Esportes

São Caetano depende mais das
próprias forças do que do Guarani

DANIEL LIMA - 26/09/2014

Tenho cá comigo que as probabilidades de o São Caetano safar-se do rebaixamento à Série D do Campeonato Brasileiro nas duas rodadas que restam da fase classificatória dependem mais do próprio São Caetano do que do Guarani, o único concorrente entre os 10 integrantes do Grupo B com o qual divide o drama da queda, já que o Duque de Caxias do Rio já se foi.


 


Cruzando-se os resultados dos quatro jogos que disputará, dois diretos e dois indiretos, o São Caetano precisa ganhar 11 pontos para se manter na Série C. Seis pontos serão de forma direta contra o Guaratinguetá neste domingo no Estádio Anacleto Campanella e no domingo seguinte ante o Duque de Caxias no Rio de Jairo. Os outros cinco pontos que o São Caetano precisa contabilizar são os três que o Guarani disputará contra o Caxias nesta segunda-feira no Sul do País e os três do confronto com o já classificado Tupi, na rodada final.


 


Teoricamente o São Bernardo depende de terceiros, ou seja, do Guarani, para prosseguir na Série C, mas não necessária é bem assim. É muito mais provável que o Guarani não some mais que um ponto nos dois jogos que vai disputar do que o São Caetano ganhar os seis que o desafiam.


 


O primeiro adversário do Guarani, o Caxias, deverá entrar em campo na noite de segunda-feira com o apoio da torcida e de olho na classificação porque dificilmente deixará de estar em condições de chegar entre os quatro primeiros colocados. Hoje o Caxias está em sétimo lugar com 22 pontos. Acima do Caxias está o rival Juventude, também de Caxias, igualmente com 22 pontos e vantagem no saldo de gols, que é zero contra um negativo do Caxias. Também estão à frente do Caxias o Guaratinguetá com 22 pontos, o Macaé com 23 e o Madureira também com 23. Todas essas equipes, inclusive o Guarani, podem chegar à fase seguinte.


 


Não falta estímulo


 


Para o Caxias receber o Guarani com o estimulo de que permanecerá na luta pelo acesso não há nenhum impedimento de resultados de jogos que serão disputados sábado e domingo à tarde. Na pior das hipóteses, qualquer que sejam os resultados nos confrontos entre Madureira versus Juventude, São Caetano versus Guaratinguetá e Mogi Mirim versus Macaé, o Caxias dependerá de suas próprias forças para manter esperança de classificação. O jogo do Macaé, inclusive, será disputado no mesmo horário do jogo do Caxias, segunda-feira.


 


Então, o mínimo que se depreende do jogo do Guarani em Caxias é que não haverá acomodação do time mandante. Muito pelo contrário. E provavelmente nem o Tupi oferecerá vantagens emocionais ao Guarani na última rodada. O time de Juiz de Fora já está classificado, mas há  disputa pelo primeiro lugar na classificação geral da Série C envolvendo os concorrentes dos dois grupos.


 


Trata-se de uma corrida paralela pelo título da competição, que vai além do acesso à Série B da próxima temporada, reservado aos quatro primeiros do mata-mata. O Tupi tem 30 pontos e só perde para o Fortaleza, líder do Grupo A com 31 pontos. A próxima rodada poderá inverter o posicionamento: o Tupi joga como mandante com o rebaixado Duque de Caxias enquanto o Fortaleza visita o Botafogo da Paraíba, que luta por uma das quatro vagas à próxima etapa. Chegar em primeiro lugar entre os 20 concorrentes da fase classificatória significa vantagem de decidir o segundo jogo de cada mata-mata sempre em casa. Inclusive eventual final.


 


Situação menos grave


 


A situação do São Caetano é menos grave em termos de adversários porque enfrenta o Guaratinguetá no Estádio Lauro Gomes e o Duque de Caxias no Rio. O Guaratinguetá luta por uma das quatro vagas, enquanto o time carioca já está inscrito na Série D. Os adversários do São Caetano somaram 29 pontos na competição, enquanto os do Guarani acumularam 52. O grau de dificuldade transpira complicações ao Guarani.


