A rodada do final de semana foi quase perfeita para o São Caetano na Série C do Campeonato Brasileiro: além de vencer o então vice-líder Madureira por 1 a 0 no Estádio Anacleto Campanella, contou com o empate de zero a zero entre Juventude e Macaé como resultado que, finalmente, coloca as duas equipes na lista de ameaçados de rebaixamento. A rodada só não foi a ideal porque o Guarani arrancou empate de zero a zero em Barueri diante do mandante Guaratinguetá. Um ponto separa o São Caetano, penúltimo colocado, do Guarani, no limite da zona de rebaixamento. Já o Juventude tem três pontos à frente do São Caetano e o Macaé quatro. O Duque de Caxias está virtualmente na Série D da próxima temporada.
A situação ainda é crítica para o São Caetano. Paga-se o preço de ter perdido sequencialmente cinco partidas no início da competição, antes da chegada do técnico Paulo Roberto dos Santos. Faltam quatro rodadas para o encerramento da fase classificatória que rebaixa os dois últimos colocados. O Guarani de Campinas joga três vezes em casa. Juventude e Macaé jogam duas vezes. A tabela é um estorno para o São Caetano, que faz apenas um jogo em casa. Mas pode ser aliada se o técnico Paulo Roberto dos Santos acertar os contra-ataques, tarefa à qual se dedicará na preparação da equipe que joga duas vezes sequenciais como visitante. Depois de enfrentar o Juventude, terá o Tupi.
Talvez 22 pontos não caracterizem a linha de corte para evitar rebaixamento. Os 16 pontos alcançados pelo Guarani até agora sugerem matematicamente que 22 pontos seriam a marca a separar aliviados de desesperados. Entretanto, é possível aumento no índice de produtividade mínimo para fugir da queda. A tabela favorece o time de Campinas. Isso quer dizer que vencer o jogo que resta em casa contra o Guaratinguetá e somar outros quatro pontos fora de casa ante Juventude, Tupi e Duque de Caxias provavelmente não sejam suficientes para o São Caetano escapar da degola.
Batalha decisiva?
O jogo que deverá determinar o futuro do São Caetano será disputado na próxima segunda-feira em Caxias do Sul contra o Juventude. Adversário direto na luta contra o rebaixamento, o time gaúcho se distanciaria seis pontos do São Caetano em caso de vitória. Uma diferença fatal porque restariam apenas três rodadas para o encerramento da fase classificatória. Como o Guarani joga em casa com o lanterninha Duque de Caxias, tudo indica que fará novos três pontos. Restaria torcer pelo Guaratinguetá contra o Macaé no Rio de Janeiro. O Macaé tem 19 pontos contra 20 do Guaratinguetá. Empatar com o Juventude será um bom resultado. Vencer é o ideal. O São Caetano deixaria a zona de rebaixamento para o time gaúcho, já que empataria em pontos e ultrapassaria o rival no primeiro critério de desempate – somaria cinco vitórias contra quatro.
O Grupo B da Série C do Campeonato Brasileiro é tão equilibrado que, ao restarem apenas quatro rodadas para o final, há equipes que ao mesmo tempo em que concorrem a uma das quatro vagas à fase de mata-mata podem entrar na lista de rebaixáveis. Caso mais emblemático é o do Guaratinguetá, quarta colocada com 20 pontos. Basta perder na próxima rodada e o São Caetano vencer o Juventude para que a diferença que os separariam não passaria de dois pontos.
Situação aparentemente mais confortável mesmo é a do líder Mogi Mirim, com 26 pontos, e do Tupi, com 24 pontos. Até a rodada do final de semana o time mineiro estava cinco pontos distante do Mogi Mirim. Uma goleada inesperada de 5 a 0 no jogo disputado entre as duas equipes em Juiz de Fora tornou a disputa pela liderança mais acirrada. No outro jogo da rodada o Duque de Caxias empatou em casa com o Caxias do Rio Grande do Sul por 1 a 1. O time carioca vencia até os 46 minutos do segundo tempo.
Força defensiva
A vitória do São Caetano ante o Madureira do Rio de Janeiro por 1 a 0 no Estádio Anacleto Campanella se deve a algumas virtudes que não podem faltar nos jogos finais. O time de Paulo Roberto dos Santos continua monolítico na defesa, principalmente no fechamento de espaços frontais e laterais com bola em movimento. Além disso, dedica-se a valer em cada metro quadrado de gramado porque é obediente taticamente e não desiste jamais de qualquer jogada.
Foi jogando com cuidados defensivos explícitos que o São Caetano suportou a pressão do Madureira no segundo tempo quando, aos 23 minutos do segundo tempo, o zagueiro João Paulo foi expulso por abusar da violência. O Madureira repetiu durante todo o jogo uma característica da qual tem retirado o sustento de uma classificação de destaque entre os quatro primeiros: as bolas alcançadas na área tanto em cruzamentos laterais com bola em movimento como nas cobranças de faltas e escanteios.
Desta vez a manobra não deu resultado. Exceto em duas cabeçadas ameaçadoras, o Madureira encontrou um São Caetano bem posicionado nas bolas paradas. E sofreu os efeitos do feitiço que se voltou contra o feiticeiro: o gol do São Caetano foi marcado anos 19 minutos do primeiro tempo quando o zagueiro Sandoval, na pequena área, desviou cruzamento de Helton Luiz em cobrança de falta à esquerda do ataque, rente à lateral.
Feitiço contra feiticeiro
O Madureira estava mais bem posicionado quando sofreu o gol. Daí em diante, até o final do primeiro tempo, e também durante uma parte do segundo, até ficar reduzido a 10 jogadores, o São Caetano revelou uma virtude que não se detectou nos jogos anteriores: triangulações pelas extremidades do campo envolvendo lateral, meio campista e atacante. Com dois volantes fixos, Esley e Moradei, e dois meias de articulação e ataque, Cacá e Helton Luiz, o São Caetano ganhou mais equilíbrio entre defesa e ataque. Robson Fernandez e Marcelo Soares jogavam mais adiantados. O Madureira fechava bem os espaços, mas após sofrer o gol teve de se lançar ao ataque.
O São Caetano poderia ter experimentado a eficiência do contragolpe quando o Madureira deixou de vez os cuidados defensivos, com alterações que deram potencialmente mais força ofensiva. Mas a expulsão de João Paulo atrapalhou tudo. O time de Paulo Roberto dos Santos teve de jogar para evitar o empate. Soube fechar os espaços para impedir a penetração com bola dominada, mas as bolas alçadas na área sempre exigiam cuidados. Os sete minutos que o árbitro deu de desconto por conta de exageros do São Caetano só estenderam a preocupação com a manutenção da vitória, mas sem grandes sustos. O São Caetano de Paulo Roberto dos Santos tem uma das melhores defesas do campeonato, mas ainda não aprendeu a fazer gols. Foram somente oito em 14 jogos.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André