Esportes

São Caetano faz melhor primeiro
tempo do ano e melhora situação

DANIEL LIMA - 21/07/2014

O São Caetano jogou o melhor primeiro tempo da temporada, mas só empatou em casa sábado à tarde com o Tupi de Juiz de Fora (1 a 1). De qualquer modo, a rodada do Grupo B da Série C do Campeonato Brasileiro forneceu os insumos necessários para se acreditar que a equipe poderá safar-se do rebaixamento. Faltam 11 rodadas para o final da fase classificatória.


 


Agora com quatro pontos ganhos, o São Caetano está distante outros quatros pontos do antepenúltimo colocado, o Madureira do Rio de Janeiro, que perdeu em casa para o gaúcho Caxias por 1 a 0. A distância significa que o São Caetano precisa chegar a 22 pontos ganhos para fugir da queda. Antes da rodada, a projeção indicava 25 pontos. É possível que as próximas rodadas rebaixem ainda mais a margem temporária de segurança.


 


Disputar cada três pontos como se fossem os últimos e ao mesmo tempo não desgrudar os olhos da projeção matemática que determinará quem continuará na Série C no ano que vem são uma combinação perfeita para o São Caetano planejar cada compromisso na competição.


 


Projeção favorável


 


Por isso o que parecia ter sido um desastre contra o mineiro Tupi se tornou menos insatisfatório com a derrota do Madureira em casa diante do Caxias. Com oito pontos em 21 disputados, o Madureira conta com índice de aproveitamento de 38,09%. Extrapolando o índice ao total de 19 rodadas dessa fase, o time carioca somaria 21,71 pontos.


 


É claro que não existe número que não seja inteiro na classificação. Por isso o São Caetano chegaria a 22 pontos se registrar um índice levemente superior – de 38,59%. Ao término da sétima de 19 rodadas da fase classificatória o São Caetano de quatro pontos ganhos em 21 disputados registra índice de aproveitamento de 19,04%. Para chegar a 38,59% precisaria ganhar metade dos 36 pontos em disputa. Antes da rodada do final de semana o índice era mais elevado, de 61,61%. Daí o fato de a derrota do Madureira ter sido bastante benéfica. O Guarani também somava oito pontos antes da rodada, mas empatou de zero a zero ontem à noite com o Mogi Mirim fora de casa.


 


Tudo indica, até surpresa em contrário, que o São Caetano deverá mesmo mirar o Madureira como oponente a ser batido na luta contra o rebaixamento. O Duque de Caxias, que perdeu para o Macaé no campo do adversário por 1 a 0, continua com apenas um ponto ganho e é o principal candidato a uma das duas vagas ao rebaixamento. A vantagem do São Caetano ante o Madureira é que o jogo do segundo turno será realizado no Estádio Anacleto Campanella – no primeiro turno, no Rio de Janeiro, o Madureira venceu de 1 a 0. A distância virtual entre as duas equipes seria de apenas um ponto.


 


Melhor primeiro tempo


 


Mas o melhor mesmo do São Caetano na rodada do final de semana foi o próprio São Caetano, que marcou a estreia do técnico Paulo Roberto dos Santos. A apresentação da equipe deixou o torcedor esperançoso. Tanto que, ao contrário de outros jogos, não houve ruídos de insatisfação. E nem poderia existir. O São Caetano fez o melhor primeiro tempo da temporada, começou arrasando no segundo tempo, quando fez o gol, mas sofreu perda de rendimento com o cansaço gerado por uma fase de treinamento interrompida durante uma semana por contratempos salariais.


 


A baixa de rendimento físico nos 30 minutos finais custou o gol de empate do bom time do Tupi. O domínio mineiro no terço final do jogo não foi, entretanto, avassalador. Mesmo caindo de produção na segunda etapa, o São Caetano foi comparativamente melhor que todos os primeiros e segundos tempos dos seis jogos anteriores da Série B e da maioria dos jogos da Série B do Campeonato Paulista. Quando falta condicionamento físico mas sobra organização tática, os danos colaterais são menos intensos.


