Esportes

São Caetano triplica produtividade,
deixa degola mas ainda corre risco

DANIEL LIMA - 25/08/2014

O São Caetano do técnico Paulo Roberto dos Santos triplicou a produtividade herdada do antecessor Vilson Tadei, saiu da zona de rebaixamento da Série C do Campeonato Brasileiro mas ainda corre sérios riscos de disputar a Série D no ano que vem. Tudo isso se desdobrou da vitória de domingo no Estádio Anacleto Campanella por 2 a 0 diante do então vice-líder Caxias, do Rio Grande do Sul. O Guarani perdeu de 1 a 0 na tarde de sábado para o Macaé no Rio de Janeiro e se juntou ao Duque de Caxias, também do Rio, como integrante do Z-2, o grupo das duas equipes que serão rebaixadas quando se completarem 18 rodadas.


 


Após 12 rodadas da fase classificatória, e seis jogos sob o comando de Paulo Roberto dos Santos, o São Caetano pode contabilizar como positiva a troca de treinador. Vilson Tadei, que fez ótima campanha no Santo André pela Série B do Campeonato Paulista, dirigiu o São Caetano em seis jogos e só ganhou três pontos – ou 16,6% de produtividade. Paulo Roberto também disputou 18 pontos e somou nove pontos (produtividade de 50%). Resultado: agora o time da região conta com 33% de aproveitamento, mesma marca do Guarani, penúltimo colocado. A diferença que retirou o São Caetano da zona de descenso é que soma uma vitória a mais que os campineiros (três contra duas), primeiro critério de desempate.


 


Mas a situação do São Caetano ainda é inquietante. A tabela do campeonato teoricamente é mais confortável ao Guarani, com quem supostamente disputaria a fuga do rebaixamento. O time de Campinas jogará quatro partidas em casa e duas fora nas seis rodadas que restam. O São Caetano joga três em casa e três fora.


 


Guará na lista?


 


Quem eventualmente pode ser puxado à zona de risco é o Guaratinguetá, com 16 pontos ganhos, quatro acima do São Caetano e do Guarani. O time comandado por Fernando Diniz disputou com relativo sucesso a Série A do Campeonato Paulista com a camisa do Audax, mas tem sido bastante irregular na Série C do Brasileiro. Ganha quando tudo indica que vai perder e perde quando tudo sugere que vencerá. Na rodada do final de semana empatou em casa com o Tupi de Juiz de Fora de 1 a 1. Na rodada anterior venceu o Caxias fora de casa por 3 a 0.


 


Os 16 pontos dão ao Guaratinguetá certo conforto em relação aos mais ameaçados São Caetano e Guarani, mas fará três dos seis jogos restantes fora de casa. Terá confrontos diretos com o São Caetano e o Guarani, o segundo no Vale do Paraíba. O lanterninha Duque de Caxias, com seis pontos e virtualmente rebaixado, está no caminho de São Caetano, Guarani e Guaratinguetá. Somente o Guarani jogará em casa com os cariocas. Talvez o Duque de Caxias seja o diferencial classificatório. O São Caetano perdeu em casa para os cariocas e volta a enfrentá-los na última rodada.


 


Mandantes mandam


 


A rodada do Grupo B da Série C foi mais generosa com os mandantes. Nas duas rodadas anteriores os times da casa só somaram uma vitória em 10 jogos. Neste final de semana foram quatro vitórias dos mandantes em cinco jogos. Além dos 2 a 0 do São Caetano ante o Caxias, o Juventude venceu o Duque de Caxias também por 2 a 0, o Madureira fez 3 a 0 no líder Mogi Mirim e o Macaé superou o Guarani por 1 a 0. O empate do Guaratinguetá com o Tupi foi o único tropeço dos mandantes.


 


A rodada deste final de semana é uma ameaça ao São Caetano, que jogará domingo com o Mogi Mirim no Interior enquanto o Guarani enfrenta o Juventude em Campinas. O Macaé faz em casa clássico carioca com o Madureira, o Duque de Caxias tenta respirar em casa diante do Guaratinguetá enquanto o Caxias recebe o Tupi.


