O Água Santa de Diadema está praticamente classificado à Série A do Campeonato Paulista do ano que vem, juntando-se ao São Bernardo como representante da região. O São Caetano vai seguir na Série B ao lado do Santo André. A principal diferença entre as duas equipes e que explica sem retoques a diferença de destino a uma rodada apenas do encerramento do campeonato está nas estatísticas, que refletem o que acontece em campo.
O Água Santa conta com o melhor sistema ofensivo da competição, com 33 gols, um a mais que a campeã Ferroviária de Araraquara. O São Caetano conta com o melhor sistema defensivo, com 12 gols sofridos, ao lado da Ferroviária. No Brasil pós-Alemanha 7 a 1, os indicadores em geral de que a melhor defesa é o ataque parecem se confirmar. Melhor ainda se é possível unir as duas qualidades, como os alemães. Caso da Ferroviária, segunda colocada nos dois quesitos, equilíbrio garantidor do título de campeã com folga.
A derrota de 2 a 0 do São Caetano ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella contra a Ferroviária não foi o resultado que mais espelhasse o jogo. Entretanto, os três pontos que faltaram ao São Caetano para manter acesa a possibilidade de lutar por uma das quatro vagas foram uma crônica anunciada. Transformar o goleiro adversário no melhor do jogo, no segundo tempo de ontem, paradoxalmente confirmou a maior deficiência coletiva da equipe de Luiz Carlos Martins: o São Caetano jogou o campeonato inteiro mais preocupado em se defender e só foi ao ataque para valer ontem à noite quando tudo parecia irremediavelmente perdido.
Nesse período do jogo o time construiu pelo menos cinco ótimas oportunidades de gols, na tentativa de empatar e virar um placar aberto pela Ferroviária aos 46 minutos do primeiro tempo. No final, o segundo gol, após lance irregular numa rápida cobrança de falta, deu elasticidade a um placar que só se justifica como a tradução de que a Ferroviária mais organizada e planejada não era o adversário com que deveria sonhar o São Caetano para decidir uma vaga na última rodada.
Ousadia tardia
A ousadia que o técnico Luiz Carlos Martins levou adiante no segundo tempo de ontem à noite – tirou um dos volantes de contenção e colocou em campo um segundo atacante de área e, depois, retirou o lateral Bruno Recife para colocar o veloz atacante Clebinho – não se viu durante todo o campeonato. Com um time excessivamente defensivo, com baixo poder de infiltrações laterais e centrais, morosidade na saída de bola, deficiência na ocupação de espaços defensivos e ofensivos, o São Caetano não acompanhou a velocidade de evolução dos principais adversários durante a competição. Tanto que ao final da sétima rodada liderava com 82% de aproveitamento – que caiu para 56,14% após o tropeço de ontem.
A prova provada de que o São Caetano não teve atributos ofensivos para garantir uma das vagas é que ganhou apenas 10 dos 27 pontos que disputou no Anacleto Campanella. É impossível chegar ao acesso com números tão pífios. A Ferroviária disparou na liderança do campeonato porque ganhou os nove jogos que disputou em casa. Um desempenho perfeito. Se o São Caetano fizesse metade dos pontos que disputou em casa entraria na rodada final com amplas possibilidades de subir. Até porque o contragolpe é a principal arma ofensiva fora de casa, onde ganhou 22 dos 27 pontos disputados.
Sem profundidade
O discurso do técnico Luiz Carlos Martins nas últimas semanas indicava uma saída honrosa a uma equipe que não inspirava confiança para chegar entre os primeiros colocados. Martins se disse satisfeito com a campanha ao lembrar que no ano passado, quando dirigia o Mirassol, o São Caetano escapou do rebaixamento na última rodada. Martins chegou ao São Caetano em novembro do ano passado e montou a equipe seguindo receituário técnico e tático próprio. Ele escolheu os reforços e definiu as dispensas.
O grande equívoco na montagem do São Caetano é que faltaram pelo menos dois atacantes de velocidade para jogar pelas laterais do campo. Clebinho e Robson são jovens de futuro, mas não tiveram a confiança do treinador para se tornarem titulares. Preferiu-se escalar Neto e Wesley, mais experientes, mais disciplinados taticamente, mas de baixa agressividade. Raramente eles chutaram a gol durante toda a competição.
Por isso o centroavante Diogo Acosta se tornou a única opção de gol da equipe. Virou artilheiro do campeonato. Fora isso, o São Caetano viveu de bolas paradas que, se entraram nas primeiras rodadas, fracassaram na sequência. Robinho e Cleber jogaram boa parte do segundo tempo de ontem e ajudaram a abrir espaços numa até então defesa monolítica da Ferroviária. Eles são dinâmicos, atrevidos. Servem de referência às próximas jornadas. Como titulares ou como inspiradores à contratação de reforços mais experientes.
Apenas uma vaga
A derrota de ontem à noite do São Caetano classificou automaticamente o Novorizontino à Série A, juntando-se à Ferroviária. O Água Santa, 35 pontos, joga domingo em Rio Claro diante do Velo e só perde a vaga se for derrotado e o Mirassol, 32 pontos, ganhar em casa do União Barbarense por diferença que poderia chegar a 10 gols. Oeste e Independente de Limeira decidem a outra vaga em Itápolis. O Oeste, com 35 pontos, joga pelo empate. O Independente, com 34, depende apenas de suas forças.
A perspectiva de que a última rodada seria dramática na luta pelo acesso à Série A se dissolveu na derrota do São Caetano. Agora três equipes jogam por duas vagas se forem consideradas as possibilidades matemáticas, embora, de fato, apenas Oeste e Independente respirem classificação. O Água Santa comemorou o acesso antes mesmo do aval matemático. Um prêmio a quem procurou o gol em todos os jogos.
A luta contra o rebaixamento envolve Matonense, Comercial, Batatais, Velo Clube, Atlético Sorocaba e Monte Azul. Já caíram Guaratinguetá e Catanduvense. Todas as equipes ameaçadas jogam em casa. Exceto o Matonense, que tem confronto direto com o Atlético, em Sorocaba. Comercial e Matonense ocupam a zona de rebaixamento com 17 pontos, contra 19 de Batatais, Velo e Atlético Sorocaba e 20 do Monte Azul.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André