 


Talvez a melhor pergunta que possa ser feita sobre o que esperar de São Caetano e Guarani nas duas rodadas finais é quantos pontos dos 12 que disputarão as duas equipes poderão de fato somar. Até agora na competição foram apenas 35 gols em 14 jogos contra outros adversários e dois jogos que disputaram entre si, com vitórias do São Caetano. O São Caetano tem aproveitamento de 31% dos pontos disputados enquanto o Guarani alcança 41%. A competição é tão equilibrada que o quarto colocado Macaé, integrante do G-4, das equipes que vão disputar a próxima etapa, tem apenas 47% de aproveitamento.


 


Possivelmente o que poderá fazer a diferença seria o desempenho ofensivo. O Guarani marcou 12 gols contra apenas oito do São Caetano, mas a estatística é enganosa. Estão contabilizados no ativo do Guarani os três gols do empate no final de semana com o Mogi Mirim. Até então as duas equipes estavam praticamente empatadas, já que o São Caetano marcou apenas oito gols em 16 jogos – e em nenhum dos quais uma vez sequer três gols. As duas equipes penam para balançar as redes adversárias. Tanto que o São Caetano não marcou um gol sequer em nove dos 16 jogos que disputou. O Guarani não fica muito atrás: foram sete vezes em branco.


 


Poucas emoções


 


Jogo em que está envolvido o São Caetano é certeza de escassez da grande emoção do futebol. Não há equipe entre as 20 que disputam os dois grupos da Série C que tenha tido menos redes balançando que o São Caetano. Entre gols marcados e gols sofridos em 16 partidas, o São Caetano protagonizou apenas 24 ativos e passivos. Foram oito gols a favor e 16 contra. O Juventude empata nos números mas não no desempenho: marcou 12 e sofreu 12. O Guarani também exibe números comprometedores: entre marcados (12) e sofridos (14), os 26 gols são quase o mesmo tanto do São Caetano e do Juventude individualmente.


 


O desempenho do São Caetano no campeonato não enseja perspectiva de sucesso no jogo deste domingo contra o Guaratinguetá. O time do Interior, formado de fato pelo Audax, que disputa a Série A do Campeonato Paulista, é sinônimo de emoção: nos 16 jogos disputados foram 40 gols marcados, 25 a favor e 15 contra. Ou seja: sozinho, o Guaratinguetá marcou mais gols que o São Caetano e o Guarani juntos: 25 contra 20. O Guaratinguetá dirigido pelo técnico Fernando Diniz se distingue das demais equipes do futebol brasileiro pela cópia tática e técnica do Barcelona dos bons tempos, quando a bola passava de pé em pé. É claro que sem a mesma eficiência, sem a mesma intensidade, sem o mesmo glamour.


 


Por isso o jogo deste domingo do São Caetano é um risco enorme. O Guaratinguetá é protagonista de muitas surpresas no campeonato. Ganha fora com a mesma facilidade com que se enrosca em casa, no Vale do Paraíba ou em Barueri. Com o técnico Paulo Roberto dos Santos, velho conhecedor do perfil técnico-tático do Guaratinguetá, o São Caetano empatou de zero a zero no Vale do Paraíba. Resultado consequente de uma partida bastante cuidadosa. O São Caetano não deu espaços nem contragolpes ao adversário.


 


As equipes que permitiram que o Guaratinguetá impusesse o ritmo sempre se deram mal. O time de Wagner Diniz transmite a ideia de que não está nem aí para o jogo, trocando passes, valorizando a posse de bola até que, num descuido do adversário, acha o caminho do gol com facilidade. Como mandante o Guaratinguetá é tão previsível e os adversários tão cuidadosos que só ganhou um dos sete jogos disputados até agora. Como visitante o Guaratinguetá é tão surpreendente que venceu quatro vezes em oito jogos. Só o Fortaleza, líder do Grupo A, conseguiu marca igual. 


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