O São Caetano ganhou à moda Corinthians ontem a quarta partida na Série D do Campeonato Brasileiro. Os três a um no Estádio Anacleto Campanella contra o Metropolitano de Blumenau representam 12 pontos ganhos em 15 disputados. O índice de aproveitamento de 80% coloca o São Caetano em terceiro lugar na classificação geral que conta com 40 equipes. Em primeiro está o Remo de Belém do Pará, que joga nesta noite com o Náutico de Roraima. Em segundo está o CRAC, de Goiás. Remo e CRAC têm 83% de aproveitamento.
Melhor ataque da competição com 15 gols marcados, o São Caetano lidera o Grupo A8 com dois pontos de vantagem sobre o Lajeadense do Rio Grande do Sul, equipe que empatou fora de casa com o Foz do Iguaçu do Paraná de dois a dois. O Volta Redonda está em terceiro lugar com seis pontos, o Foz do Iguaçu em quarto com quatro e o Metropolitano em quinto com três. Neste final de semana o São Caetano vai folgar na rodada. E vai torcer para o Volta Redonda não ser derrotado pelo Lajeadense no Sul do País. Se der Lajeadense, o São Caetano será deslocado à segunda colocação no Grupo A8, considerando-se o critério de pontos ganhos. Já no índice de produtividade, o São Caetano não seria alcançado pelo time do Rio Grande do Sul. No outro jogo do grupo o Metropolitano recebe o Foz do Iguaçu. As duas equipes estão praticamente fora de qualquer perspectiva de classificação à próxima fase.
Os 40 times da Série D estão distribuídos em oito grupos de cinco equipes cada. Os dois primeiros colocados de cada grupo disputam as oitavas de final, em formato de mata-mata. Se o campeonato tivesse se encerrado na rodada de ontem, o São Caetano enfrentaria o Rio Branco do Acre na próxima fase.
Um time pragmático
A vitória de três a um ontem no Anacleto Campanella mostrou um São Caetano em evolução na competição, mas ainda incapaz de empolgar. A equipe dirigida por Luiz Carlos Martins se assemelha ao Corinthians, líder da Série A do Brasileiro: não tem a posse de bola que supostamente credenciaria as melhores equipes, sofre com a pressão adversária e faz dos contragolpes a melhor opção ofensiva. O que poderia parecer ácida crítica também pode ser observado como virtude. O São Caetano não empolga, mas resolve.
Tanto é uma coisa e também outra coisa – não empolga, mas resolve – que no jogo de ontem só obteve o controle cronometrado do jogo em determinados momentos. Mais uma vez a equipe jogou os primeiros 30 minutos em ritmo lento e pouco agressivo e até chegou a ser envolvida pelo adversário. E como nos jogos anteriores no Anacleto Campanella, o São Caetano pegou no breu nos últimos 15 minutos do primeiro tempo, quando anotou dois a zero. O Metropolitano voltou melhor, mais agressivo e dominador no segundo tempo. Tanto que diminuiu o placar. Quando tudo parecia crer que os catarinenses poderiam sonhar com o empate, lá foi o São Caetano num contra-ataque fatal e definiu o resultado. Contra-ataques deliberadamente preparados cada vez que o Metropolitano acreditava que o controle da bola lhe permitiria chegar ao gol do time da casa.
Sucesso explicado
Mesmo ainda distante do futebol sugerido pela classificação e pela enxurrada de gols marcados em casa, o São Caetano reúne qualidades individuais e coletivas que ajudam a explicar o sucesso na competição e também perspectivas de que poderá retornar à Série C do Campeonato Brasileiro. Luiz Carlos Martins deu estrutura defensiva forte à equipe, com marcação em todos os setores do campo. A equipe também não comete bobagens individuais, reagrupa-se espacialmente em situações de desconforto, não produz infrações nas imediações da área que elevem o risco de gols adversários em bolas paradas e, principalmente, conta com um trio ofensivo em estado de graça: Daniel Costa, Jô e Robson destroem sistemas defensivos com técnica, mobilidade, agressividade e finalizações.
Jô é um centroavante inteligente que sabe jogar fora da área como pivô e meia de articulação, Robson é um atacante de boa técnica que se desloca em diagonal e Daniel Costa não deixou o veterano Xuxa no banco de reservas de graça: tem mais mobilidade e enorme capacidade de encontrar espaços. Com esses três atacantes e a subida permanente dos laterais Ângelo e Bruno Recife, o São Caetano conta com arsenal ofensivo que se completa nas jogadas de bolas paradas.
Ou seja: guardadas as devidas proporções e também alguns apetrechos táticos, o São Caetano é um Corinthians de Tite. A diferença é que o Corinthians não tem um centroavante com o perfil de Jô, sobre o qual gira uma engrenagem de ações ofensivas que destroem os nervos e a segurança dos zagueiros adversários. Além disso, o time de Tite joga com apenas um volante fixo, enquanto Luiz Carlos Martins não abre mão de dois, casos de Leandro Carvalho e Esley.
Diferenças e semelhanças à parte, certo mesmo é que o São Caetano caminha rumo à classificação, mas não pode esquecer de que em mata-mata é preciso combinar segurança defensiva e envolvimento ofensivo preferencialmente sem deixar a bola tanto tempo sob o domínio adversário. Mesmo que a bola sob o domínio adversário seja, em muitas situações, o gatilho indispensável ao contragolpe.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André