O jogo que o São Caetano disputa domingo à noite contra o Guarani no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas, é o limite de tudo na Série C do Campeonato Brasileiro. A derrota de 1 a 0 em casa para o lanterninha Duque de Caixas encaixotou o São Caetano num compartimento de desespero. Qualquer resultado em Campinas que não seja a vitória será ruim. O empate serviria para prorrogar com ares de gravidade as inquietações de quem ocupa a penúltima colocação do Grupo B. Fosse encerrado no final de semana, o São Caetano teria sido rebaixado junto com o Duque de Caxias. O segundo turno que começa no final de semana é, portanto, um período de tudo ou nada para o São Caetano.
Seis pontos separam o São Caetano do antepenúltimo colocado Guarani. O São Caetano tem cinco pontos, como o Duque, enquanto o time de Campinas tem 11. É provável que essas três equipes continuem a jogar para não cair. Se o Guarani vencer o São Caetano, terá possibilidades de disputar uma das quatro vagas que darão direito à fase de mata-mata da competição.
Por isso o limite do São Caetano está-se esgotando. Enfrentar um concorrente ao rebaixamento fora de casa é um desafio e tanto. O segundo turno estará apenas começando, mas a matemática indica que não há mais espaços à manutenção de uma distância confortável para o Guarani se o assunto é disputar a Série D no ano que vem.
Antes da rodada do final de semana o São Caetano precisava somar 24 pontos na competição para fugir do rebaixamento. Seria natural que após perder em casa precisasse de mais pontos. Como o Guarani empatou com o Tupi em Juiz de Fora por 1 a 1 a exigência matemática não se alterou, agora com um jogo a menos a disputar. A projeção é de 24 pontos para escapar de uma das duas últimas colocações. O Guarani tem aproveitamento de 40,74% dos pontos disputados. Extrapolando essa marca para toda a competição significa que alcançará 23,2 pontos, em números fracionados que não existem na classificação. O arredondamento de quem precisa fazer mais pontos é, portanto, para cima. Vinte e quatro pontos.
O Grupo B da Série C do Campeonato Brasileiro continua equilibradíssimo. Apenas São Caetano e Duque de Caxias destoam. O líder Caxias tem 18 pontos, um a mais que o Mogi Mirim. Madureira e Macaé completam o G-4 com 14 pontos cada, seguidos de perto por Tupi (13), Guaratinguetá e Juventude (12), além do Guarani com 11. Na rodada do final de semana, além dos jogos envolvendo o São Caetano e o Guarani, o Madureira venceu o Guaratinguetá por 3 a 1 no Rio de Janeiro, O Mogi Mirim ganhou em casa do Juventude por 1 a 0 e o Caxias bateu o Macaé por 1 a 0 no Rio Grande do Sul.
Oportunidade e tática
A derrota do São Caetano em pleno Anacleto Campanella diante do Duque de Caxias por 1 a 0 se deve muito à associação de oportunidade convertida e tática definida. O time visitante marcou logo aos quatro minutos e depois não fez outra coisa senão defender, defender e defender. Quando estava completo, mantinha pelo menos dois atacantes à frente de duas linhas de quatro zagueiros e quatro meio-campistas com funções prevalecentemente destrutivas. Quando o árbitro expulsou um jogador do Duque de Caxias no final do primeiro tempo, o segundo tempo seria previsível: com a vantagem no placar, o time carioca passou a se defender com todos os jogadores. Arriscou um contragolpe no começo do segundo tempo, um chute cruzado após rápida saída de bola e mais nada.
O São Caetano foi mais organizado e melhor no primeiro tempo, depois de passar uns 10 minutos atordoado com o gol do adversário numa falha de um dos jogadores mais regulares da equipe. O zagueiro Sandoval tinha a bola praticamente sob controle, mas se atrapalhou ante a chegada do atacante Ortigoza. A bola se descolou de Sandoval e o adversário antecipou-se, dominou e bateu sem possibilidade de defesa para o goleiro Saulo. O gramado irregular e o sol poderiam ter contribuído para o erro do zagueiro. Mas pareceu mesmo que houve certo excesso de confiança numa jogada morta.
Até que o primeiro tempo terminasse o São Caetano fez tudo que poderia. Atacou por dentro, pelas laterais, marcou pressão, adiantou os zagueiros para encurtar e inviabilizar os contragolpes do adversário, mas perdeu pelo menos três oportunidades letais. Parecia faltar um centroavante de ofício para completar as jogadas.
Quando o segundo tempo começou o técnico Paulo Roberto dos Santos voltou com mudanças esperadas: trocou o segundo volante Ramalho pelo meia-atacante Cacá e o ágil e rápido atacante Robson Fernandes pelo centroavante Jonathan Obina. A teoria na prática se tornou outra: Cacá entrou mal no jogo, sem espaço entre os zagueiros e os volantes, sua especialidade à construção de jogadas, e Obina não teve a companhia esperada de Cacá e também de outro meia, Helton Luiz, cansado após um primeiro tempo muito dinâmico.
Atacar a todo custo?
Com menos intensidade, menos acertos nos passes, menos paciência para esperar o momento certo da infiltração, o São Caetano caiu de produção mas continuou melhor que o adversário. A entrada de Niltinho como ala no lugar do cansado Renato Peixe abriu uma vereda pela esquerda, somando-se à alternativa dos avanços do lateral Ângelo pela direita, mas os cruzamentos terminavam sempre em rebatidas dos zagueiros visitantes. Quando não em finalizações sempre mastigadas. A bola resolveu entrar em desacordo com o compasso de finalizações dos atacantes e meias do São Caetano.
Talvez o que a derrota tenha deixado de mais contundente ao São Caetano ao término de um primeiro turno de uma única vitória, três empates e cinco tropeços é que o jogo com o Guarani neste final de semana poderá determinar de vez o que fazer no campeonato. Se vencer em Campinas, o time de Paulo Roberto dos Santos poderá seguir taticamente mais reflexivo, atuando com cuidados defensivos que o futebol exige. Se a distância de seis pontos permanecer ou aumentar, não restará saída: terá, nos jogos seguintes, de buscar uma fórmula ofensiva que certamente aumentaria os riscos de derrota -- mas poderá dar mais esperança de vitórias que insistem em não vir.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André