 


A disputa pelas quatro primeiras colocações no Grupo B envolve sete dos 10 participantes. O Mogi Mirim lidera com 23 pontos, Madureira e Caxias têm 19, Macaé 18, Tupi 18, Juventude 17 e Guaratinguetá 16. Tudo está indefinido para a próxima etapa, quando os quatro primeiros colocados vão disputar mata-matas com os primeiros quatro colocados do Grupo A, que tem Fortaleza, Botafogo da Paraíba, Salgueiro e Cuiaba no G-4.


 


A projeção de pontos necessários para fugir do rebaixamento no Grupo B da Série C do Brasileiro apontou novo viés de baixa com a derrota do Guarani. A margem de risco que já chegou a 26 pontos foi reduzida a 20. A conta é simples: o São Caetano é o primeiro fora da zona de rebaixamento com 19 pontos em 36 disputados, o que dá 33,33% de aproveitamento. Isso significa 19 pontos ao final de 18 rodadas. Quem chegar a 20 pontos alcançaria 35% de produtividade. Faltariam, então, oito pontos para o São Caetano continuar na Série C. O melhor é dar elasticidade à margem. O Guarani pode aumentar o índice de produtividade.


 


Vitória com merecimento


 


A vitória de 2 a 0 diante do Caxias domingo no Estádio Anacleto Campanella foi a consequência de um time que manteve o controle tático durante todo o tempo. O São Caetano não precisou jogar partida exuberante para enquadrar o gaúcho Caxias à condição de visitante pouco indigesto. Bastou marcar forte no meio de campo, tomar a iniciativa de ataque, explorar a velocidade do atacante Robson Fernandes, recorrer ao experiente Marcelo Soares no segundo tempo, e, principalmente, sustentar os nervos longe da intranquilidade que a zona de rebaixamento induz.


 


Esley e Helton Luiz cumpriram suspensão automática e deram ao meio de campo do São Caetano a estabilidade perdida no empate da rodada anterior em casa diante do Macaé. Com Moradei cada vez mais ajustado à marcação e posicionamento e Ramalho sempre preciso nos passes, o São Caetano contou com um meio de campo mais marcador que construtivo. Os laterais Ângelo e Renato Peixe tinham liberdade para atacar enquanto os jovens Robson Fernandes e Alison se movimentavam no ataque.


 


O primeiro tempo poderia ter virado com vantagem do São Caetano. Robson Fernandes teve duas oportunidades, mas a melhor mesmo foi de Alison, após brilhante infiltração de Ramalho: o centroavante demorou a finalizar e quando o fez acabou bloqueado.


 


O erro do centroavante escalado por Paulo Roberto dos Santos lhe custou substituição providencial. O São Caetano voltou com o experiente Marcelo Soares no ataque. Mesmo sem ser centroavante de ofício, Marcelo Soares conhece bem a grande área. Logo aos seis minutos, após cruzamento de Ângelo, Robson Fernandes ganhou do goleiro de cabeça, recolheu o rebote e fuzilou às redes.


 


O Caxias decidiu fazer trocas, passou a ser mais ofensivo, mas não encontrava brecha para superar o sistema defensivo do São Caetano. E se abriu a contragolpes. Tanto que o segundo gol foi resultado de uma infiltração de Marcelo Soares, em diagonal. O atacante foi derrubado pelo goleiro. A tentativa de impedir o gol custou caro: o goleiro foi expulso e como o Caxias já havia feito três mudanças, o lateral-zagueiro Alisson Gaúcho foi improvisado no gol.


 


O pênalti batido por Renato Peixe foi convertido.  Daí em diante o São Caetano só administrou o jogo, sem ambição de ampliar o placar. Poderia tê-lo feito. O saldo de gols é a segunda opção para desempate classificatório. O São Caetano tem três gols negativos, o Guarani quatro negativos e o Guaratinguetá sete positivos. 


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