Esportes

Quatro caminhos para o São
Caetano ganhar a batalha final

DANIEL LIMA - 13/10/2015

O São Caetano perdeu a primeira batalha das quartas de final para o Botafogo de Ribeirão Preto na noite de domingo no Interior de São Paulo, mas só precisa ganhar a batalha final desta sexta-feira à noite no Estádio Anacleto Campanella para disputar a Série C do Campeonato Brasileiro do ano que vem. Não pode ser descartada a perspectiva de o São Caetano ser rebaixado a uma hipotética Série F do Brasileiro, divisão que só existe na prática, não na oficialidade do calendário nacional.  Ganhar de um a zero é suficiente para quem perdeu fora de casa por 2 a 1, de virada. O acesso não será impossível ao São Caetano. Basta que seja superior nos pontos mais importantes de um confronto típico de mata-mata. E quais são esses vetores?


 


Pela ordem não necessariamente de importância, mas de compreensão, vejam sobre que aspectos a vaga na Série C da próxima temporada vai ser decidida no confronto desta sexta-feira:


 


a) Organização tática


b) Estabilidade emocional


c) Ambiente no estádio


d) Desequilíbrios técnicos


 


Esses são os pontos cardeais que decidem jogos com características emergenciais, casos de mata-matas. Nesse tipo de disputa o conjunto da obra na competição pode ser destruído num simples lance. O São Caetano ganha disparadamente no retrospecto da competição, mas esse acervo virou passado quando se iniciou a fase de mata-mata.


 


Dois tempos distintos


 


O São Caetano terminou o primeiro tempo no Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, com a vantagem de um a zero sobretudo porque dominou todos os núcleos de suporte de uma boa apresentação. Foi melhor que o Botafogo em grande parte do tempo porque exprimiu melhor organização tática, manteve os nervos no lugar, calou o ambiente potencialmente abrasivo do estádio e contou com alguns jogadores que romperam o padrão de similitudes dos demais. No segundo tempo o São Caetano sofreu a virada no placar porque apontou descontrole nos quatro quesitos. Por isso a diferença de apenas um gol, que alimenta a probabilidade de reviravolta, acabou preservada. Uma diferença maior seria desastrosa. 


 


Para superar o Botafogo nesta sexta-feira por placar que o leve à Série C o São Caetano precisa de ajustes. Vejam a perspectiva para os próximos 90 mínimos:


 


a) Organização tática. Não é possível que o padrão do primeiro tempo em Ribeirão Preto tenha sido exceção à regra. A história da equipe na competição mostra que não é. Ou seja: a dinamitização tática do segundo tempo foi um ponto fora da curva de comportamento da equipe. Os desacertos foram permanentes durante todo o período, não algo sazonal prontamente corrigido. Oscilações durante um jogo são perdoáveis quando circunstanciais. Quando estruturais, põem tudo a perder. O São Caetano perdeu posse de bola convenientemente vagarosa do primeiro tempo para retirar o clima de decisão que tanto beneficiaria o adversário. Também perdeu o posicionamento entre os setores. Sobraram espaços à frente dos zagueiros cada vez mais enfiados na grande área e faltaram meias e atacantes no terço final do gramado para incomodar o sistema defensivo adversário. O vazio no meio de campo, que perdeu o contato com a bola, foi estrondoso. A densidade ocupacional do gramado do primeiro tempo se esfarelou no segundo tempo diante da intensidade do jogo do adversário. O São Caetano perdeu o poder de coordenação que encalacrou taticamente o Botafogo no primeiro tempo.


 


b) Estabilidade emocional. Esse foi o ponto central que levou o São Caetano ao desmonte tático. O time do segundo tempo foi contaminado pelo entusiasmo da torcida e pela matriz guerreira de um adversário inferiorizado tecnicamente, mas com apetite especial de quem sabia que aqueles 45 minutos poderiam decidir o fim da estrada antes mesmo do segundo jogo. O São Caetano passou a errar demais nos passes, perdeu a concentração e, principalmente nas jogadas ensaiadas, conhecida especialidade do técnico adversário, Marcelo Vieira. Com isso, permitiu seguidos sustos, além dos dois gols da virada.


 


c) Ambiente no estádio. A torcida do São Caetano, tão arredia nos últimos anos, pode não ser das maiores, mas tem identidade de orgulho da equipe que não pode ser sufocada num momento decisivo como o de sexta-feira. À falta de mídia eletrônica que a lance ao jogo de forma mais numerosa e entusiástica, é indispensável que haja mobilização nas horas que antecedem o confronto e que o ambiente na noite do jogo seja mesmo de entusiasmo. O Botafogo precisa se sentir em campo adversário. A arbitragem, danosa na marcação de uma penalidade máxima inexistente, embora desperdiçada pelo centroavante Nunes, jamais deverá contar com o conforto de campo neutro em lances aparentemente polêmicos. E os jogadores não podem se sentir isolados do público.


 


d) Desequilíbrios técnicos. Num jogo em que cada detalhe pode ser decisivo é inadmissível que dois lances semelhantes de bola parada redundassem em dois gols praticamente iguais, de zagueiros que subiram entre adversários estáticos. Desequilíbrios técnicos negativos e positivos fazem enorme diferença. O Botafogo foi dominado no primeiro tempo e sentiu o peso do centroavante Jô, sempre abridor de espaços e de finalização iminente. No segundo, quando foi melhor, o Botafogo contou com dois zagueiros decisivos nas bolas paradas e um cobrador oficial de faltas e escanteios. Caso de Vitinho que, além de mais dinâmico porque a marcação afrouxou nas imediações da área, soube colocar a bola no lugar exato para o companheiro mais apropriado. O São Caetano vai precisar de jogadores individualmente mais impositivos no segundo jogo do mata-mata. Como o Botafogo teve no primeiro. Isso não significa que a organização tática deva ser minimizada. Ao contrário: se o Botafogo pouco coletivo, mas muito brigador, virou um jogo na base do entusiasmo e de jogadas cirúrgicas, por que o São Caetano mais qualificado individualmente e mais pronto coletivamente não alcançaria o resultado de que precisa se também contar com algumas individualidades em noite de redenção? 


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