e na cobertura dos laterais. Rodrigo Thiesen, Ramalho e Esley concorrem às vagas. Thiesen é primeiro volante, de marcação. Ramalho e Esley saem mais para o jogo. Quem espera que os três joguem juntos pode se decepcionar, porque o time ficaria defensivo demais. Talvez só atuem juntos em circunstâncias especiais.
Ambiente sob controle
Uma das marcas do novo técnico do São Caetano é contar com jogadores que já conhecem seu método de trabalho e que contribuam também para o controle do ambiente nos vestiários. Por isso mesmo ele trouxe vários reforços no período da Copa do Mundo. Alguns ainda estão chegando. O zagueiro João Paulo, o meia-atacante Helton Luiz e o atacante Robson já estão escalados como titulares. Um em cada setor da equipe. Eles ajudam a disseminar dentro de campo o espírito de competição do treinador.
O afastamento de vários jogadores há muito tempo no elenco do São Caetano segue a linha do treinador porque rebaixa a faixa etária média, além de reduzir fortemente o desequilíbrio salarial do grupo. Paulo Roberto quer um time mais jovem, sem ser inexperiente, porque o rendimento físico é a base da execução tática.
Somente durante o jogo deste sábado será possível conhecer o time preferencial de Paulo Roberto dos Santos. O mais provável é que além dos três titulares que reforçam a equipe com seu aval de recomendação de contratações, os demais sejam todos que mais atuaram com o antecessor Vilson Tadei, casos do goleiro Saulo, dos laterais Ângelo e Renato Peixe, do meia Cacá e do centroavante Laércio. Marcelo Soares também está cotado para o comando do ataque. Principalmente se Paulo Roberto resolver adotado o 4-2-3-1. Wendel, Cacá e Helton Luiz jogariam mais atrás do centroavante.
O melhor mesmo é esperar. Certo é que o São Caetano dos próximos 12 jogos será bem diferente do time que colecionou derrotas demais na primeira etapa da Série C. A paralisação ditada pela Copa do Mundo soou como gongo aos ouvidos de um boxeador a nocaute. Paulo Roberto não usa essa imagem publicamente, mas quem o conhece sabe que ele está sempre disposto a provar que na matemática do futebol o que prevalece mesmo é a bola rolando no gramado como único instrumento de reconstrução estatística.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André