O São Caetano que comemorou empate no final de semana com o Guaratinguetá/Audax fora de casa pela Série C do Campeonato Brasileiro não contou com a matemática classificatória na penúltima rodada do primeiro turno. O zero a zero foi resultado da melhor partida do São Caetano nesta temporada, mas a surpreendente vitória do Madureira em Caxias do Sul ante o Juventude por 2 a 0 aumentou a diferença que separa a equipe da região da linha de corte do rebaixamento. Resta torcer para que o Guarani, agora antepenúltimo colocado com nove pontos, quatro à frente do São Caetano e sete do lanterninha Duque de Caxias, tropece nesta noite de terça-feira em Campinas diante do líder Caxias.
Os números continuam rigorosos com o São Caetano. As cinco derrotas consecutivas após estrear vencendo o Guarani foram desastrosas. A chegada do técnico Paulo Roberto dos Santos no intervalo da Copa do Mundo está mudando a cara tática, técnica e comportamental do São Caetano. O entrosadíssimo, envolvente e revolucionário Guaratinguetá, representado na verdade pelo time e pela comissão técnica do Audax, que disputa a Série A do Campeonato Paulista, foi um teste de fogo para o São Caetano. E o resultado poderia ter sido ainda melhor no Vale do Paraíba. A equipe da região perdeu as duas melhores oportunidades do jogo. O Guará teve mais posse de bola, procurou de todas as formas romper o forte bloqueio do São Caetano com ousado rodízio de funções entre os jogadores, mas também não se descuidou. Foi um jogo de rato e gato. As duas equipes se revezaram na caça e na proteção.
Um jogo qualificado
Quem acha que zero a zero é uma excrecência do futebol deveria ter visto aqueles 90 minutos. Há goleadas que comprovam a ineficiência de pelo menos um dos times. Guará e São Caetano foram competentes na arte de organização. Quando falharam, e falharam pouco, proporcionaram oportunidades não convertidas. Nada mais natural no futebol.
Se até a paralisação do campeonato por causa da Copa do Mundo o rebaixamento do São Caetano parecia questão de tempo, agora a situação é diferente, embora muito inquietante. O time de Paulo Roberto dos Santos sabe o que quer em campo. É sereno, não dá chutões, valoriza a posse de bola, marca com determinação, fecha os espaços, não comete faltas nas proximidades da área e de vez em quando agride com qualidade.
Quando o sistema ofensivo do São Caetano tiver pelo menos metade da eficiência do sistema defensivo, provavelmente haverá mudanças na classificação. Há 10 jogos ainda a disputar e não é fora de propósito acreditar que a equipe poderá apresentar, nesse período, produtividade semelhante a dos primeiros colocados num campeonato bastante equilibrado.
Tão equilibrado que os três primeiros colocados somam individualmente 14 pontos ganhos (Caxias, Mogi Mirim e Macaé) e outros quatro estão bem próximos, três dos quais com 12 pontos (Guaratinguetá, Tupi e Juventude) e um com 11 pontos (Madureira). Se vencer o Caxias esta noite o resultado vai ser ruim para o São Caetano, mas o Guarani se juntará ao pelotão dos 12 pontos.
Ponto de interrogação
Esse equilíbrio classificatório mostra que o Grupo B da Série C do Campeonato Brasileiro é um enorme ponto de interrogação sobre o quarteto que vai disputar a primeira fase de mata-mata. O empate do São Caetano fora de casa com um desses concorrentes mais fortes, sobretudo com um Guaratinguetá que vinha de três vitórias seguidas, uma fora de casa (2 a 0 contra o Juventude) e duas em casa (4 a 1 contra o Macaé e 5 a 1 contra o Guarani), mostrou o potencial do grupo de jogadores que Paulo Roberto dos Santos parece ter à mão.
Para fugir do rebaixamento o São Caetano precisa de imediato de uma vitória. E nada mais factível que enfrentar o lanterninha Duque de Caxias neste domingo às 16h em São Caetano. Aliás, o São Caetano é o único participante do agrupamento que disputará seis pontos com o último colocado. E enfrentará em casa no segundo turno um Madureira que, mesmo após a vitória de ontem, também segue ameaçado de rebaixamento.
O melhor mesmo para traçar uma perspectiva de recuperação do São Caetano não é necessariamente o empate com o Guará no Vale do Paraíba. Mais que isso, é a constatação de que o resultado não foi ocasional. O jogo mostrou uma evolução já considerável da equipe no empate em casa diante do Tupi, quando dominou dois terços do tempo e sofreu um gol de bola parada.
Sem exagero, o zero a zero com o Guará foi a melhor exibição do São Caetano na temporada, mesmo com a escassez de oportunidades construídas. Cuidados táticos foram tomados porque o técnico Paulo Roberto dos Santos conhece como poucos o Audax travestido de Guaratinguetá. No Campeonato Paulista da Série B do ano passado, quando as duas equipes subiram à Série A, o Rio Claro de Paulo Roberto dos Santos enfrentou quatro vezes o Audax do técnico Fernando Diniz.
Paulo Roberto comandou três vitórias e Diniz apenas uma. Não à toa no jogo de sábado o Guará jamais se abriu aos contragolpes do São Caetano. Quando o jogo terminou os dois treinadores se abraçaram e contrariaram publicamente informações de bastidores que os colocavam como inimigos por conta de desentendimentos no passado.
Mais ofensivo
Certamente contra o Duque de Caxias o São Caetano será mais ofensivo. É possível que o treinador troque algumas peças para caracterizar de vez a premissa de que cada jogo é uma nova realidade. O 4-4-2 rígido no Vale do Paraíba, depois de um 4-1-4-1 maleável do jogo com o Tupi, poderá ganhar contornos de um 4-2-3-1, com dois volantes de contenção, o primeiro mais destrutivo, caso de Rodrigo Thiesen, e três meias mais ofensivos, com a provável substituição de Ramalho. O centroavante Obina poderá estrear porque a equipe sente falta de uma referência no ataque.
A alternativa com Robson Duarte e Robson Fernandes em Guaratinguetá foi interessante, é uma proposta que pode ser replicada a qualquer momento porque dá mais velocidade ao ataque, mas, jogando em casa diante de um adversário que faz campanha sofrível, um centroavante com a capacidade de movimentação de Obina, que atuou na Série B Paulista pela Ferroviária, parece compulsório.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André