Até prova em contrário, porque as estatísticas nem sempre saltam de mecanismos de buscas, o São Caetano conseguiu repetir domingo no Estádio Anacleto Campanella um placar registrado pela última vez há quase 12 anos. Os 5 a 0 alcançados contra o Lajeadense pela Série D do Campeonato Brasileiro só têm antecedente em dezembro de 2003, quando, pela Série A do Campeonato Brasileiro, goleou outra equipe gaúcha, o Internacional. O time da região era dirigido por Tite, que fez fama principalmente no Corinthians. Muricy Ramalho comandava o Internacional.
Qualquer paralelo entre os dois jogos não deve ultrapassar mesmo a massa de gols marcados. As situações são completamente diferentes. Em 2003, aquela goleada no Anacleto Campanella significou classificação à Libertadores da América, depois de duas participações anteriores no principal torneio das Américas, quando chegou às oitavas-de-final e à final, derrotado que foi no Pacaembu pelo Olímpia do Paraguai.
Agora o São Caetano iniciou uma disputa decisiva: se não chegar entre os finalistas da Série D do Brasileiro, estará automaticamente rebaixado à Sexta Divisão Nacional. Não existe oficialmente a Sexta Divisão, mas como seria afastado do calendário nacional, que comporta quatro divisões, e só integra a Série B do Campeonato Paulista, a denominação é informalmente admitida. Foi o que aconteceu com o Santo André em recente passado, depois de atingir por uma temporada o topo das competições da CBF.
Melhor esperar
Se aquela goleada contra o Internacional de Porto Alegre confirmou o processo de agigantamento de um São Caetano que saiu das divisões inferiores do futebol paulista, desta feita a goleada contra o Lajeadense requer cuidados como senha à reconquista do espaço perdido nos últimos anos. Os 5 a 0 tanto podem sinalizar novos tempos como também nada mais que uma jornada em que o time de Luiz Carlos Martins envolveu completamente o adversário.
O São Caetano que quase 500 torcedores viram ontem é praticamente o mesmo que disputou a Série B do Campeonato Paulista desta temporada e só não subiu entre os quatro primeiros porque perdeu num dos critérios de desempate, no caso no número de vitórias. O Água Santa de Diadema ganhou a corrida.
Em termos individuais, apenas o meia-armador Daniel Costa e o centroavante Jô, autor de dois gols, não constaram do time-base do técnico Luiz Carlos Martins no Paulista. Mas a arrumação tática é a mesma: 4-2-3-1. Mesmo assim, dos dois volantes, Ferreira tem mais liberdade para avançar.
O destaque individual da goleada contra o Lajeadense foi o centroavante Jô, mas nada que o colocasse muito acima dos demais. A mudança mais perceptível no São Caetano foi o maior grau de mobilidade dos três jogadores que dão sustentação ao centroavante, no caso Daniel Costa, Robson e Neto. Sem contar o lateral Ângelo, sempre pronto para fazer da extrema direita do gramado campo fértil a cruzamentos. E também a penetrações -- como a que o levou a marcar o quinto gol numa jogada da qual participaram vários companheiros. Um gol que pode confirmar nos próximos jogos uma engrenagem coletiva de acelerados contragolpes, contra os quais os gaúchos não impuseram resistência.
Jogo de líderes
Com a vitória diante do Lajeadense o São Caetano somou os primeiros três pontos na competição. No outro jogo da rodada o Volta Redonda voltou com vitória de 5 a 4 sobre o Foz de Iguaçu. O Metropolitano de Santa Catarina folgou na rodada e neste domingo estreia fora de casa contra o Lajeadense, enquanto o São Caetano enfrenta o Volta Redonda fora de casa. As cinco equipes de cada grupo (são oito grupos no total) vão jogar entre si em dois turnos. Classificam-se os dois primeiros para as etapas de mata-mata.
A Série D do Brasileiro é mais complicada do que parece. É uma competição de tiro curto que não perdoa quem tropeça seguidamente em duas ou mais rodadas na fase classificatória e quem comete erros na fase de mata-mata. Nesse ponto o São Caetano transmitiu a sensação de que entrou para valer na competição.
Só será possível assegurar ao final das próximas rodadas que a larga diferença de gols na estreia é fruto de mais virtudes de quem goleou do que de deficiências de quem foi goleado. De qualquer maneira, não custa nada trabalhar o ambiente interno no São Caetano embalado pelo resultado que só outro gaúcho, mais poderoso, sofreu na história do time mais vitorioso da região.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André