Esportes

Uma rodada pedagógica para
o futebol da região no Acesso

DANIEL LIMA - 23/02/2015

A rodada do final de semana da Série B do Campeonato Paulista deve ser avaliada como pedagógica para o São Caetano e o Santo André, além de ter confirmado o bom desempenho do Água Santa, de Diadema, que venceu o Guarani de Campinas na Rua Javari por 1 a 0 e se candidata por enquanto a concorrente a uma das quatro vagas à Série A. O São Caetano empatou em casa com o Novorizontino de 1 a 1 e o Santo André perdeu do Oeste de Itápolis por 2 a 1 no Estádio Bruno Daniel.


 


A lição que o São Caetano deve retirar do empate que custou a liderança do campeonato (a Ferroviária venceu o Paulista de Jundiaí em Araraquara por 1 a 0 e assumiu a ponta com 16 pontos ganhos) é das mais importantes: a constatação de que, apesar da evolução desde que contratou o técnico Luiz Carlos Martins, chamado de Rei do Acesso, ainda tem caminho longo a percorrer. Bastou enfrentar um adversário há mais tempo treinado e organizado taticamente para o São Caetano sentir que o estágio em que se encontra deve ser interpretado como o começo de uma jornada longa. Com a vantagem de que o time dá mostras de solidez. O empate foi o melhor resultado para um jogo disputadíssimo -- um verdadeiro confronto de seis pontos porque envolveu potenciais concorrentes ao Acesso.


 


Já o Santo André que perdeu do Oeste de Itápolis não pode debitar na conta do goleiro Neto, que falhou num dos gols, a responsabilidade pelo fracasso. O time de Ivan Izzo precisa de reforços técnicos e de melhor aparelhamento tático. A chegada de Marcinho Guerreiro e do centroavante Rômulo pode melhorar o rendimento do grupo, excessivamente clássico para os rigores do Acesso.


 


O Santo André repete a fórmula que deu certo no ano passado, de valorização da posse de bola, de leveza nos movimentos, de indução ao adversário de que está gastando o tempo sem se preocupar em atacar. A diferença é que o time do ano passado ganhou mais intensidade durante a competição, marcou com mais juízo e não oscilava tanto durante os jogos, com bons e maus momentos. Além de atacar de forma mais contundente.


 


Sustento classificatório


 


O São Caetano perdeu a liderança para a Ferroviária mas os 13 pontos acumulados em 18 disputados dão sustentação classificatória que pode ser fortalecida sábado à tarde quando volta a jogar no Estádio Anacleto Campanella, agora diante do Monte Azul, de campanha irregular. O jogo com o Novorizontino obrigou o técnico Luiz Carlos Martins a lançar mão do sistema 3-5-2, adotado há três anos pelo adversário. Martins correu para corrigir as falhas de marcação dos primeiros 15 minutos, quando o Novorizontino reagiu ao gol que sofreu aos três minutos lançando-se ao ataque. Quando encaixou a marcação, o São Caetano parou de sofrer sufoco mas não conseguiu controlar taticamente um jogo bem dividido.


 


O empate ao final do jogo, mesmo com o São Caetano desperdiçando um pênalti aos 45 minutos, foi bom resultado para a equipe da região. Não fosse Saulo, no último minuto, ao espalmar a escanteio um chute a queima-roupa, o Novorizontino teria transformado derrota iminente em vitória consagradora.


 


O time do Interior está mais bem acabado taticamente, conta com jogadores fortes fisicamente e exemplares em disciplina tática. Uma réplica por enquanto mais bem azeitada que o São Caetano. O time da região ainda sofre com a defasagem de rendimento físico de alguns jogadores, principalmente do centroavante Diogo Acosta e do meia-atacante Wesley. Sem contar que está desfalcado de Robson, um atacante rápido que oferece saída tática a quem poderia jogar mais tempo na marcação defensiva e explorar os contragolpes. Clebinho tem entrado nos últimos 20 minutos e se dado bem, porque é rápido e insinuante. Tanto que sofreu o pênalti.


 


Pouca combatividade


 


O Santo André continua a impressionar no toque de bola, na evolução e na movimentação dos atacantes e meias, mas finaliza pouco. A jogada mortal do ano passado continua a ser o principal arsenal ofensivo: as inversões de lançamentos para a corrida em profundidade e em diagonal de atacantes e laterais nas extremidades do campo.


 


O principal problema da equipe é a frouxidão na marcação do meio de campo. Deixam-se espaços demais ao controle do adversário. O Oeste jogou de forma pragmática aos atrair o Santo André para projetar-se ao ataque com jogadas de aproximação e velocidade. Nada pior para um Santo André que demora à recomposição defensiva. Ramalho dá sinais de que não vive sua melhor fase e agrava a baixa combatividade à frente dos zagueiros.


 


É provável que ao voltar aos treinamentos nesta segunda-feira, já pensando nos jogos do final de semana, os técnicos de São Caetano e Santo André tenham melhores condições motivacionais de trabalho.


 


O São Caetano poderia ter vencido o Novorizontino e com isso desprezado a realidade de que o nível de complexidade do campeonato é elevado e que uma das quatro vagas não é tarefa fácil de ser atingida, mesmo quando se estava, até então, na liderança.


 


Já o Santo André que joga em Sorocaba com o Atlético não irá longe se continuar a desfilar baixa intensidade durante a maior parte dos 90 minutos. Há 13 rodadas pela frente para correção de deficiências individuais e coletivas. Novorizontino e Oeste foram adversários providenciais. 


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