Esportes

São Bernardo perde outra vez e
rebaixamento vira ameaça real

DANIEL LIMA - 16/03/2015

Mata-mata nem pensar. Série D do Brasileiro, esqueça. Agora a meta do São Bernardo é permanecer na Série A do Campeonato Paulista. A derrota de um a zero ontem à noite em casa para o também ameaçado Rio Claro não deixa saída para o São Bernardo. Os 15 pontos que restam disputar vão definir o futuro da equipe. Os três próximos serão contra o Palmeiras, na próxima rodada, já sem o técnico Edson Boaro. Ele chegou ao fim da linha, mesmo sob a proteção do presidente Luiz Fernando Teixeira, de quem é aparentado. Boaro errou demais durante a competição. Não definiu o time titular, fez trocas sucessivas, alterou o sistema tático em excesso e por isso não tem o direito de reclamar.


 


No jogo de ontem, mais uma vez o técnico Edson Boaro decidiu escalar um time diferente e como nas vezes anteriores as consequências das mudanças não foram favoráveis. Foi preciso mexer durante o jogo para que o São Bernardo melhorasse, mas também para que piorasse. Quando mais coloca o time no ataque, mais a defesa abre espaços. Quanto mais se defende, mais o ataque se fragiliza. 


 


Apesar de tudo, o empate teria caído bem ontem no Estádio Primeiro de Maio. Mesmo aos trancos e barrancos o São Bernardo pressionou o Rio Claro durante todo o segundo tempo, principalmente após os 20 minutos, quando sofreu um gol em contragolpe. Relativizar o mérito de controlar o jogo é importante. O Rio Claro também é forte concorrente ao rebaixamento. Estaria entre os quatro últimos se perdesse ontem.


 


Mudança fatal


 


O gol que deu a vitória ao Rio Claro explicita o quanto as mudanças individuais afetam o coletivo da equipe. A saída poucos minutos antes de Moradei da frente da zaga, num trabalho incansável ao lado de Dudu, também volante, foi uma decisão que custou caro. Moradei poderia ser mantido. Marino poderia ter substituído a Dudu, menos experiente na função de proteção aos zagueiros. O São Bernardo abrandaria um pouco a marcação que permitia a liberação dos laterais, mas teria um jogador que decifra melhor os espaços do adversário nos contragolpes. Edson Boaro preferiu manter em campo o mais jovem Dudu e quando a bola foi cruzada da linha de fundo, entre dois zagueiros distantes entre si, Nando Carandina, que passou o tempo todo mais marcando que atacando, penetrou livre e, como centroavante, completou às redes. Faltou um volante para acompanhar a infiltração sem bola do jogador do Rio Claro.


 


O São Bernardo martelou até o final do jogo, principalmente com bolas cruzadas pelos laterais Rafael Cruz e Vicente para um miolo apinhado de opções, mas o Rio Claro se virou como pode para evitar o empate. E até um pênalti poderia ter sido marcado ao final do jogo para o São Bernardo, quando um adversário desviou com o braço um rebote do próprio companheiro, mas o árbitro preferiu não usar o rigor convencional da maioria em situação semelhante.


 


É muito pouco provável que sem alguma grande novidade na definição tática da equipe o São Bernardo acene com a possibilidade de escapar da degola. Uma tarefa que caberá ao próximo treinador.  Edson Boaro não encaixou sequer uma alternativa satisfatória durante os 10 jogos em que comandou uma equipe que soma oito pontos, está na zona de rebaixamento e só marcou quatros gols.


 


Situação dramática


 


O treinador do São Bernardo começou o jogo de ontem com dois volantes de características semelhantes, dois meias de ligação sem capacidade de infiltração e dois atacantes acostumados a jogar como centroavantes. Resultado de tudo isso: o São Bernardo não teve mobilidade e intensidade para furar o sistema defensivo do Rio Claro, e na medida em que perdeu a paciência com mudanças que potencializaram o ataque, fragilizou a marcação.  Jean Carlos (com o poder de finalização de média distância) e Vanger (mais dinâmico na movimentação) deram mais poder de fogo ofensivo à equipe ao substituírem Magal e Hernan no intervalo do jogo. Mas a saída de Moradei foi fatal.


 


Antepenúltimo colocado com oito pontos ganhos, à frente apenas do Bragantino (seis pontos) e do Marilia (dois), o São Bernardo tem seis alternativas para fugir do rebaixamento. São as equipes que estão logo acima na classificação. A distância é relativamente curta, mas o futebol que a equipe vem jogando é o grande empecilho. São Bento, Linense e Penapolense têm nove pontos (um acima do São Bernardo), Portuguesa e XV de Piracicaba (10 pontos) e Rio Claro (11). Sem contar a possível reação do Bragantino, o São Bernardo precisa fazer mais pontos que dois dos seis concorrentes à degola. São Bento, Penapolense e Portuguesa disputaram um jogo a menos e podem aumentar a vantagem.


 


Resta saber se um novo técnico será suficiente para reverter uma situação dramática. Ainda mais que o contratado vai ingressar num ambiente em que Edson Boaro estará presente porque, como funcionário do clube, seguirá acompanhando o elenco. Talvez eventuais mudanças essenciais não sejam aplicadas para tentar salvar a temporada do pior dos desenlaces: a volta à Série B. 


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