 


O primeiro tempo do São Caetano contra o Tupi foi tão bom que nem o pênalti desperdiçado por Helton Luiz aos 15 minutos afetou o controle tático do jogo. Com um sistema só aparentemente defensivo (4-1-4-1), o técnico Paulo Roberto dos Santos transformou o Tupi, então entre os quatro primeiros colocados, em coadjuvante do jogo. A equipe mineira só ameaçou em dois lances no final da etapa, depois de roubadas de bola no meio de campo. Mas foi totalmente dominada por um São Caetano dinâmico, equilibrado, destruidor de espaços de criação do adversário e atrevido na organização ofensiva.


 


Um time organizado


 


O 4-1-4-1, com variações ao 4-4-2 e ao 4-3-3, foi basicamente a escalação do primeiro volante Rodrigo Thiesen à frente da zaga, dos segundos volantes Ramalho e Esley um pouco mais adiantados na eliminação de jogadas laterais do Tupi e no apoio ao ataque e dos meias articuladores e atacantes Robson Duarte e Helton Luiz movimentando-se intensamente e dando assistência ao centroavante Laércio. Uma montagem que uniu marcação, compactação, empenho e disposição de ir ao ataque também com os laterais.


 


Tanto que o pênalti desperdiçado por Helton Luiz (o goleiro saltou no canto e defendeu) saiu de uma combinação de linha de fundo que reuniu uma infiltração de Esley e uma chegada por dentro do lateral Ângelo, que foi derrubado. É claro que um time com apenas três semanas de treinamento durante a Copa do Mundo, ao contar com nova formação tática e três novos jogadores, comete falhas. Mas o São Caetano surpreendeu com velocidade, intensidade e entusiasmo.


 


O gol que saiu com Robson Duarte logo no começo do segundo tempo sinalizava mais que merecimento no placar, mas também a possibilidade de consolidação da vitória. Esley infiltrou-se de novo no minuto segundo e perdeu um gol incrível. Quando o Tupi já dava sinais de que reagia movido por melhor preparo físico, saiu o gol de empate após cobrança de falta completada de cabeça na pequena área.


 


O técnico Paulo Roberto dos Santos reagiu com a troca dos cansados Ramalho e Helton Luiz. Leandro Andrade e Cacá prometiam dar mais velocidade e agressividade ao meio de campo e ao ataque, mas sentiram os efeitos do desgaste da equipe. Faltaram-lhe companhias vindas de trás. O São Caetano já não conseguia jogar mais agrupado, com combinações duplas e triplas pelas laterais e pelo centro. Os erros de passe começaram a minar a qualidade e o controle do jogo.


 


O Tupi crescia mas não ameaçava com contundência porque o São Caetano contava com um sistema defensivo forte, embora debilitado fisicamente. Os zagueiros de área Sandoval e João Paulo pareciam feitos um para o outro.


 


Futuro desanuviado?


 


A perspectiva de que o São Caetano acumulará muito mais eficiência produtiva nas 11 rodadas que restam para o encerramento da fase classificatória não é exagero. O primeiro tempo surpreendente e mesmo o segundo tempo de resistência nos 30 minutos finais ante um adversário forte geram consistente expectativa de que as cinco derrotas nos seis primeiros jogos deverão comprometer mesmo o sonho de voltar à Série B do Brasileiro, mas não vão atrapalhar a recuperação de que a equipe necessária para permanecer na Série C.


 


Um teste e tanto à resiliência do São Caetano será o jogo deste sábado contra o Guaratinguetá cada vez mais vencedor, no Vale do Paraíba. Guaratinguetá é o nome oficial de um time que, vestindo a camisa do Audax, quase chegou entre os oito finalistas da Série A do Campeonato Paulista deste ano. O Guará/Audax de excelência impressionante na posse de bola demarcará até que nível o São Caetano tem potencial ainda a ser explorado no restante da competição.


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