O São Caetano voltou a golear na Série D do Campeonato Brasileiro. Enfiou quatro a zero no paranaense Foz do Iguaçu, no Estádio Anacleto Campanella. Os quatro gols se somam aos cinco a zero que obteve 15 dias antes contra o Lajeadense, do Rio Grande do Sul. No meio dos dois jogos sofreu derrota de um a zero diante do Volta Redonda, no Rio de Janeiro. O São Caetano lidera o Grupo A8 com os mesmos seis pontos do Volta Redonda, mas conta com saldo de gols muito maior. O Metropolitano, de Santa Catarina, soma três pontos, depois de vencer como mandante domingo o Volta Redonda por dois a um. O Lajeadense tem três pontos ganhos e folgou na rodada. Depois de todos esses números, o que esperar do São Caetano na competição em que joga tudo para sustentar-se no circuito nacional do futebol brasileiro?
Após três jogos é possível traçar horizonte provisório que teria muita utilidade avaliativa se o São Caetano não acreditar demais nos números de gols marcados e na liderança por critério de desempate. A boa notícia é que o time de Luiz Carlos Martins é favoritíssimo a uma das duas vagas do agrupamento e com isso classificar-se as oitavas de final de uma competição que conta com 40 participantes. A notícia cautelosa é que é preciso melhorar muito para disputar a Série C do ano que vem. Exceto se os demais concorrentes às quatro vagas forem igualmente instáveis.
Previsibilidade versus criatividade
O São Caetano está longe de ser um time homogêneo. Tem qualificações, mas ainda falta arranjo coletivo mais confiável. Há bons valores individuais e um jogo coletivo razoavelmente satisfatório, entre outros motivos porque a quase totalidade dos jogadores que disputou a Série B do Campeonato Paulista foi mantida. Resta saber se essas qualidades serão suficientes para ganhar uma das quatro vagas.
A previsibilidade continua a ser a marca de um São Caetano que só não conquistou uma das quatro vagas na Série B Paulista pelo critério de desempate. Previsibilidade no caso é a ordem tática. O time de Luiz Carlos Martins tem jogadas conhecidas, exaustivamente treinadas.
Mas falta criatividade e uma dose suplementar de compulsão à vitória. Falta imposição, que poderia ser o combustível da criatividade.
Nos raros períodos em que o São Caetano exerceu a condição de mandante e franco favorito no jogo de domingo, pulverizou o adversário. Fez três gols em nove minutos, entre os 30 e os 39 do primeiro tempo. Até então o jogo estava encruado. Com dois volantes pouco móveis, casos de Leandro Carvalho e Esley, o São Caetano dependia demais dos avanços dos laterais e da movimentação dos meias. O adversário não exercia forte marcação porque estava mesmo interessado em atacar. Não a toa sofreu cinco gols e marcou quatro no primeiro jogo, em casa, contra o Volta Redonda.
Falta personalidade tática
Talvez a maior deficiência do São Caetano, matriz da desconfiança de que ainda não estaria preparado para voltar à Série C, seja a reticente personalidade tática. O São Caetano não se impôs domingo nem anteriormente, contra o Lajeadense, como mandante que quer chegar em primeiro lugar no agrupamento. Cede espaço demais à organização do adversário, não reduz os espaços com frequência e não atua com o volume de jogo adequado para prevalecer-se da melhor condição técnica. O jogo de ontem mais uma vez provou que basta apertar o cerco na saída de bola do adversário que tudo pode ser resolvido sem muitas dores de cabeça numa competição que está longe de representar o tamanho da equipe.
Quando o São Caetano aprender a encurtar o jogo com ocupação territorial mais uniforme, sem deixar brechas a contragolpes porque os zagueiros, os meio-campistas e os atacantes parecem proibidos de se aproximarem com frequência, quando isso ocorrer, a mensagem de que estaria próximo de uma das vagas soará mais ajuizada.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André