Esportes

Ah! se a economia
fosse com os pés

DANIEL LIMA - 05/01/2004

A economia do Grande ABC não vai bem das pernas, mas o futebol passou com louvor por 2003. Quem mais festejou foi o Santo André. A equipe do presidente Jairo Livolis começou a temporada conquistando a Taça São Paulo de Futebol Júnior, espécie de Campeonato Brasileiro de adolescentes, e terminou o ano com duplo sucesso: o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro e o título da Copa Estado de São Paulo, passaporte para a Copa do Brasil. O São Caetano chegou em quinto lugar na Série A do Campeonato Brasileiro e, pela terceira vez, assegurou uma vaga na Taça Libertadores da América. Já o Grêmio Mauaense comemorou o título da Série B-1, a quarta divisão paulista, e disputa a Série A-3 desta temporada.

 

O Santo André entra para a história como exemplo de produtividade máxima. Embora seja detentor do maior conjunto social da região, com sede poliesportiva no Parque Jaçatuba e sede campestre onde até recentemente a logomarca no portal de entrada identificava o Clube de Campo do ABC, o futebol do Santo André vive de poucos recursos financeiros. É um esforço permanente para manter o projeto Jovem Santo André, de onde saem novos talentos como o centroavante Fábio Reis, autor de dois dos quatro gols sobre o Ituano na final da Copa Estado de São Paulo. O Santo André perdeu o primeiro jogo em Itu por 1 a 0 e precisava de dois gols de diferença no Estádio Bruno Daniel. Excedeu-se contra um adversário administrado por um empresário do futebol, Oliveira Júnior, detentor de mais de 60 direitos federativos de jogadores, como passou a ser chamado o que antes se definia como atestado liberatório de quem corre atrás da bola.

 

A goleada sobre o Ituano lavou a alma da torcida. Há muito o Santo André enroscava num adversário muito mais estruturado financeiramente. Tanto que o título da Série C do Campeonato Brasileiro ficou com  a equipe do Interior, num quadrangular que reuniu também duas equipes paraibanas, o Campinense e o Botafogo. O Ituano chegou em primeiro mas o Santo André garantiu acesso como vice-campeão com uma heróica vitória na rodada final diante de 35 mil torcedores que lotaram o estádio de Campina Grande. A vitória de virada de 2 a 1, quando o empate era suficiente, significou a ressurreição de um time que três dias antes, no Estádio Bruno Daniel, perdera para o Botafogo por 1 a 0 e aparentemente liquidara suas possibilidades na competição.

 

Exceto o Cruzeiro de Belo Horizonte, campeão da Copa do Brasil, do Campeonato Mineiro e do Campeonato Brasileiro da Série A, não há notícia de time profissional que se tenha dado tão bem em 2003 como o Santo André. Agora as atenções estão voltadas para esta temporada. O Campeonato Paulista da Série A será tão rápido quanto armadilhesco. As equipes foram divididas em dois grupos e haverá rebaixamento ao final de cada etapa. São Caetano e Santo André vão se enfrentar ainda este mês.

 

Empresas ajudam

 

Enquanto o Santo André faz o que pode para arranjar-se financeiramente num momento em que vários dos grandes clubes brasileiros mal conseguem quitar salários de seus profissionais, o Grêmio Mauaense contou com forte retaguarda da Prefeitura petista. O presidente Chico do Judô, político respeitado, arrebanhou auxílios de empresas em forma de revezamento. Os R$ 30 mil mensais do orçamento devem saltar para R$ 100 mil na temporada na Série A-3 de 2004.

 

Já o São Caetano, com apoio de forte esquema empresarial, cumpriu no ano passado uma agradável rotina das temporadas anteriores: colecionou muito mais vitórias que tropeços e atropelou o Internacional de Porto Alegre na última rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. O empate favoreceria o time gaúcho, mas a goleada de 5 a 0 não deixou margem a dúvidas: o chamado Azulão vai ter mais um ano de fôlego suficiente para provar que não tem cabimento a desconfiança de que seria um time temporão, desses que surgem no cenário nacional com a força de um furacão e depois desaparecem. Talvez seja preciso avisar sua torcida, que de tão pequena e pouco fiel parece não acreditar que o Grande ABC conta com representante tão invejável. 



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