Há exatamente um ano, em nove de janeiro de 2014, escrevi com o cuidado de enxadrista o que esperava do futebol da região naquela temporada. Repito a dose agora. A diferença é que vou ser ainda mais cauteloso. Primeiro porque é cedo para conjecturas que não dependem apenas do circuito fechado dos times locais. Segundo porque ainda estamos muito longe da consumação de pelo menos cinco primeiras rodadas de cada competição, marca que costuma dar certa segurança de análise mas nem por isso enseja frases peremptórias. A novidade nesta temporada é que temos um quarto representante da região no pelotão de frente do futebol paulista, o Água Santa de Diadema, equipe sobre a qual se fala tanta coisa nos bastidores mas não se afirma absolutamente nada oficialmente na mídia. O que seria de fato o Água Santa, também chamado de Netuno, mas que bem poderia ser Água Benta, tanto sucesso vem alcançando?
O São Bernardo é o único representante da região na Série A do Campeonato Paulista. Será sua terceira temporada na competição nos últimos quatro anos. Possivelmente será a mais madura e estável porque é impossível não colecionar experiência com a sequência de participação regada a estabilidade financeira. O time do ano passado quase chegou ao que de fato lhe interessa – uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. A novidade deste ano é que a direção do São Bernardo finalmente caiu na real de que classificar-se entre os dois primeiros do grupo é importante mas muito mais importante é a vaga na Série D.
O técnico é o mesmo do ano passado, Edson Boaro. Ele tem a retaguarda do presidente Luiz Fernando Teixeira, seu aparentado. Não fosse a bobeada tática no ano passado diante do Rio Claro num empate-derrota no Estádio Primeiro de Maio o São Bernardo teria se classificado duplamente, como segundo do grupo e como disputante da Série D do Brasileiro.
Mas no conjunto da obra Edson Boaro tem saldo positivo. O time que dirige costuma soltar os laterais, prender os volantes, penetrar em diagonal, combater fortemente no meio de campo e surpreender o adversário com a penetração de um dos meias. Um feijão com arroz bem administrado mas também rapidamente assimilado pelos adversários. Como no ano passado. Alguns reforços foram anunciados, outros titulares já jogaram no ano passado e é possível que mais alguns jogadores cheguem, embora a expectativa tenha sido maior em declarações do presidente até recentemente.
Até parece que algum inconveniente financeiro abortou planos mais ousados. Teria o presidente exagerado nos gastos para se eleger deputado estadual ou as fontes de financiamento do clube entraram em colapso? De qualquer maneira, o time é aparentemente forte e nunca na breve história esteve teoricamente tão apetrechado a alcançar o calendário nacional.
Trio da Série B
Santo André, São Caetano e Água Santa vão disputar a Série B do Paulista. Correm atrás de uma das quatro vagas que darão direito à Série A do ano que vem. Santo André e São Caetano passaram por reformulações mais agudas em relação ao ano passado. O Ramalhão vem embalado emocionalmente pela conquista da Copa Paulista. A efetivação do técnico Ivan Izzo, auxiliar na temporada anterior, conta com o respaldo de uma comissão técnica sempre atenta. O Santo André costuma retirar leite de pedra. É o time de conquistas improváveis.
O São Caetano do técnico Luiz Carlos Martins, contratado há três meses para montar um time competitivo, provavelmente conhecerá uma temporada sem sustos e decepções. Quem sabe registre um ponto importante de inflexão, retornando à Série A do Campeonato Paulista da temporada seguinte. Além disso, se ficar entre os quatro primeiros da Série D do Brasileiro, evitaria o deslocamento do circuito nacional depois de uma década e meia de constante presença.
Pretendo assistir a um jogo por rodada da Série B do Campeonato Paulista e a todos os jogos do São Bernardo. Estarei presencialmente nos jogos de São Caetano, Santo André e eventualmente do Água Santa. Os jogos do São Bernardo serão gravados. Não tenho razão alguma para repetir a experiência de ir ao Estádio Primeiro de Maio e observar aquela politicagem a infestar as tribunas de imprensa. Vou torcer muito pelo Santo André e pelo São Caetano.
Vou ver os jogos do São Bernardo sem emoção alguma porque não engulo o partidarismo e o politiquismo descarados que o tornam ramal da Prefeitura comanda por Luiz Marinho e um tapa na cara dos esportistas da cidade que gostariam de torcer por um time de futebol sem embalagens doutrinárias.
Previsões cautelosas
O Água Santa não me quer dizer nada, exceto o fato de que estou encafifado com o que ouço de gente que treme de medo quando peço para se manifestar oficialmente sobre a agremiação. Acho que dessa água não beberei jamais, mas que o time vem numa sucessão de conquistas que o levaram à boca do acesso ao principal campeonato estadual do Pais, isso não se pode negar.
Talvez após as cinco primeiras rodadas dos dois campeonatos eu resolva traçar uma projeção sobre o futuro das quatro equipes da região. Mesmo assim, admito, o faria com todo o cuidado porque cinco rodadas muitas vezes não querem dizer nada, embora também possam indicar tudo.
Vejam o caso do São Bernardo na Série A do ano passado: saiu em disparada, após preparação longa e bem azeitada, mas foi perdendo força e encantamento a cada novo adversário, até se ver alijado da Série D. Já o Santo André e o São Caetano não oscilaram: o Azulão começou mal e quase caiu para a Série C Paulista, enquanto o Ramalhão começou bem e quase comemorou o acesso.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André