Esportes

São Bernardo só precisa fazer a
lição de casa para disputar Série D

DANIEL LIMA - 04/03/2015

O potencial classificatório do São Bernardo à Série D do Campeonato Brasileiro é imenso ao restarem oito rodadas para o encerramento da fase de classificação da Série A do Campeonato Paulista. Como se sabe, 12 equipes das 20 que disputam o principal campeonato estadual do País não estão incluídas no calendário da Confederação Brasileira de Futebol. E há duas vagas para chegar à competição. Os dois times do G-12 que obtiverem melhor posicionamento na Série A Paulista vão ter o segundo semestre de atividade em âmbito nacional.


 


O São Bernardo só não chega lá se errar demais nas próximas rodadas. Se fizer o dever de casa, ou seja, ganhar os jogos contra adversários diretos por uma das vagas, poderá comemorar a classificação. Red Bull, Penapolense e Ituano são os principais adversários nessa corrida por calendário mais amplo. Quem frustrar menos as expectativas terá a Série D à disposição.


 


As contas que preparei para provar que o São Bernardo está muito longe da frustração já decantada na disputa por uma vaga na Série D do Brasileiro são simples e levam em conta conceitos praticamente irrefutáveis. Que conceitos são esses?


 


Primeiro: os três pontos disputados em jogos no Estádio Primeiro de Maio contra adversários do mesmo espectro técnico, ou seja, integrantes do G-12, são obrigação a ser transformada em realização. Já fora de casa, os três pontos contra equipes do mesmo nível são consideradas perdas antecipadas.


 


Segundo: diante dos chamados quatro grandes (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos), não se deve contabilizar ponto algum em jogo realizado em casa e fora de casa.


 


Terceiro: já contra as equipes do bloco intermediário de forças, que estão no calendário nacional (Ponte Preta, Portuguesa, Mogi Mirim e Bragantino) o recomendável é que se projete um ponto ganho em casa e um ponto ganho fora de casa.


 


Lógica para todos


 


Essa lógica serve para o São Bernardo e para os demais times do G-12. Sem tirar nem por. Definida a metodologia, passa-se em seguida à aplicação de pontos com base nos jogos que restam na Série A Paulista. São oito rodadas até o fechamento da fase classificatória. Ou 24 pontos em disputa. É aí que o São Bernardo vira um dos fortes favoritos à Série D do Brasileiro. Afinal, disputará quatro jogos em casa contra adversários do G-12 (ou 12 pontos ganhos em potencial), um fora de casa contra integrante do agrupamento, enfrentará um grande em casa e outro grande fora de casa, além de uma força intermediária fora de casa. O potencial de pontos a acrescentar aos atuais é de 13. Somando-se ao estoque de sete atuais, chega-se a 20. 


 


Os quatro jogos que fará em casa contra adversários do G-12 tornam o São Bernardo uma das duas únicas equipes a contar com o suporte da tabela de jogos, juntamente com o Penapolense, que tem dois pontos a menos na classificação geral, ou seja, cinco. O mesmo Penapolense que ameaça mais de perto a classificação do São Bernardo à Série D, porque poderá chegar a 19 pontos. A diferença de compromissos que restam às duas equipes é que o Penapolense disputa fora de casa dois jogos contra forças intermediárias contra apenas um confronto do São Bernardo. Entretanto, quando o enfrentamento for com os grandes, o Penapolense só terá um jogo (fora de casa), enquanto o São Bernardo terá dois (dentro e fora de casa). A tabela é levemente melhor para o Penapolense.


 


Outro time que concorre mais de perto com o São Bernardo é o Ituano. A equipe do Interior chegaria a 21 pontos ao final da fase classificatória (um a mais que o São Bernardo) porque aos 10 atuais somaria outros nove dos três jogos que disputará em casa contra equipes do G-12, além de um em casa e um fora de casa contra equipes de força intermediária. Além desses jogos, o Ituano enfrentará dois integrantes do G-12 fora de casa e dois grandes também fora de casa. A tabela é menos generosa com o Ituano quando se confrontam os jogos que lhe restam com os que aguardam São Bernardo e Penapolense.


 


Já o Red Bull tem potencial mínimo para chegar a 18 pontos, porque aos oito atuais somaria outros nove de três jogos como mandante ante integrantes do G-12 e um fora de casa contra um time de força intermediária. Os dois jogos fora de casa contra equipes do mesmo nível, ou seja, do G-12, e os dois contra grandes, um em casa e outro fora, não projetam pontuação alguma.


 


Fora essas quatro equipes, dificilmente qualquer uma das demais do G-12 chegaria ao final da fase classificatória com possibilidades de alcançar a Série D do Brasileiro. O Audax chegaria a 15 pontos, o São Bento a 12, o Rio Claro a 15, o XV de Piracicaba a 11, o Capivariano a 14, o Linense a 14, o Marília a nove e o Botafogo a 16.


 


E as surpresas?


 


É claro que tudo isso não passa de conjectura que despreza surpresas do futebol. Atribuir favoritismo em confrontos entre equipes do mesmo potencial técnico e tático somente por conta do mando de jogo não pode se converter em dogma, mas também não está fora de lugar. Quando os times do G-12 da Série A do Paulista se enfrentam tudo pode acontecer. A vitória do mandante é mais uma sugestão de probabilidade, não sentença final.


 


A ideia inoculada com essa perspectiva é que os leitores tenham a oportunidade de compreender a vantagem teórica que as equipes do G-12 usufruiriam por jogar mais vezes em casa do que fora de casa contra equipes assemelhadas. E também de dimensionar as dificuldades de enfrentar grandes equipes igualmente em casa e fora de casa.  Sem contar os transtornos menores em relação aos jogos contra os grandes mas maiores do que contra os demais pequenos ao enfrentarem equipes como Ponte Preta, Portuguesa, Bragantino e Mogi Mirim.


 


Para desqualificar a possibilidade de que acabei de construir um arremedo metodológico, quem ousaria dizer que o São Bernardo não é favorito à conquista dos três pontos neste sábado no Estádio Primeiro de Maio diante do São Bento de Sorocaba e que o Penapolense não tem mais que a possibilidade de ganhar um ponto na Capital diante da Portuguesa, entre as muitas partidas marcadas para este final de semana e nas rodadas complementares?


 


Ciência exata


 


O mais importante é que não se atribua à fórmula sugeridacompromisso com resultados em campo, porque se assim o fosse futebol seria uma ciência exata e perderia toda a graça.


 


O que propomos com essa numerologia é o repasse de um conceito de potencial de pontos que anteciparia uma tendência que dependerá de cada 90 minutos dos jogos para se confirmar senão na plenitude dos resultados individuais, mas no somatório de todos os confrontos.


 


Atribuir derrota certa nos jogos que os times do G-12 disputarão fora de casa em confrontos diretos e projetar um ponto ganho em casa e um ponto fora contra forças intermediárias não é necessariamente um equívoco. A tendência de confrontos diretos entre equipes do G-12 é que tanto a classificação à Série D do Brasileiro quanto a fuga do rebaixamento elevarão a temperatura de hostilidade aos visitantes e tornarão os jogos muito mais tensos do que contra Portuguesa, Ponte, Mogi Mirim e Bragantino. Já os jogos contra os grandes teoricamente não renderiam ponto a cada um do G-12 porque a disparidade de forças em relação a Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, como provam os jogos já realizados na temporada, se tornou um convite à certeza de que os três pontos estão previamente contabilizados no estoque de possibilidades. 


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