O São Bernardo venceu o Penapolense ontem à noite no Interior e precisa derrotar o Santos sábado à noite no Estádio Primeiro de Maio para repetir em pontos ganhos a campanha das primeiras cinco rodadas da Série A do Campeonato Paulista do ano passado. A meta não é apenas retórica, porque direcionaria de forma sustentável o sonho de ficar com uma das duas vagas que darão direito a disputar a Série D no segundo semestre deste ano.
A vitória de 1 a 0 contra o Penapolense foi importantíssima porque afastou um concorrente direto na luta pela Série D. E também porque foi o melhor dos quatro jogos do São Bernardo na competição. Mas o time não está pronto e acabado. Longe disso. O São Bernardo do ano passado estava melhor, mas não soube sustentar evolução ao longo da competição.
O São Bernardo deve a vitória principalmente ao técnico Edson Boaro. Ele teve humildade de, no segundo tempo, entender que o time estava indo para o buraco quando o adversário voltou com mudanças que o tornaram mais ofensivo e agudo. Edson Boaro retirou o meia-articulador Cañete e o centroavante Lucio Flávio antes dos 15 minutos do segundo tempo, substituindo-os por jogadores mais defensivos. Boaro evitou que o domínio do adversário naquele período persistisse e fosse traduzido em gols. Como quase ocorreu em quatro oportunidades criadas seguidamente. Com as mudanças o São Bernardo se defendeu como time pequeno e contragolpeou com perigo, sempre contando com o atacante Wanger livre de marcação. Tanto que a equipe perdeu dois gols imperdíveis e, nos últimos 15 minutos, manteve o adversário longe de sua área.
Demorou um pouco
É preciso ter personalidade para, vantagem de 1 a 0 no placar, substituir aquele que é considerado o cérebro da equipe e também o centroavante que cavou o pênalti por mesmo batido aos 43 minutos do primeiro tempo. Talvez Edson Boaro tivesse errado apenas na demora. Cañete e Lúcio Flávio estão completamente fora de ritmo e sem o mesmo grau de preparação física da maioria dos companheiros. O argentino emprestado pelo São Paulo jogou bem apenas 20 minutos. Levou o restante do tempo na experiência, mas sacrificou o conjunto porque não participava da recomposição defensiva nem se movimentava ofensivamente. Lúcio Flávio deixou a marca de goleador ao transformar em pênalti um lance de videocassetada, graças à afoiteza do lateral Arnaldo.
O São Bernardo agradou mais em Penápolis do que nos jogos anteriores porque reforçou a impressão de que o sistema defensivo é um conjunto forte, com laterais e zagueiros de área bem organizados. Falta acertar a proteção à frente da grande área. Daniel Pereira é limitado demais, mas marca com razoável competência. Quando Edson Boaro colocou o volante Carlinhos e o zagueiro Marcio Garcia para fechar ainda mais o setor defensivo, o adversário pouco preparado a abrir espaços sucumbiu de vez.
O melhor e mais regular da equipe continua a ser Marino, volante que desta vez se soltou mais ao campo de ataque com o voluntarismo de sempre. Também é preciso acertar o sistema ofensivo. Lúcio Flávio é o quarto centroavante utilizado. Parece ter mais personalidade que os demais. Magal é utilíssimo na organização defensiva e nos contragolpes. Wanger jogou pela primeira vez o tempo todo, dá certa eficiência aos contra-ataques, mas precisa melhorar nas conclusões.
Time indefinido
Talvez o maior desafio com que terá de se envolver o técnico Edson Boaro está no aproveitamento do elenco de que dispõe. Há vários jogadores contundidos e fora de forma física. Só cinco jogadores parecem titulares praticamente definitivos, casos dos zagueiros Rafael Cruz, Diego Jussani, Luciano Castan e Vicente, além do meia Magal. As demais funções já tiveram pelo menos dois titulares, além dos quatro que vestiram a camisa nove. O jovem goleiro Luiz Daniel foi substituído pelo mais experiente Daniel no jogo de ontem. Parece dar mais tranquilidade ao grupo.
O time do ano passado não sofreu tantas mudanças nas primeiras rodadas. Os 10 pontos conquistados nos cinco primeiros jogos de 2014 serão repetidos agora se o São Bernardo vencer o Santos. Uma tarefa complicada. A amostra de Edson Boaro em Penápolis não parece deixar dúvidas sobre o esquema que adotará. O descuido defensivo diante do Capivariano, quando sofreu o gol de empate no último minuto, parece ter deixado uma lição ao treinador do São Bernardo: em caso de vantagem parcial, é melhor reforçar a retaguarda e contragolpear do que encantar o público. Uma adequação da filosofia no caso de jogos contra os grandes seria inevitável. É melhor um empate com cuidados defensivos do que uma derrota com ambições ofensivas demais.
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