Esportes

Que tamanhos vão ter os times da
região quando 2015 chegar ao fim?

DANIEL LIMA - 22/12/2014

Escrevi em novembro do ano passado que o São Caetano era um time médio-médio, o Santo André um pequeno-médio e o São Bernardo um pequeno-pequeno na hierarquia do futebol brasileiro. O que mudou nesta temporada é que o São Caetano caiu para a Série D do Campeonato Brasileiro e com isso se tornou um time médio-pequeno. Os demais seguem do mesmo tamanho. Mesmo com o Santo André conquistando a Copa Paulista. O que será que os aguarda ao final da temporada de 2015?


 


Se finalmente chegar à Série D do Campeonato Brasileiro e se na sequência classificar-se à Série C, o São Bernardo não passará de time pequeno-médio. Já se o São Caetano voltar à Série A do Campeonato Paulista e reconquistar uma vaga na Série C do Campeonato Brasileiro retomará a condição de médio-médio. O Santo André pode ganhar uma vaga à Série A do Campeonato Paulista de 2016 que não deixará de ser pequeno-médio, porque estará mais uma vez fora do calendário nacional. Para ser o médio-médio que já foi como campeão da Copa do Brasil e vice-campeão paulista, terá de voltar à Série A de 2015 e, na mesma temporada ganhar uma das quatro vagas de acesso à Série C do Campeonato Brasileiro.  Só desta forma retomará a história.


 


Naquela matéria de novembro do ano passado escrevi no titulo que é longa a jornada para time pequeno virar médio e alcançar rótulo de grande. Nem o São Caetano dos bons tempos, de vice-campeão brasileiro em duas temporadas seguidas, de vice-campeão da Libertadores e de vice e de campeão paulista na Série A alcançou o rótulo de time grande, exceto se a denominação for flexibilizada e permitir que se chame de grande-pequeno. Naqueles tempos o São Caetano era um médio-grande.


 


Grandes são grandes


 


Insisto um ano depois daquele texto em dizer que possivelmente seria heresia organizar um novo recorte de dimensão das equipes e adotar nomenclatura mais variável. Há espaços para apenas sete tamanhos distintos de equipes: grandes, médias-grandes, médias-médias, médias-pequenas, pequenas-grandes, pequenas-médias e pequenas-pequenas. Pela distância que separa pequenas-pequenas das grandes dá para ter ideia do quanto a hierarquia do futebol é processo histórico.


 


Não seriam resultados circunstanciais que definiriam a embocadura de cada uma das agremiações da constelação nacional. No máximo o que se tem entre os médios e os pequenos é um salto entre os três compartimentos que os distinguem. Sujeitos a recuos. Como os casos envolvendo Santo André e São Caetano, por exemplo.


 


Entendia até um ano atrás que os grandes são grandes sempre e os grandes no caso do futebol brasileiro são os quatro times paulistas conhecidos de todos, os quatro cariocas, os dois mineiros e os dois gaúchos. Tenho dúvidas hoje se esse bloco é indevassável, mas seria precipitação arranjar uma nova denominação sem dar tempo ao tempo.


 


Considerar o Vasco que de novo disputou a Série B do Brasileiro e o Botafogo que de novo foi rebaixado equipes grandes-médias seria um exagero porque -- como as demais grandes do futebol brasileiro, com graus diferentes de inserção social -- reúnem capitais só aparentemente intangíveis.


 


Por força de circunstancias, de sazonalidades, assegurar que o Vasco é um grande-médio, distinto portanto dos grandes-grandes, só porque disputou a Série B nesta temporada, seria um crime. Time grande tem poderes enormes de recuperação, têm resiliência, sai das profundezas do inferno com certa facilidade porque o passado de glórias empurra o futuro de restabelecimento de forças.


 


Times médios-grandes, médios-médios e médios-pequenos sofrem para se manterem nas posições alcançadas e esperam anos quando não décadas para se tornarem grandes. Atlético Paranaense e Coritiba são exemplos de médios-grandes que ainda não romperam barreiras para chegar à condição de grandes. Até porque grandes são apenas grandes, não comportam outra denominação. Houvesse uma grade a premiar grandes-médios, os dois times da capital paranaense estariam consolidados.


 


Ranking nacional


 


No Ranking Nacional de Clubes da Confederação Brasileira de Futebol o Atlético Paranaense é o 10º colocado enquanto o Curitiba é o 14º. O Palmeiras é entre os 12 grandes tradicionais o único que está fora da grade, em 13º. Mas isso é circunstancial. Até porque, se for estrutural, história existe para ser atualizada. Em termos regionais, o São Caetano está em 43º lugar no ranking da CBF com 3.106 pontos, o Santo André em 62º com 1.624 pontos e o São Bernardo na 133ª colocação com 325 pontos.


 


Além de títulos ao longo dos anos o que pesa para valer na conceituação definidora de tamanho dos times brasileiros é o engajamento da torcida geradora de receitas e fomentadora de audiência televisiva, vetor que decide boa parte dos valores orçamentários de cada temporada.


 


A Ponte Preta de Campinas é hoje um time médio-grande porque disputará novamente a Série A do Campeonato Brasileiro do ano que vem e mais uma vez integra a Série A do Campeonato Paulista. Provavelmente jamais será um time grande porque não tem massa crítica nacional para tanto. Mas também dificilmente terá a concorrência de grandeza consolidada de qualquer equipe da região porque tem torcida de verdade, que, independente de esquemas especiais, comparece aos jogos. Tudo porque Campinas não fica na penumbra das emissoras abertas de TV como a Província do Grande ABC. 


 


O Guarani, antigo rival da Ponte Preta, é um médio-pequeno porque disputa a Série C do Campeonato Brasileiro e a Série B do Campeonato Paulista. O Ituano foi campeão paulista da Série A do ano passado, não está no circuito nacional da CBF e por isso tem o tamanho de time pequeno-médio por conta de um histórico, por exemplo, bem mais rico que o do São Bernardo, com apenas 10 anos de atividades.


 


Percebe-se portanto que a escala de um time grande para tornar-se médio-grande é muito mais improvável e demorada do que a de um time médio-grande tornar-se grande. Como o futebol está cada vez mais vinculado a negócios, e negócios lembram marketing e marketing lembra influência popular e influência popular lembra audiência televisiva, é quase impossível que nas próximas décadas haja baixa sequer no agrupamento que reúne os 12 grandes clubes brasileiros, bem como uma maré que favoreça a ascensão de algum médio-grande à elite.


 


Neste século nenhuma equipe brasileira esteve tão próxima disso como o São Caetano, considerando-se os resultados dentro de campo. Agora rema desfavoravelmente tanto dentro quanto fora de campo, de baixa densidade popular.


 


Não faltam exemplos em outro extremo, de times populares que não se sustentam dentro de campo com a grandeza dos grandes. Casos específicos dos baianos Vitória e Bahia e mesmo do Atlético Paranaense e do Curitiba, entre os mais cotados, além dos tracionais Sport e Náutico. Esse vácuo entre torcida e time numa sequência de temporadas é fatal à frustração de alcançar o topo da hierarquia do futebol brasileiro.


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