Esportes

Uma derrota que pode ser didática
ao São Caetano rumo ao acesso

DANIEL LIMA - 12/03/2015

Parece ruim, tem todos os contornos de ruim, pode até se confirmar no futuro como ruim, mas a derrota do São Caetano em casa ontem à tarde contra o Mirassol por 1 a 0 pode ter sido providencial e didática e por isso não deve ser esquecida. É uma lição em boa hora. Invicto até então nas oito rodadas e na vice-liderança com certa folga na Série B do Campeonato Paulista, o São Caetano negligenciou a dureza do prélio e se deu mal. O Mirassol dispensou a posse de bola, indicador nem sempre adequado à análise de um resultado, e foi objetivo. Ou seja: ganhou o jogo com as armas que o adversário geralmente aplica. Nem os dois chutes na trave, com Sandoval e Diogo Acosta, reduzem o merecimento do Mirassol. O resultado poderia ser mais elástico.


 


O time do Interior perdeu na rodada anterior em casa para a Ferroviária porque acreditou que com posse de bola teria meio caminho andado à vitória. Aprendeu a lição. Decidiu usar o contraveneno que o time de Araraquara lhe impôs. Deixou o São Caetano com a bola, invariavelmente sem profundidade, sem penetrações, sem infiltrações, e, aproveitando-se do mau posicionamento defensivo do mandante, impôs contragolpes em cima de contragolpes.


 


Mas o que deixou atordoado o São Caetano durante todo o jogo foi o sistema utilizado pelo Mirassol, o mesmo 3-5-2 com variação ao 3-6-1 que o Novorizontino aplicou recentemente no Estádio Anacleto Campanella, ao arrancar empate de 1 a 1. Se no jogo anterior o São Caetano arrumou-se com rápida substituição do 4-2-3-1 pelo 3-5-2 do Novorizontino, o que reduziu em parte o tremor produtivo, deste feita o técnico Luiz Carlos Martins optou por seguir padrão adotado no campeonato. O Mirassol saia com rapidez em contra-ataques e apanhava um São Caetano descuidado na compactação defensiva. Sobravam espaços entre zagueiros e meio de campo. As extremidades eram pontos de convergência de lançamentos em diagonal. Cada contragolpe era uma farra do boi.


 


Gol esperado


 


O gol do time visitante poderia ter saído logo aos três minutos num chute cruzado de fora da área que raspou a trave. Outras jogadas igualmente insinuantes, sempre às costas dos zagueiros de área, se perderam na conclusão. Até que uma linha de passe em contragolpe fatal, aos 23 minutos, foi traduzida em vantagem no placar pelo Mirassol.


 


Além da forte marcação defensiva, concentrando o máximo de jogadores e deixando invariavelmente apenas um ou dois atacantes com liberdade aos contragolpes, o Mirassol empenhou-se muito mais fisicamente. O São Caetano transmitiu a sensação de que, embaralhado ante a competência do adversário, mergulhou em estado catatônico. Faltava sintonia entre os setores. O último invicto do campeonato vivia de individualidades. As mudanças que o técnico Luiz Carlos Martins fez no segundo tempo não alteraram o enredo doe domínio dos visitantes. A pequena mas fiel torcida do Azulão sentiu o golpe. Pela primeira vez no campeonato irritou-se com o time. Um sentimento de quem preconizava dificuldades insuperáveis.


 


Pode parecer estranho, mas perder em casa para o Mirassol, cair para o terceiro lugar na classificação geral e estar sob ameaça de deixar o G-4 na próxima rodada, quando joga em Ribeirão Preto com o Comercial, devem fazer bem ao São Caetano. Se é verdade que a paralisia coletiva de ontem pode ser atribuída principalmente à inferioridade no embate tático, também pesou certa negligência.


 


Dez minutos, apensas


 


Durante não mais que 10 minutos do segundo tempo o São Caetano avançou a defesa, encurtou os espaços, pressionou a saída do adversário e deu a ideia de que poderia pelo menos arrancar o empate. Mas tudo não passou de uma brisa de brios em meio à tempestade de marasmo individual e coletivo. Nada que retire os méritos do Mirassol. Muito pelo contrário. A equipe do Interior jogou com empenho e determinação de quem sabia que precisava recuperar os pontos perdidos em casa no jogo anterior. Que a mensagem seja captada pelo São Caetano no jogo em Ribeirão Preto.


 


Rodada danosa


 


A rodada de ontem da Série B do Campeonato Paulista foi danosa para o futebol da região, representado pelo Santo André e São Caetano, e relativamente satisfatória ao Água Santa. A equipe de Diadema venceu o Catanduvense no Interior por 2 a 1 e segue a apenas um ponto do G-4. Além da derrota do São Caetano para um time que entra para valer na briga pelo acesso, o Santo André empatou de 2 a 2 com um Monte Azul que corre para não ser rebaixado. A vitória do Oeste de Itápolis por 1 a 0 em Sorocaba contra o Atlético, do Novorizontino em casa por 1 a 0 diante do Matonense, do União de Santa Bárbara em casa por 2 a 1 contra o Guaratinguetá, da Ferroviária em casa por 2 a 1 contra o Rio Branco de Americana e do Guarani contra o Independente fora de casa por 2 a 0 devem ser catalogadas como pontos perdidos às equipes da região. Todos os ganhadores brigam diretamente pela Série A. Só o 2 a 1 do Paulista em casa contra o Comercial, de virada, não entra nessa contabilidade. As duas equipes ocupam posições intermediárias na tabela.


 


Se a rodada de ontem foi ruim para a região, exceto para o Água Santa de Diadema, a deste final de semana não promete menos complicações: além de o São Caetano jogar com o Comercial fora de casa, o Água Santa enfrenta o Mirassol no Interior e o Santo André pega o Rio Branco no Estádio Bruno Daniel. As duas equipes só respirarão acesso se o encontro tiver um vencedor.


 


Das quatro equipes que ocupam as primeiras posições e que estariam na Série A se a rodada de ontem fosse a última, além do São Caetano também o União Barbarense jogará fora de casa neste final de semana: enfrentará o Guarani em Campinas. O União é o quarto colocado com 18 pontos, dois a mais que o Guarani.  A Ferroviária (22 pontos) deverá manter a liderança sem dificuldade porque enfrentará em casa o Velo de Rio Claro (11 pontos), enquanto o Oeste (vice-líder com 20 pontos) também não deverá passar susto em casa ante o vice-lanterninha Catanduvense (seis pontos).


 


Outro jogo que interessa de perto às equipes da região será disputado domingo: o Novorizontino (17 pontos) joga em Jundiaí com o Paulista (10 pontos). Completam a rodada Guaratinguetá, lanterninha com três pontos) versus Independente de Limeira (15 pontos), Batatais (nove pontos) versus Atlético Sorocaba (oito pontos), além de Matonense, sete pontos e na zona de rebaixamento) versus Monte Azul (sete pontos e na zona de rebaixamento).  


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