Esportes

Agora situação do São Caetano
ficou muito mais dramática

DANIEL LIMA - 16/09/2014

A possibilidade técnica e tática do São Caetano surpreender o Juventude ontem à noite em Caxias do Sul não durou mais que 14 minutos. Resultado: o time da região foi derrotado por 1 a 0 e agora observa a estrada da Série D do Campeonato Brasileiro com maior visibilidade. A expulsão do lateral Renato Peixe, ao enfiar a mão na bola após escanteio, custou ao São Caetano mais que um jogador a menos durante 85% do jogo, mas também o gol da derrota, já que o pênalti foi convertido.


 


A situação do São Caetano na Série C do Brasileiro ganhou cores mais dramáticas ainda. Não é preciso recorrer à matemática ou à aritmética para uma constatação emblemática: a equipe reúne 80% de possibilidades de ser rebaixada, juntando-se ao Duque de Caxias como novo integrante da Série D.


 


Nas três rodadas que faltam o São Caetano certamente precisará dos nove pontos para chegar a 24, marca que não garante permanência na Série C. O Guarani de Campinas, primeira equipe fora da zona de rebaixamento, soma quatro pontos a mais (19) e joga duas vezes em casa nas três rodadas que faltam.  Já o São Caetano joga fora com o vice-líder Tupi, enfrenta o Guaratinguetá no Estádio Anacleto Campanella e encerra participação com o Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.


 


O Guarani é o mais próximo concorrente do São Caetano na classificação. Os quatro pontos são um universo imenso porque restam apenas nove pontos em disputa para cada equipe.


 


A vitória levou o Juventude a 21 pontos. De equipe ameaçada caso fosse derrotada pelo São Caetano, subiu à condição de pleiteante a uma das quatro vagas à fase de mata-mata. Os três pontos deixaram o Juventude em condições semelhantes às do Guaratinguetá, quarto colocado e, portanto, integrante do G-4, o grupo das equipes que vão disputar a nova etapa. Os gaúchos só perdem num dos critérios de desempate – saldo de gols.


 


Gravidade no equilíbrio


 


A situação do São Caetano é mais grave do que a convencional porque há muito equilíbrio no Grupo B da Série C do Brasileiro. A baixa produção do Duque de Caxias, que ganhou apenas sete pontos na competição, elevou a margem de pontos para fugir do rebaixamento. A três rodadas do final, apenas o líder Mogi Mirim e o vice-líder Tupi, com 27 pontos, estão praticamente classificados. As outras duas vagas são disputadas pelas demais equipes, menos São Caetano e Duque de Caxias. Até o Guarani, ameaçado de rebaixamento, pode chegar ao G-4, do qual se distancia apenas dois pontos. Madureira (22), Guaratinguetá (21), Caxias (21), Juventude (21), Macaé (20) e Guarani (19) concorrem às vagas.


 


Ao mesmo tempo, Guarani, Guaratinguetá, Caxias, Juventude e Macaé também estão ameaçados de rebaixamento. Tudo vai depender do São Caetano e de uma combinação de resultados na próxima rodada. Se vencer em Juiz de Fora o São Caetano iria a 18 pontos. Guaratinguetá e Juventude jogam com mando do time do Vale do Paraíba, o Macaé faz clássico carioca com o Duque de Caxias, no campo adversário, o Caxias enfrenta como mandante o Madureira e o Guarani também faz clássico em casa com o Mogi Mirim.


 


Tudo pode acontecer na próxima rodada. Desde um rearranjo que equilibraria a disputa contra o rebaixamento até a queda matemática da equipe da região – desde que perca em Juiz de Fora e que Guarani, Caxias e Macaé vençam, enquanto Guaratinguetá e Juventude empatariam. Seria uma combinação infernal para o time do técnico Paulo Roberto dos Santos. Basta a amargura do jogo de ontem à noite em Caxias do Sul.


 


Um sexto do jogo


 


Tudo que o São Caetano precisava para explorar os contragolpes e tornasse a vida do mandante Juventude problemática ruiu aos 14 minutos do primeiro tempo do jogo de ontem, após a bobagem de Renato Peixe. O gol do Juventude liquidou com as possibilidades do São Caetano por vários motivos.


 


O Juventude jamais se expôs em busca intensa por um segundo gol. Jogou o tempo todo com cuidados defensivos, embora, ao contar com um jogador a mais, tivesse não só o controle, mas também a iniciativa de jogo.


 


O campo molhado foi um dos adversários complementares do São Caetano. Pesado e extenso, o campo do Estádio Alfredo Jaconi tornou-se antídoto a eventuais tentativas de contra-ataques do São Caetano. O time de Paulo Roberto dos Santos não conseguiu impor nem velocidade nem agressividade também porque mal respirava ante a forte marcação.


 


O São Caetano preferiu não se expor demais em busca do empate porque além de um jogador a menos, do campo pesado e da marcação forte do adversário, faltou segurança de que expor-se demais não destruiria de vez o sistema defensivo. Somente nos minutos finais o time da região soltou-se um pouco, mas o adversário foi implacável na redução de espaços. Sem ganhar em casa desde a retomada do campeonato pós-Copa do Mundo, o Juventude tornou-se um mandante indigesto ao visitante São Caetano. O gol no início do jogo e a expulsão de Renato Peixe inverteram a ordem tática do jogo. O time mandante que supostamente teria de se lançar ao ataque a qualquer preço virou um time mandante inteligente, pronto para contragolpear.


 


Porque faltaram intensidade e proximidade ofensivas, o São Caetano praticamente não articulou jogadas que pudessem ser fontes de bolas paradas. Uma única falta, no primeiro tempo, na entrada da área, foi transformada na igualmente única oportunidade da equipe, com chute de Helton Luiz rente a trave.


 


O técnico Paulo Roberto dos Santos fez tudo que era possível para dar ao São Caetano o equilíbrio tático comprometido pela expulsão. A entrada de Nilton como ala procurou dar segurança à defesa e alguma capacidade ofensiva nas saídas de bola, mas o Juventude não deu espaços. O time gaúcho jogou o tempo todo certo de que não deveria proporcionar cruzamentos e penetrações centrais ao adversário. As melhores oportunidades do segundo tempo, em finalizações de fora da área, foram do Juventude. O São Caetano tentou algumas penetrações, mas decididamente não encaixou uma jogada sequer. O time de Paulo Roberto dos Santos lutou o tempo todo e terminou o jogo deixando a certeza de que tudo poderia ser diferente se o gol do Juventude fosse resultado do pós-escanteio, não da expulsão de Renato Peixe. 


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